A médica também alertou para a influência da internet sobre os jovens / Reprodução
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Uma adolescente de 14 anos incendiou o apartamento onde vivia com a mãe e dois irmãos pequenos, no bairro Cantagalo, em Guarujá, na tarde da última segunda-feira (14). A bebê de 11 meses morreu no local e o irmão de dois anos foi internado e segue em estado estável.
Segundo o depoimento da jovem, ela colocou os irmãos para dormir, trancou as portas, usou papéis do próprio caderno para iniciar o fogo e saiu do local após fechar as janelas para conter a fumaça.
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À polícia, a adolescente relatou ter sido agredida pela mãe no mesmo dia do crime e afirmou estar cansada de cuidar dos irmãos.
Disse ainda que pesquisou na internet quanto tempo levaria para explodir um botijão de gás. Após confessar o incêndio para uma amiga, foi apreendida e está à disposição da Vara da Infância e Juventude.
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A médica psiquiatra Ana Paula Ruocco Nonato Matsumota avaliou o caso e destacou a importância de investigar como era a relação da jovem com a família. Segundo ela, falas como “queria a sua vida de volta”, ditas pela adolescente durante o depoimento, merecem atenção, pois podem indicar tentativas anteriores de pedir ajuda.
“Essa fala dela é importante de ser avaliada, porque ela deve ter feito essa fala outras vezes. Deve ter passado isso para os pais e talvez não foi escutada”, observou a psiquiatra.
Ana Paula levantou hipóteses sobre a presença de transtornos psiquiátricos não diagnosticados e destacou que o distanciamento emocional entre pais e filhos pode ser um fator de risco.
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“A relação entre os adolescentes e os pais está muito conturbada, com pouca interação, pouca conversa, e isso está levando a aparecer casos como esse”, afirmou.
A médica também alertou para a influência da internet sobre os jovens, especialmente com o fácil acesso a conteúdos violentos. “Eles trocam muito entre eles e essas buscas por arma, forma de morrer, estão cada vez mais frequentes. É uma coisa que a gente tem que pensar, analisar e passar isso para os pais”, completou.
Para Ana Paula, a tragédia é um alerta para que as famílias prestem mais atenção aos sinais emocionais dos adolescentes. “Os pais precisam escutar esses filhos e intervir quando for necessário”, concluiu.
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