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Cotidiano

Golf Club de São Vicente está perto de dar sua última tacada

Clube passou a pagar R$ 3,7 milhões por ano de IPTU e luta pelo tombamento

Glauco Braga

Publicado em 26/03/2019 às 07:30

Atualizado em 26/03/2019 às 10:01

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O Santos São Vicente Golf Club conta atualmente com 80 sócios / Divulgação

Não está fácil para ninguém. Pelo menos, é o que parece. Local de encontro de dezenas de pessoas da região, o Santos São Vicente Golf Club - que tem nada menos que 104 anos - pode fechar suas portas e dar lugar a um condomínio de alto padrão.

Oficialmente, o assunto está sendo tratado em sigilo, mas até assembleia entre os associados já aconteceu e teria sido aprovada a divisão da área de 276 mil metros quadrados, equivalente a 38,5 campos de futebol, em lotes, que serão comercializados.

O motivo disso é o valor do Imposto Territorial e Urbano que passou a ser cobrado dos clubes de entretenimento em São Vicente. Por ano, essa conta bate em R$ 3,7 milhões. Outro clube que está prestes a ser comercializado é o Jóquei Clube da Cidade.

O Santos São Vicente Golf Club, inclusive, já vendeu uma parte do seu terreno para uma rede de supermercado por atacado. O local possui árvores, várias espécies de aves e nascentes e uma história de mais de 100 anos.

Há quatros anos, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico, Cultural e Turístico de São Vicente (Condephasv) aprovou por unanimidade o tombamento do Golf Club para proteger a área.

Essa atitude implicaria na isenção de impostos. Acontece que, à época, o então prefeito Luís Cláudio Bili não assinou o decreto. O atual mandatário da Cidade, Pedro Gouvea, não assinou também. Outra questão é que dentro da Lei de Responsabilidade Fiscal, a Prefeitura de São Vicente não pode abrir mão dos R$ 3,7 milhões.

O clube não está tombado; uma parte de 12 mil metros quadrados teria sido vendida por R$ 7 milhões e corre sério risco de dar lugar a um condomínio. Perto de R$ 2 milhões serão encaminhados para um empresa para fazer um estudo ambiental para ver o que pode ser comercializado legalmente.

Em contato, o presidente do Santos São Vicente Golf Club, Raul Ferreira da Rosa, disse que era a informação era novidade. "Se teve assembleia, não participei", afirmou.

Jóquei

A Reportagem apurou com um associado do Jóquei Clube que a atual diretoria teria assumido o local já com a intenção de vender.

"Chegaram a cúmulo de proibir a entrada de cavalos no Jóquei. Venderam a máquina que cortava a grana. O destino vai ser o mesmo da Hípica: um mercadão", disse o sócio que pediu para não ter seu nome divulgado.

O associado lembrou que os cavalariços (pessoas que cuidam de animais em cavalaria) foram dispensados.

"O metro quadrado custa R$ 1 mil e a diretoria está vendendo por R$ 500,00".A Reportagem tentou falar com a presidente do Jóquei Clube de São Vicente, a advogada Maria José Devesa. No escritório dela, a informação era que ela estava em reunião de diretoria e que entraria em contato, o que não aconteceu até o fechamento da edição.

Prefeitura

A Prefeitura de São Vicente, por meio da Secretaria da Fazenda (Sefaz), informa que os clubes começaram a ser tributados a partir de 2018. Atualmente, há 18 clubes instalados na Cidade. Para o exercício de 2019, foram lançados em torno de R$ 7 milhões de IPTU para estes clubes.

História

O Santos São Vicente Golf Club é um dos mais antigos na Baixada Santista. Como clube de golfe é o segundo mais antigo do Brasil.

A data de fundação é 2 de outubro de 1915. Ele nasceu dos esforços e idéias da colônia inglesa da época. A quantidade de firmas britânicas poderosas, dominando as atividades de importação e exportação e um largo espectro de demais atividades no Brasil de então, era muito grande.

De algumas delas surgiram os primeiros associados: São Paulo Railway; The City of Santos Improvements Company; Western Telegraf Co; Brazilian Warrant Co; Light & Power Company; Royal Mail Lines; Lamport & Holt Lines; Cunard Lines; F.S. Hampshire & Co; Bank of London & South América Ltd; Pratt House etc.

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