Expostas influências políticas e contratuais na Codesp

Um vídeo, divulgado esta semana nas redes sociais, expôs supostas influências políticas e contratuais na Companhia Docas do Estado de São Paulo – Codesp, vinculada à Secretaria de Portos da Presidência da República. A Codesp é responsável pelo controle e gerenciamento das operações do Porto de Santos. O protagonista é o assessor da Presidência Carlos Antônio de Souza, conhecido como Carlinhos de Souza.

Carlinhos é pessoa conhecida na política de Guarujá, pois foi o diretor administrativo da Câmara quando o hoje deputado Marcelo Squassoni (PRB) era presidente do Legislativo da Cidade. Conforme apurado, Souza pediu exoneração do cargo ontem, não se sabe se por conta da repercussão do vídeo. A gravação, foi realizada por telefone celular e dentro de um pequeno boulevard no Centro de Guarujá.

No entanto, parte do tempo, Carlinhos de Souza faz menção a políticos de sua relação, como o vereador e candidato a prefeito de Guarujá, Gilberto Benzi (PSDB), ao qual chama de Giba e de Benzi. “Saiu o nome do Benzi, esquece o resto, tamo (estamos) com o Giba. Acabou dois flats alugados. Já colocamos até pessoal lá”, afirma Carlinhos.

Em outra parte da gravação, Carlinhos revela suposta influência de três partidos na Codesp: o PR, o PP e o PRB. Ele fala várias vezes o nome de Marcelo, que seria Squassoni, a qual cita em vários trechos. Ele também cita dois outros deputados que teriam avalizado sua contratação na Codesp.

“O Marcelo, tu vai adorar. Sabe por que? Ele te surpreende direto. Se ele tiver que chegar ali, abaixar as calças, ele faz. Se ele tiver que chegar ali, brigar e sair no soco e dar uma de macho, ele vai. Chegar ali e dar uma de rico... E outra, gosta e precisa de dinheiro, mais que nós todos aqui. Ele não leva esse dinheiro que os caras levam aqui. O negócio dele é carro de R$ 500 mil. Por isso ele tem que ganhar dinheiro. Na campanha do Marcelo eu gastei três salas comerciais e um apartamento. O que eu vinha conquistando, botei nele. Eu vendi tudo para na reta final botar dinheiro nele. O Nicolaci R$ 500, R$ 700 mil colocou nele”, disse, se referindo ao atual presidente da Câmara de Guarujá, vereador Ronald Luiz Nicolaci Fincatti (DEM).

Sem entender

Carlinhos de Souza confessa que, no começo, não entendia e nem gostava de porto, mas que depois teria influência em contratos relacionados à Tecnologia de Informação (TI) e dragagem. “Eu percebi que não tem nada digitalizado. Peguei o M.J. Um contrato de R$ 80 milhões de reais de digitalização, já fiz a TR e daqui a 15 dias tá na rua. A dragagem tem dois contratos. Um de 16 milhões e 400 milhões. Só que um é medido por batimetria. Os caras medem, depois dragam e medem de novo e dá uma perda de 35%. E eu só olhando. Cheguei no diretor de logística e falei: por que a gente não faz um contrato de locação com equipamento nosso?”.

Empresas

Quase no final da gravação, Carlinhos de Souza revela: “tem que comprar empresa. Essa semana eu comprei outra empresa. Isso aí a gente vai ter que combinar. Temos que ir para cima, senão. Quer ver o dinheiro é lá. Tudo é grande na Codesp”

Depois continua: “eu estou há oito meses sem ver nada e pegando para trabalhar. Quando eu sai da Câmara estava na zona de conforto linda, mas agora vai começar a sair, entendeu? Os contratos vão começar a sair agora. Agora que nós pegamos a diretoria de finanças. Agora o time é nosso. Vamos embora, lindo, a engenharia é nossa. É a parte que tem mais condição. A parte de TI também. Temos que colocar um cara nosso na parte de TI. A dragagem eu fechei hoje. Quarta-feira estou em Brasília fechando. Mas a dragagem começa em novembro. O contrato emergencial acaba em outubro e em novembro começa o nosso”.

Squassoni

Procurado, o deputado Marcelo Squassoni repudia a montagem, edição e manipulação de vídeos clandestinos e com o evidente uso de artifícios e trucagens, com o objetivo de construir versões que deturpem fatos e usem nomes de terceiros de maneira distorcida e difamatória, como é o caso em questão.

Em relação ao questionamento referente a Carlinhos de Souza, o deputado tem a dizer que o conhece, desde a época em que foi vereador em Guarujá. Também tem conhecimento de sua atuação na assessoria da Presidência da Codesp, onde, conforme apurou, tem a função de cuidar exclusivamente de assuntos relacionados à regularização de imóveis e áreas da empresa.

O parlamentar condena as declarações apresentadas no vídeo-montagem, que, “se forem verdade, são passíveis de penalidades, e aguardará as apurações que se fazem necessárias para, num segundo momento, avaliar as providências a serem tomadas”. Por fim, lamenta a divulgação de episódios dessa natureza com o intuito único e exclusivo de denegrir a imagem de pessoas públicas durante o clímax do período eleitoral.

Benzi

A Coligação Avança Guarujá, do candidato Gilberto Benzi, informa que tomou conhecimento do vídeo apócrifo postado nas redes sociais na última quarta-feira (21) e já registrou boletim de ocorrência (7257\2016).

“Ressaltamos que as pessoas que nele aparecem não são responsáveis pela coordenação da campanha eleitoral de Gilberto Benzi, como também não integram nenhuma das equipes da referida campanha. Além de desconhecermos o teor da conversa e, principalmente, o porquê do nome do candidato Benzi nela ter sido citado”, revela por nota.

Benzi garante que não possui qualquer sociedade estabelecida com os personagens do referido vídeo apócrifo e a coligação lamenta que ainda faça parte da política guarujaense este tipo de prática rasteira, onde tentam destruir reputações e espalhar boatos criminosos, reafirmando o compromisso com a ética, a verdade e colaboração irrestrita de todas as autoridades para que os autores destes crimes sejam punidos. A Codesp disse que só se manifestará na próxima segunda-feira (26). A Assessoria de Nicolaci informou que o vereador preferiu não se manifestar.

Liminar

Uma liminar (decisão judicial provisória), concedida na tarde de ontem, pelo juiz eleitoral Márcio Teixeira Laranjo, obrigou o Facebook a excluir o perfil responsável pela publicação de vídeo. A liminar também determina ao Facebook o fornecimento à Justiça dos dados cadastrais do titular e responsável pelo perfil, tudo sob pena de multa diária de R$ 2 mil, bem como sua notificação para que, em 48 horas, apresente defesa. O autor do pedido é o deputado federal Celso Russomanno (PRB), candidato a prefeito de São Paulo, mencionado brevemente por Souza.