Cotidiano

Histórica cidade do litoral quase foi palco de banquete canibal de explorador alemão

A história do Brasil é cercada de muito mistério e passagens icônicas. Isso é intensificado no litoral paulista

Igor de Paiva

Publicado em 12/10/2025 às 08:00

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Em um dos momentos mais assustadores, precisou saltar diante de uma multidão enquanto ouvia: "Nossa refeição está saltando" / Reprodução

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Os livros que narram as vivências do litoral paulista estão cheios de episódios intrigantes, e poucos são tão marcantes quanto o encontro do alemão Hans Staden com a tribo tupinambá, nas matas de Ubatuba, em 1554.

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A história mistura aventura, perigo e choque cultural, oferecendo uma perspectiva única sobre os primeiros contatos entre europeus e indígenas no Brasil.

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Staden chegou ao Brasil em duas ocasiões, ainda nas primeiras décadas após o “descobrimento”. Na primeira viagem, destacou-se em ações militares que ajudaram a conter uma revolta em Pernambuco, recebendo até condecorações por sua atuação. Mas foi em sua segunda expedição que viveu o episódio que o tornaria famoso.

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Tudo começou quando ele embarcou em uma missão espanhola rumo ao Rio da Prata. Após naufrágios e tempestades, Staden acabou em Itanhaém, vindo de São Vicente, onde foi contratado para ajudar a defender o forte de Bertioga, alvo frequente de ataques tupinambás.

Durante uma expedição pela mata, acabou cercado e capturado pelos indígenas.

Em seus relatos, descreve os tupinambás como guerreiros destemidos, nus, armados com lanças e arcos, que mordiam os próprios braços em sinal de ameaça.

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Ele tentou se passar por aliado dos franceses, mas a estratégia não funcionou. Condenado a ser devorado em um ritual de vingança, passou nove meses em cativeiro, vivendo sob a constante ameaça de morte.

Em um dos momentos mais assustadores, precisou saltar diante de uma multidão enquanto ouvia: “Nossa refeição está saltando”.

Anos depois, Staden esclareceu que o canibalismo tupinambá não era motivado pela fome, mas por um ritual simbólico de humilhação e vingança.

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Tentativas de resgate por franceses e espanhóis fracassaram, e somente o avanço de doenças trazidas pelos europeus, junto ao medo de represálias divinas, levou os líderes indígenas a libertá-lo.

No final de outubro daquele ano, Hans Staden embarcou em um navio francês rumo a Paris. De volta à Alemanha, publicou “Duas Viagens ao Brasil”, livro que se tornaria um clássico, oferecendo ao mundo uma narrativa vívida e única do contato entre europeus e indígenas no litoral paulista — vista pelos olhos de quem quase perdeu a própria vida.

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