Cotidiano

GPS de carro da PM que levou Amarildo até UPP da Rocinha estava inoperante

O secretário de Segurança do Estado, José Mariano Beltrame, disse não saber se a inoperância do equipamento foi proposital

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 01/08/2013 às 20:52

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O carro da Polícia Militar (PM) que levou o pedreiro Amarildo Dias de Souza, de 47 anos, à sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da favela da Rocinha (São Conrado, zona sul) em 14 de julho não estava sendo monitorado porque o GPS (Sistema de Posicionamento Global, na sigla em inglês) não funcionava. Amarildo está desaparecido desde então. O secretário de Segurança do Estado, José Mariano Beltrame, disse não saber se a inoperância do equipamento foi proposital.

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"É preciso ver a motivação disso: se foi uma falha técnica, se há um laudo que diga que esses defeitos aconteceram não em decorrência do evento, e sim por outra motivação. Essas coisas estão sendo carreadas para a investigação", afirmou ele.

Para Elizabete Gomes da Silva, o marido está morto. "Podem passar 30 anos sem achar os ossos dele, vamos passar 30 anos procurando. A ficha de todo mundo já caiu. Ele era trabalhador, não ia sair de casa. Foi a UPP que matou o meu marido", disse Bete, que participou na noite desta quinta-feira, 01, de um protesto que fechou a Autoestrada Lagoa-Barra, nas proximidades da Rocinha.

Já Beltrame demonstra não estar convicto da participação policial no desaparecimento. Ele disse que os policiais da UPP suspeitos, até mesmo o comandante, major Edson Santos, só serão afastados se surgirem provas. O secretário também não descartou a possibilidade de refazer uma reconstituição do último trajeto de Amarildo.

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ONG Rio de Paz fez protesto no Cristo Redentor pelo desaparecimento de Amarildo (Foto: Divulgação/Rio de Paz)

"Punir não é problema para nós. Todas as hipóteses serão levantadas. O que não podemos é, em função de especulações ou hipóteses, afastar pessoas. Nós temos que chegar efetivamente a determinadas conclusões que nos digam que as pessoas tenham que ser afastadas. Hoje mesmo, houve uma reunião na Rocinha em que três associações elogiaram o major. Mas isso não quer dizer que lá na frente ele ou qualquer outro servidor não tenham que ser afastados. Mas isso tem que ser feito com critério", disse Beltrame em visita à Divisão de Homicídios, que assumiu as investigações até então a cargo da 15ª Delegacia.

Os quatro PMs que participaram da abordagem a Amarildo foram transferidos da UPP Rocinha para a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), no Complexo do Alemão (zona norte).

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O governador Sérgio Cabral defendeu a polícia. "Somos os primeiros a querer saber onde esta o Amarildo. Numa UPP, os índices caíram barbaramente. Não tem situações como a do Amarildo como tinha no passado. Queremos descobrir onde esta o Amarildo e quem fez o que com o Amarildo. Beltrame esta envolvido pessoalmente. Tenho certeza que a policia vai descobrir onde está Amarildo e eventualmente pegar os responsáveis do que foi feito com ele. Não posso estabelecer prazo, mas você pode estar certo que nos temos todo o compromisso (....) de pegar os responsáveis".

A mancha de sangue encontrada no banco de trás do carro da PM não é de Amarildo. Dois filhos dele cederam amostras de sangue para exame de DNA. O sangue deles não é compatível com o encontrado na viatura da PM, segundo a Polícia Civil.

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