Gigante da moda popular supera faturamento da Zara e abre nova filial em SP

A rede de moda popular Torra continua em ritmo acelerado de expansão e crescimento, ultrapassando a gigante internacional Zara em faturamento e inaugurando nesta sexta-feira (28) a sua 90ª loja na movimentada avenida Paulista, em São Paulo.

A varejista de origem familiar, que nasceu no Brás em 1992 e hoje está presente em 17 estados, projeta fechar o ano com vendas de R$ 2,6 bilhões e já deu passos significativos no setor financeiro, obtendo autorização do Banco Central para operar como fintech.

No ano passado, a Torra superou a rival espanhola, registrando R$ 2,297 bilhões em vendas com 86 lojas, enquanto a Zara somou R$ 2,271 bilhões, segundo o ranking Top 300 do Varejo Brasileiro.

A nova unidade de 600 m² na avenida Paulista, resultado de um investimento de R$ 8 milhões, é vista como o "bibelô" da rede, conforme o sócio-fundador Márcio Ruiz, 50. O objetivo é alcançar um público mais amplo e diversificado do que seu foco tradicional: as mulheres da classe C.

"A região atrai um público muito plural: tem turista, executivo, estudante, pessoal que trabalha em hospital, gente que passeia lá no fim de semana. É uma grande oportunidade de mostrar a nossa marca", diz Ruiz.

Expansão e serviços financeiros

Além do crescimento orgânico, que inclui a meta de dobrar de tamanho para 200 unidades até 2031, a Torra está diversificando sua atuação para o mercado financeiro.

• Fintech: Em março, a empresa foi autorizada pelo BC a criar uma SCD (Sociedade de Crédito Direto), permitindo oferecer empréstimos e seguros a seus clientes, que hoje somam 1,5 milhão de usuários ativos no cartão private label da loja.
   
• Produção: Quase 100% das roupas vendidas são desenvolvidas internamente, por um time de estilistas e produzidas por 600 fornecedores no país.

Histórico de acidentes marca trajetória

Apesar do sucesso comercial, a Torra registra uma série de incidentes de infraestrutura. O mais grave ocorreu em agosto de 2013, quando o desabamento de uma obra de loja em São Mateus, causado por alterações na estrutura, resultou na morte de dez operários e ferimentos em 26 pessoas.

Mais recentemente, a rede foi atingida por um grande incêndio consumiu a loja da Lapa em 12 de outubro deste ano. E, em outubro do ano passado, um técnico de manutenção morreu após cair no fosso de um elevador em uma unidade de Porto Alegre.

Márcio Ruiz classifica o desabamento como o momento mais difícil da história da empresa e garante que a segurança é uma prioridade. "A gente sempre está buscando melhorar [a segurança]. Temos um olhar redobrado para os cuidados. Mas todas as providências já são tomadas. Infelizmente, acidentes acontecem", concluiu.