A Uno & Verso é composta por Luiz Fernando Grilo, Breno da Costa Mathias Barcelos Grilo e José Ricardo Barcelos Grilo, que é o CEO / Gabriel Fernandes/DL
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Após viver uma situação inusitada envolvendo a receita de uma caipirinha durante um programa de estudos no exterior, José Ricardo Barcelos Grilo percebeu que a educação lúdica poderia ser uma ferramenta poderosa de transformação profissional e social. Foi a partir dessa experiência que nasceu a Uno & Verso.
CEO da marca, José atua ao lado do irmão, Luiz Fernando Grilo, e, mais recentemente, do filho, Breno da Costa Mathias Barcelos Grilo. Juntos, eles já impactaram mais de 70 mil pessoas em mais de 70 empresas no Brasil e no exterior, entre elas Nestlé, Adidas, Pedigree e até clubes de futebol, como a Portuguesa Santista.
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Em 2004, José recebeu uma bolsa de estudos para o Young American Business Trust, programa ligado ao Instituto Golda Meir, de Israel, voltado à formação de futuros empreendedores. O curso foi realizado no Equador e José era o único brasileiro.
“Setenta por cento do curso era prático. Eles explicavam o projeto, davam um pouco de teoria e nos mandavam montar nossa própria empresa”, recorda.
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Durante as atividades, um dos integrantes do grupo não demonstrava interesse e pouco participava. No dia da apresentação, ele surpreendeu ao exigir o protagonismo diante da turma. O choque foi geral: aquele participante era, na verdade, o professor do curso.
O docente revelou ter observado e anotado todas as decisões corretas e equivocadas do grupo durante o trabalho, cujo produto era uma caipirinha.
“Como só a gente tinha a receita, tínhamos algo exclusivo”, lembra José. Mas um detalhe crucial escapou ao grupo. “Três dias depois, descobri num bar que entreguei a receita de graça para um barman, e ele passou a usá-la.”
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O episódio marcou José profundamente. “Passei a pensar: como podemos ajudar as pessoas a se transformarem a partir do erro? Aquilo foi muito significativo.”
Formado em Educação Física pela Unimes, José buscou maneiras de unir aquela vivência ao mundo corporativo. “Notei que havia uma lacuna no mercado.” Criou então um plano de negócios, abriu um CNPJ, sublocou uma sala no consultório da irmã, dentista, e fundou a Uno & Verso.
O nome surgiu da ideia de ser “uno” diante da diversidade da vida e “verso” pela poesia do viver.
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Mas o início foi difícil. “Ficamos quase seis meses sem nenhum cliente. Achei que fosse quebrar. Já tinha estourado todo o orçamento. Não tinha nenhum tostão.”
Mesmo em crise, José fez um trabalho de consultoria para a Natura, desenvolvendo um programa de crenças e valores baseado na educação lúdica.
Algum tempo depois, quando os irmãos cogitavam encerrar a empresa, o telefone tocou. “Era a Cristina Pastorello, da Natura. Ela disse: ‘Sabe aquele programa que você criou pra gente? Ele vai virar nacional.’”
Com as contas equilibradas e a atuação crescendo na Natura, veio a oportunidade de atender outra gigante: a Nestlé.
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“Quando cheguei lá, queriam saber o que eu tinha para oferecer. E eu disse: não tenho nada pronto. Vou pra casa, desenho algo e volto”, conta José, sobre a conversa com Marcos Baccarin, diretor de Relações Institucionais da Nestlé. “Ele disse que isso foi o que o conquistou.”
Em 2006, José chamou o irmão Luiz, que atuava em outras consultorias e como professor, para se juntar oficialmente à Uno & Verso.
“Meu irmão ligou e disse que havia fechado um contrato com uma multinacional, que precisava de ajuda para atender o Brasil inteiro. Aceitei na hora”, lembra Luiz.
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Não era a primeira vez que trabalhavam juntos. Em 1994, José abriu uma escola de futsal na Escola Presidente Kennedy, quando ainda cursava Educação Física. Luiz, então adolescente, começou a ajudá-lo no dia a dia.
Mais tarde, já professor, Luiz adotou a educação lúdica em suas aulas. “A educação física sempre ensinou além dos jogos. Usávamos dinâmicas que também serviam para o mundo corporativo, só que com outra profundidade”, afirma.
O boca a boca entre grandes empresas levou a Uno & Verso a receber um convite da Nestlé para realizar um trabalho em Londres. Para essa missão, José chamou o filho Breno.
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“Meu pai me chamou no quarto e disse que surgiu um trabalho importante, e ele sabia que eu falava inglês fluente desde os 15 anos”, recorda Breno, que inicialmente ficou inseguro.
“Decorei o trabalho e falava igual a um computador”, brinca. A ação foi um sucesso e ainda rendeu um pocket show improvisado de Breno, que também é músico.
O bom desempenho abriu portas para um projeto na Maxon Wheels, na Alemanha, fornecedora de peças para marcas como a Audi.
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“Fomos convidados para fazer um programa de empreendedorismo. Começamos on-line com um parceiro que temos até hoje. Ficamos duas semanas mergulhados no projeto e foi um sucesso”, diz José. Atualmente, a Uno & Verso também atua em um projeto internacional para a Mérieux NutriSciences, no Peru.
Com a população cada vez mais atrás de estímulos rápidos, muitas vezes levando à compulsão por alimentos, bebidas e cigarro, a educação lúdica surge como ferramenta de autoconhecimento. “Um dos pilares é ajudar as pessoas a reconhecerem seus caminhos e suas escolhas”, explica José.
Ele enfatiza que não se trata de discursos motivacionais vazios. “Tem gente que acha que é só manejo comportamental ou frases bonitas. Não é isso. Buscamos ampliar a visão das pessoas sobre si mesmas e sobre o mundo.”
A Uno & Verso utiliza uma metodologia baseada academicamente em um curso de pós-graduação em Educação Lúdica, fundamentada na Teoria do V.E.R.: Vivência, Experiência e Reflexão.
Durante as atividades, os participantes, geralmente funcionários das empresas, lidam com situações familiares ao cotidiano corporativo, ampliando a consciência sobre desafios e encontrando soluções mais práticas.
As ações envolvem atividades e jogos. A maior delas foi realizada para a Citrosuco, com 1.800 pessoas em uma única dinâmica. Já o maior jogo foi para a Nestlé, com 600 participantes simultaneamente.