Cotidiano

Falta de diálogo pode ter contribuído para tragédia em Guarujá, diz especialista

Médica psiquiatra analisa perfil de adolescente que matou irmã de 11 meses na última segunda (14)

Luna Almeida

Publicado em 16/07/2025 às 21:27

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A médica também alertou para a influência da internet sobre os jovens / Reprodução

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Uma adolescente de 14 anos incendiou o apartamento onde vivia com a mãe e dois irmãos pequenos, no bairro Cantagalo, em Guarujá, na tarde da última segunda-feira (14). A bebê de 11 meses morreu no local e o irmão de dois anos foi internado e segue em estado estável. 

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Segundo o depoimento da jovem, ela colocou os irmãos para dormir, trancou as portas, usou papéis do próprio caderno para iniciar o fogo e saiu do local após fechar as janelas para conter a fumaça.

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À polícia, a adolescente relatou ter sido agredida pela mãe no mesmo dia do crime e afirmou estar cansada de cuidar dos irmãos. 

Disse ainda que pesquisou na internet quanto tempo levaria para explodir um botijão de gás. Após confessar o incêndio para uma amiga, foi apreendida e está à disposição da Vara da Infância e Juventude.

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Especialista levanta hipóteses sobre o comportamento da adolescente

A médica psiquiatra Ana Paula Ruocco Nonato Matsumota avaliou o caso e destacou a importância de investigar como era a relação da jovem com a família. Segundo ela, falas como “queria a sua vida de volta”, ditas pela adolescente durante o depoimento, merecem atenção, pois podem indicar tentativas anteriores de pedir ajuda.

“Essa fala dela é importante de ser avaliada, porque ela deve ter feito essa fala outras vezes. Deve ter passado isso para os pais e talvez não foi escutada”, observou a psiquiatra.

Ana Paula levantou hipóteses sobre a presença de transtornos psiquiátricos não diagnosticados e destacou que o distanciamento emocional entre pais e filhos pode ser um fator de risco. 

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“A relação entre os adolescentes e os pais está muito conturbada, com pouca interação, pouca conversa, e isso está levando a aparecer casos como esse”, afirmou.

A médica também alertou para a influência da internet sobre os jovens, especialmente com o fácil acesso a conteúdos violentos. “Eles trocam muito entre eles e essas buscas por arma, forma de morrer, estão cada vez mais frequentes. É uma coisa que a gente tem que pensar, analisar e passar isso para os pais”, completou.

Para Ana Paula, a tragédia é um alerta para que as famílias prestem mais atenção aos sinais emocionais dos adolescentes. “Os pais precisam escutar esses filhos e intervir quando for necessário”, concluiu.

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