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Cotidiano

Falta de carteira de trabalho frustra haitianos

A falta dela vem inviabilizado a colocação profissional dos refugiados, mantendo-os dependentes de ajuda humanitária coordenada pela igreja

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 29/04/2014 às 16:19

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A chegada de um posto do Centro de Apoio ao Trabalhador (CAT), que faz a intermediação entre empregadores e candidatos a vagas, instalado na Pastoral do Migrante, no Glicério, região central de São Paulo, acabou por frustrar parte dos cerca de 200 haitianos que estão instalados ali por falta de outro lugar. O motivo: eles diziam acreditar que a van da Prefeitura faria a emissão da carteira de trabalho, documento exigido pelos empresários brasileiros. A falta dela vem inviabilizado a colocação profissional dos refugiados, mantendo-os dependentes de ajuda humanitária coordenada pela igreja.

A van se instalou no estacionamento da Pastoral por volta das 9h de desta terça-feira, 29. A chegada da equipe fez com que os haitianos sorrissem e comemorassem. Entretanto, a euforia deu lugar à frustração instantes depois: o posto só seria útil para quem já tivesse a carteira, o que é o caso de apenas metade dos refugiados. Ao saber que o posto não emitiria os documentos, alguns haitianos chegaram a discutir entre eles mesmo, em creole. O clima chegou a ficar tenso, mas não houve agressões. Na manhã desta terça, pela primeira vez, houve reforço da segurança no local, feita por duas equipes da Polícia Militar.

O superintendente do Ministério do Trabalho, Luiz Antônio Medeiros, desmentiu informações passadas pelo ministro da Pasta, Manoel Dias. Em visita na tarde de segunda-feira, Dias havia prometido que as carteiras seriam feitas na hora. Nesta terça, Medeiros afirmou não havia condições técnicas de emitir o documento na pastoral e voltou a prometer um mutirão, enviando vans para buscar os haitianos e emitir os documentos na superintendência do Ministério, também no centro.

Almoço

Os refugiados receberam nesta terça-feira tíquetes para almoçar na rede Bom Prato, do governo do Estado. Em fila, eles seguiram para o restaurante. "Não tenho fome. Não consigo pensar em outra coisa exceto conseguir essa carteira de trabalho. Isso é desesperador. Estou dormindo no chão, mas não tenho sono. Preciso deste documento", disse um refugiado que não quis se identificar. Parte dos refugiados passou a noite em uma igreja do Tucuruvi, na zona norte da cidade. Nesta madrugada, mais 44 haitianos vindos do Acre chegaram na cidade. O governo acreano afirma que continuará a mandar haitianos para a cidade.

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