Filha do cantor e ex-ministro Gilberto Gil, Preta foi uma das vozes mais marcantes da música brasileira contemporânea / Reprodução/Instagram
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Gilberto Gil vai processar um padre da Paraíba que debochou de orações pela saúde de Preta Gil após a morte da artista. A informação foi confirmada ao g1 pela advogada do músico baiano na segunda-feira (13). O cantor exige uma indenização de R$ 370 mil por danos morais.
A advogada Layanna Piau disse que ela e o também advogado Fredie Didier Jr, que assina a ação, incluíram mais um documento na petição, e o processo será formalizado nesta terça-feira (14) na Justiça do Rio de Janeiro.
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O alvo da ação judicial é Danilo César, da Paróquia São José, em Areial, cidade no interior da Paraíba. O pároco debochou da morte de Preta Gil após o pai da cantora afirmar ter feito uma oração aos orixás, divindades centrais nas religiões de matriz africana, como Candomblé e Umbanda. Um vídeo com o registro do momento ainda circula nas redes sociais.
"Gilberto Gil fez uma oração aos orixás, cadê o poder desses orixás que não ressuscitaram Preta Gil?", debocha o padre durante uma pregação.A declaração ocorreu durante a homilia de uma missa realizada em 27 de julho deste ano.
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Na mesma ocasião, o religioso afirmou: "Tem gente católico que pede a essas coisas ocultas. Eu só queria que o diabo viesse e levasse. O dia que ele levar e no outro que você já acordar lá, com o calor do inferno, você não sabe o que é que vai fazer".
Gilberto Gil e sua família acusam o padre de intolerância e racismo religioso. O cantor chegou a notificar extrajudicialmente a Diocese de Campina Grande e o padre há cerca de um mês, exigindo retratação pública e formal pelo canal da paróquia, além da apuração e responsabilização eclesiástica do sacerdote.
Na notificação, Gil destacou o "enorme desrespeito" do padre, que, em um momento de luto vivido pela família, maculou a memória e a honra de Preta. Ele também pontuou que a ação do religioso viola o direito à liberdade religiosa, configurando crime previsto no Código Penal.
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Após 15 dias da notificação, sem manifestação pública ou comunicado de retratação, Gil decidiu formalizar o processo. A Diocese de Campina Grande e a Paróquia São José não se pronunciaram até a publicação da reportagem.
Preta Gil sempre destacou a importância da espiritualidade em sua vida, especialmente em Salvador. A cantora morreu em 20 de julho, vítima de complicações de câncer no intestino, em Nova York.
Meses antes, após a primeira cirurgia, Preta celebrou uma breve recuperação com uma missa especial na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Centro Histórico de Salvador, acompanhada de Gilberto Gil, Flora Gil e Regina Casé.
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"Mas eu esperei muito por esse dia de dar um mergulho, estava sonhando no hospital, especificamente esse píer, então chegou o dia de agradecer, dar um mergulho e receber este axé de Iemanjá", disse a cantora, após um mergulho na Baía de Todos-os-Santos, logo após o Carnaval de 2025.
Desde a morte de Preta, a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos realiza missas mensais, no dia 20 de cada mês, em memória da artista. As orações continuarão até o primeiro aniversário de seu falecimento.