Jordão foi gravado e o vídeo publicado nas redes sociais ontem / Reprodução
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Um vídeo, que circulou ontem nas redes sociais, protagonizado pelo ex-ouvidor Flávio Jordão – que foi um dos homens de confiança do prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) – aponta possíveis tratativas com representantes de partidos políticos.
Ele cita palavras como ‘chequinho’, ‘carguinho’, nomes de dois presidentes de partido e de uma deputada federal.
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O vídeo, que teve repercussão e se tornou público nas redes sociais, não tem autoria, foi editado (possui cortes) e não identifica o local onde o ouvidor se encontrava no momento da gravação. Tão pouco identificou quem estava reunido com ele.
Referindo-se a Leandro Chaddad (presidente do PTN), Jordão fala: “não, o Chaddad é um cara fácil de acertar, não tem essa maldade entendeu? (Corte). Ele vai fazer esse jogo para tomar um dinheiro na reta final. Vai chegar lá na reta final e vai dizer: ‘Pô, tô com vocês, que dá mais!’. O cara que der mais ele vai pegar. Ele é barato”.
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Investigado
É importante ressaltar que Flávio Chaddad é um dos investigados pelo promotor Eduardo Antônio Taves Romero, em inquérito civil que também envolve o ex-ouvidor Flávio Jordão, além de outras pessoas.
A investigação do Ministério Público (MP) foi publicada com exclusividade pelo Diário do Litoral no dia 8 de agosto último. Na ocasião, a Administração revelou que iria se manifestar assim que fosse notificada.
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Procurado, Chaddad se disse surpreso com as declarações de Jordão. “Nunca tive e não tenho cargo na Prefeitura. Construí o partido praticamente sozinho. Vou pedir explicações pessoais ao Jordão e o caso está agora no Departamento de Investigações Gerais (DIG) da Polícia Civil”, comentou por telefone.
Chaddad alerta que não recebeu qualquer comunicado do MP sobre o inquérito, mas acredita que seja algum problema relacionado ao tempo que prestou serviços no Teatro Coliseu. O outro presidente de partido e a deputada não foram encontrados pela Reportagem.
Prefeitura não responde por Jordão
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Em alguns momentos, o vídeo remonta ao período em que Jordão ainda encontrava-se no cargo de ouvidor. Diante disso, o Diário tentou uma posição da Prefeitura e do ex-ouvidor Flávio Jordão, cujo telefone não foi passado à Reportagem.
A Prefeitura de Santos informou, por sua assessoria de imprensa, que Flávio Jordão entrou de férias em agosto e foi exonerado a partir de 12 de setembro último.
Sobre a questão, solicitou que a Reportagem pedisse informações com a assessoria de imprensa da Campanha de Paulo Alexandre Barbosa.
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Por sua vez, a assessoria do candidato informou, por telefone, que Jordão não estaria trabalhando na campanha e não soube informar onde estaria Jordão. O Diário conseguiu o telefone do ouvidor, mas ele não atendeu as ligações.
Coligação
A Coligação Santos Pra Frente informa que ingressou ontem, por meio dos seus advogados, com representação na Justiça Eleitoral em razão dos os vídeos divulgados em páginas do Facebook e do aplicativo whatsap. Entre os pedidos formulados na representação, está a instauração de inquérito policial federal para apurar os crimes eleitorais praticados por quem produziu, editou e divulgou os vídeos.
Segundo a Coligação, a gravação é uma tentativa grosseira de tentar difamar o candidato e induzir o eleitor em erro, contendo evidentes montagens e edições para tentar induzir fatos que são absolutamente inexistentes. Trata-se obviamente de “campanha suja”, sem nenhum respaldo na realidade.
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Ainda conforme nota, a análise dos vídeos demonstrou que houve também manipulação na transcrição do áudio, montagens, cortes e trucagens e, mesmo assim, as imagens não revelam nenhum tipo de comportamento ilegal.
“Do seu conteúdo, não infere a conclusão que os responsáveis pela sua divulgação talvez quisessem dar aos vídeos. Também foi registrado boletim de ocorrência e aberto inquérito na Delegacia de Investigações Gerais (DIG) para apuração de responsabilidades”.
Além disso, conclui nota, o material, por se tratar de gravação ilícita, não serve como prova de nenhum fato, sendo imprestável em âmbito judicial.
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A Coligação repudia o uso de artifícios de campanha suja com fins nitidamente eleitorais a pouco mais de dez dias das eleições. Informa que já obteve cinco decisões judiciais favoráveis contra páginas de Facebook que postaram fatos inverídicos e difamatórios, além da proibição do uso indevido de imagem do nosso candidato por outra candidatura.
Inquérito aberto no MP
O promotor Eduardo Romero abriu inquérito para apurar possível esquema de desvio de finalidade pelo pagamento de valores via Recibo de Pagamento Autônomo (RPA), com a finalidade de compra de apoio político sem a contraprestação de serviços. Chaddad é um dos investigados, que inclui ainda um morador de Praia Grande. O inquérito pode virar ação judicial.
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Os valores pagos ficam entre R$ 1.500,00 e R$ 2 mil. Romero descobriu possível simulação de contratações na qualidade de funcionários autônomos, em processos aparentemente regulares de empenho, propiciando depósito em conta dos beneficiados. O promotor realizou oitivas de testemunhas e obteve documentos que comprovaram os depósitos ‘irregulares’.
Segundo o promotor, uma testemunha afirmou que foi chamada com a promessa de nomeação e, enquanto ela não se oficializava, pediram seu currículo, que teria sido encaminhado a Flávio Jordão , que lhe pediu documentos pessoais e um número de uma conta com seu nome, “passando a receber mensalmente o pagamento de R$ 1.500,00, em média, por volta de quatro meses”, afirma Romero.
Quebra de sigilo
O promotor alerta que testemunha colocou à disposição do Ministério Público os depósitos, que foram identificados pelo Banco do Brasil, como provenientes da Prefeitura de Santos. Romero relaciona vários pagamentos, em contas identificadas, que chegam a até R$ 8 mil. O representante do MP não descarta, em virtude dos vários depoimentos já prestados e listas de denúncias anônimas como beneficiários dos depósitos, a quebra de sigilo bancário dos envolvidos e alerta que as testemunhas temem por represálias.
Por fim, o promotor Eduardo Romero solicita, entre outros procedimentos, a notificação de todos os investigados e, à municipalidade, a cópia do processo de empenho que resultou a emissão dos cheques. O promotor também pediu envio de cópia do inquérito ao Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO), à Promotoria Criminal e Procuradoria Geral de Justiça.