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Cotidiano

Gás lacrimogênio atinge 60 crianças dentro de escola em Guarujá

O acidente ocorreu na escola Marechal do Ar Eduardo Gomes, ao lado da Base Aérea de Santos, onde ocorria treinamento da PM

Carlos Ratton

Publicado em 22/05/2019 às 19:53

Atualizado em 23/05/2019 às 11:23

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Escola teve que ser evacuada, 60 crianças atingidas e a Diretoria de Ensino suspendeu as aulas / Reprodução/Google Maps

Dezenas de crianças (cerca de 60) que estudam na Escola Estadual de Primeiro e Segundo Grau Marechal do Ar Eduardo Gomes, localizada na Avenida Castelo Branco, 42, em Vicente de Carvalho, ao lado da entrada da Base Aérea de Santos, passaram mal ao respirar gás lacrimogênio hoje (22), por volta das 15h30, obrigando a unidade a interromper as aulas.

Tudo ocorreu por conta de uma treinamento realizado pela Polícia Militar do Estado de São Paulo (PM-SP), dentro daquela unidade militar. O gás se expandiu por quatro salas com alunos da 6ª série do Ensino Fundamental - crianças com média de 11 anos. Os menores sentiram dor nos olhos, ardência em locais úmidos do corpo e náuseas.

Os pais foram acionados pela Direção da escola para buscar as crianças. Segundo uma fonte obtida pela Reportagem que não quis se identificar, mas que presenciou todo o ocorrido, um aluno saiu carregado até o veículo da família.

A Direção da escola comunicou a Diretoria de Ensino Região Santos. "A situação foi bastante preocupante. As crianças tiveram que sair às pressas e muitas passando mal. Não deveria ser permitido esse tipo de treinamento durante o período de aula", disse a fonte.

A Diretoria Regional de Ensino informa que a equipe gestora da unidade acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) imediatamente e confirmou que os pais dos alunos que se queixaram de incômodos também foram chamados à escola. As aulas do período noturno foram suspensas. Todo o conteúdo pedagógico será reposto.

A Assessoria de Imprensa da Base Aérea de Santos informou que a unidade não tem responsabilidade sobre a questão. Segundo informou, treinamentos iguais aos de hoje são feitos com frequência dentro da unidade, que sede espaço para outros órgãos militares, que se responsabilizam por tudo relacionado as operações de treinamento.

A Reportagem tentou obter uma posição com o Comando da Polícia Militar para saber, entre outras coisas, porque usar gás lacrimogênio; porque fazer treinamento perto de escola; quais os procedimentos de segurança não foram respeitados e quem seria responsabilizado pela imperícia. Até o fechamento da edição, não foram enviadas respostas.

O gás

Causa lacrimação, dor e até mesmo cegueira temporária. Pode causar quadros graves de alergia respiratória e levar à morte. Seu uso tem sido contestado por especialistas e grupos defensores de direitos humanos, que também apontam a relação próxima entre algumas indústrias coligadas com as forças armadas e de segurança dos governos, que permitem a generalização do uso do gás como arma preferencial na repressão aos movimentos de rua desde os anos 60.

Foi banido pela Convenção de Armas Químicas (1993), considerando-se a letalidade do gás quando em alta concentração. Mesmo assim, o uso é costumeiro para a manutenção da ordem interna pelas polícias de muitos países, sobretudo para conter ou reprimir manifestações de massa. Foi classificado como arma não letal. Porém, é consideravelmente perigoso para crianças, mulheres grávidas e indivíduos epilépticos ou portadores de problemas respiratórios.

Polícia Militar

A Polícia Militar esclarece que, na data de ontem, 22, realizou instrução na Base Aérea de Santos, de Controle de Distúrbios Civis – CDC -, para ações em que haja a necessidade de restaurar a Ordem Pública em tumulto de pessoas, com a utilização de gás lacrimogêneo, supervisionado por instrutores capacitados. 

Devido alteração de fatores climáticos, o gás ultrapassou a área da base militar e, imediatamente, a instrução foi interrompida. Os treinamentos desta natureza estão suspensos naquele local. 

 

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