As projeções e os desafios da cadeia produtiva foram tema da segunda edição do SP Offshore 2025 / Michael Gil
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O setor de petróleo e gás vislumbra um período promissor, impulsionado por novos leilões de áreas, descobertas de campos e ampliação de infraestrutura. No entanto, para que o mercado consiga sustentar o ritmo de crescimento esperado, será necessário enfrentar dois grandes entraves: a escassez de mão de obra qualificada e o aumento dos custos operacionais.
As projeções e os desafios da cadeia produtiva foram tema da segunda edição do SP Offshore 2025, realizada nesta quinta-feira (26), no Santos Convention Center, na Ponta da Praia, em Santos. O evento reuniu representantes de grandes empresas e especialistas do setor energético.
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O gerente-geral de Concepção e Implantação de Projetos de Águas Ultra Profundas da Petrobras, Fábio Passarelli, abriu as discussões destacando o potencial da Bacia de Santos e de outras regiões ainda em fase exploratória, como a Margem Equatorial.
Segundo ele, a companhia já definiu metas como a ampliação da oferta de gás natural, avanço na descarbonização e investimento em novas unidades flutuantes de produção – os FPSOs. “Nos últimos sete anos, entregamos 18 dessas unidades e vamos implementar mais dez”, afirmou.
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Apesar da tendência de crescimento, Passarelli alertou para os obstáculos: “Precisamos pensar em renovação de reservas, prolongamento da vida útil dos ativos, descarte seguro de unidades, diversificação energética e redução de riscos”.
Ele ainda mencionou que, após a pandemia, os custos operacionais aumentaram 31%, comprometendo a rentabilidade dos projetos.
Mesmo diante desse cenário, ele acredita que a tecnologia está do lado das empresas. “Vivemos um momento de grandes desafios, mas também temos recursos informacionais e digitais que nunca tivemos antes. O setor tem tudo para avançar”.
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Lourenço Froes, coordenador do programa de novos FPSOs da Petrobras, detalhou que a estatal pretende investir US$ 111 bilhões nos próximos anos, dos quais US$ 77 bilhões serão destinados a atividades de exploração e produção – parte disso voltado para áreas localizadas no litoral de São Paulo.
Esse volume de investimentos foi destacado pelo gerente-executivo de Responsabilidade Social da Petrobras, José Maria Rangel, como um passo decisivo para a retomada das grandes obras e para o crescimento econômico do setor. No entanto, ele apontou a formação de profissionais como um ponto crítico. “Precisamos capacitar pessoas. Faltam profissionais para funções essenciais da cadeia produtiva e do refino”, afirmou.
A dificuldade em encontrar profissionais prontos para atuar no setor tem feito empresas apostarem em estratégias de formação interna. É o caso da PRIO, que mantém uma universidade corporativa voltada ao desenvolvimento técnico e comportamental dos colaboradores.
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“Priorizamos pessoas que compartilham nossos valores. Investimos na formação dentro de casa”, afirmou Luiza Martin, coordenadora de recrutamento e gestão de talentos da companhia.
Na mesma linha, Victor Couto Alves, responsável por treinamento e desenvolvimento da Equinor, reforçou que programas de capacitação precisam estar diretamente conectados aos objetivos de longo prazo das empresas. “Planejamento é essencial para que o desenvolvimento de talentos seja eficaz”, disse.
O papel das instituições de ensino técnico também foi mencionado como parte da solução. Representantes do Senai destacaram a atuação da entidade na análise de tendências do mercado e na formação direcionada para atender à demanda do setor de óleo e gás.
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Para além das questões técnicas, a gerente de Planejamento e Gestão da Unidade da Bacia de Santos da Petrobras, Juliana Bregenski, ressaltou a urgência em ampliar a representatividade feminina no ambiente offshore.
“Hoje, 95% das pessoas nas plataformas são homens. Precisamos aproveitar a chance de transformar esse cenário. Diversidade aumenta não só a inovação, mas também a rentabilidade dos negócios”, afirmou ela, que lidera o projeto Plataforma dos Sonhos para Todas as Pessoas.
O SP Offshore 2025 mostrou que, embora o horizonte seja de progresso para o setor de petróleo e gás, o sucesso da jornada passa obrigatoriamente por qualificação de mão de obra, controle de custos e promoção da diversidade.
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