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Transtornos com as obras em plena temporada tem deixado turistas e comerciantes descontesntes. / Rodrigo Montaldi/DL

As obras na Praça Portugal, em Praia Grande, e na Praça 22 de Janeiro, em São Vicente, mudaram a rotina das feiras de artesanato que atuam nos locais. As ações, em plena temporada, estão trazendo transtorno para quem tem as barracas como fonte de renda.

Antes da reurbanização da Praça Portugal, os permissionários tinham um box fixo. Com a obra, eles tiveram que comprar barracas que são montadas e desmontadas todos os dias. Os artesãos chegaram a ser transferidos temporariamente para o Bairro Aviação, mas retornaram para a Praça Portugal no último dia 23.

Sem um espaço coberto, os artesãos ficam à mercê do tempo para trabalhar. Alguns precisaram contratar pessoas para montar e desmontar as barracas ou alugar um local próximo à praia para deixar o equipamento e a mercadoria.

“Aqui a gente fica aglomerado e quando venta muito ou chove não conseguimos trabalhar”, relata a artesã Dinalva Macedo Andrade. Ela trabalha há 35 anos como artesã no calçadão de Praia Grande e foi a primeira, neste grupo atual de permissionários, que começou a trabalhar na Praça Portugal, há 20 anos. “Os turistas até ajudam a segurar as barracas quando o tempo muda. Mas eles também não gostaram do espaço, dizem que ficou parecendo uma favela”, complementa.

Dinalva relata ainda que outras artesãs mais velhas pararam de trabalhar, pois não têm condições de armar as barracas todos os dias, nem de pagar por quem faça pelo trabalho. Antes das obras, a Praça Portugal contava com 50 barracas de artesanato e 15 de alimentação.

Os permissionários também dizem que não há um local para carregar e descarregar. “Não temos como trazer a barraca e nosso material de trabalho da rua até o calçadão. Em frente é proibido parar e temos que tomar cuidado ao passar pela ciclovia”, afirma Dinalva.

Para os artesãos, o projeto não deixou claro se eles terão boxes fixos de alvenaria no novo local. “Não foi feito uma reunião para explicar nada, mas acho que temos que nos acostumar sem os boxes”, reclama um permissionário que não quis ser identificado.

De acordo com a Prefeitura, confirmando o que previu o artesão, as barracas terão que ser montadas e desmontadas todos os dias.

Outra dúvida é se todos vão para o novo local. “Entregamos toda a documentação, mas ainda não temos nada concreto”, informa Dinalva.

Segundo a Administração Municipal, em dezembro de 2015, foi publicado edital para o chamamento público de artesãos e profissionais da área de alimentação. Após as inscrições, foi publicada lista dos candidatos habilitados, que realizaram prova prática.

“Logo após a realização das provas práticas, foi impetrado, por uma munícipe, um mandado de segurança visando a anulação do edital. O Tribunal de Justiça julgou a ação improcedente em duas instâncias, porém a impetrante pôde recorrer. Desta forma, a Administração aguarda a última decisão judicial sobre o edital para dar continuidade ao processo”, explica.

Para José Elias, que possui uma barraca de alimentação, o problema não é a obra em si, mas a falta de planejamento para que eles pudessem se organizar em outro lugar. “Sabemos que obras demoram e elas vêm para melhorar algo. Mas no meio da temporada fizeram a gente ir para o bairro da Aviação, depois voltamos para cá e tudo foi avisado em cima da hora”, informa.

De acordo com a Prefeitura, a nova Praça Portugal irá se incorporar ao calçadão e a previsão é que as obras sejam finalizadas no 2º semestre de 2018. Os trabalhos compreendem a reestruturação do local, com a construção de uma estrutura com cobertura no calçadão da orla, que terá seu espaço readequado e ampliado. O local também terá uma praça de alimentação.

“A estrutura terá 1860m² de área coberta. Seu piso será em padrão deck de madeira. No centro da construção será montado um espaço com mesas e cadeiras onde funcionará a área de alimentação e onde os frequentadores poderão se encontrar e desfrutar dos produtos comercializados”, informa a Prefeitura.

O calçadão entorno da obra também será remodelado, com a redistribuição de floreiras e bancos. A área contará ainda com rampas de acesso para pessoas portadoras de deficiência e piso podotátil (para deficientes visuais) ao longo de todo o trecho reestruturado.

Os que possuem barracas de alimentação ainda têm outro problema: apenas food trucks ou reboque trucks poderão atuar no novo espaço. “A gente já teve que gastar comprando essa barraca, e food truck não é barato. Ninguém tem certeza se vai conseguir comprar um”, finaliza Elias.

Artesãos de São Vicente também são prejudicados

Em São Vicente, as obras na Praça 22 de Janeiro são o motivo de reclamação dos artesãos. Poeira, barulho de máquina, tratores e montes de areia não permitem que eles atendam direito os clientes, que costumavam aumentar nesta época do ano.

Márcia Fernandes Dourado trabalha na Biquinha há 12 anos e reclama que os próprios artesãos estão desistindo de montar as barracas por conta das condições do local. “Os problemas começaram quando tiraram a gente da Praça da Biquinha, onde tínhamos boxes fixos. Tivemos que sair e comprar barracas. O gasto passou a ser maior e agora não estamos vendo retorno”, reclama.

De acordo com a artesã Sandra Maria da Silva, que trabalha no local há 15 anos, na 2ª quinzena de fevereiro, eles terão que mudar temporariamente, para que seja realizado o recapeamento da praça. O local ainda não foi definido, mas, segundo Sandra, deve ser na Praça Tom Jobim. “Lá venta muito mais, por isso estamos solicitando uma tenda”, comenta.

Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas (Sedup) a manutenção da Praça 22 de Janeiro se dá em etapas, sendo a pavimentação a terceira fase, prevista para as proximidades do Carnaval.

A obra contemplará reforma dos banheiros, construção da “Casa da Encenação” - que ficará no antigo cinema da praça - entrega de um novo playground, construção de quiosques cobertos para jogos de dominó e baralho, e recuperação da iluminação do local.

As artesãs dizem ainda que gostariam de um local fixo, como era antigamente e pelo qual nunca foram ressarcidas. No entanto, o projeto não fala a respeito de boxes para os artesãos.

A Secretaria de Comércio, Indústria e Negócios Portuários (Secinp) esclareceu que busca minimizar os transtornos aos ambulantes. De acordo com a Secinp, os artesãos devem ser chamados para reuniões, visando discutir o assunto durante o serviço de pavimentação do local.

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