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Cotidiano

Ex-professor de Zuckerberg diz que viu problema ao ser apresentado ao protótipo do Facebook

Sobre a privacidade dos usuários, Lewis afirma que viu o projeto do Facebook com alguma preocupação em relação ao tópico já em seu início, quando Zuckerberg, ainda estudante, apresentou a ele suas ideias.

Folhapress

Publicado em 10/03/2019 às 21:14

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Mark Zuckerberg, cofundador e CEO do Facebook. / ANDEL NGAN/AFP/AB

Depois de ensinar dois dos homens mais ricos do mundo, o professor de matemática e ciência da computação Harry Lewis, 71, decidiu ele próprio ser sócio de uma empresa de tecnologia.

Na prestigiada Universidade Harvard desde 1974, Lewis teve entre seus pupilos Bill Gates e Mark Zuckerberg. Os dois abandonaram o curso antes do fim para apostar em startups, que vieram a ser a Microsoft e o Facebook.

Agora, já com uma carga horária de aulas mais leve e em vias de se aposentar, o que acontecerá na metade de 2020, Lewis tem se dedicado à startup Zerho, de segurança digital.

O professor afirma que, além do maior tempo disponível, a decisão de entrar no negócio foi tomada levando em conta o desafio intelectual que o mercado no qual irá atuar traz.

Lewis, que se tornou um dos diretores da empresa logo em seu início, em 2017, participa do negócio tanto como um consultor técnico para o desenvolvimento da inteligência artificial usada no serviço da companhia como como diretor e membro de seu conselho de administração.

A startup foi criada por um de seus antigos alunos, Andrew Auerbach, 30, que é o presidente da companhia e conhecido de Lewis há dez anos.

O professor disse já ter recebido outros convites para se associar a empresas de seus estudantes, mas, apesar de os projetos serem bons, não se sentiu motivado a fazer parte deles.

"Não iria entrar em um negócio que fosse mais uma empresa de propaganda digital. Não que haja um problema, mas não haveria um interesse intelectual para mim", diz o professor.

Auerbach afirma que o diferencial da Zerho em relação a seus concorrentes está no fato de ela usar inteligência artificial para, monitorando o funcionamento de computadores e redes, prevenir ataques cibernéticos, dar orientações sobre como combatê-los e aprender com tentativas de invasão anteriores e simulações feitas pelo próprio sistema da empresa.

Além de se sentir provocado pela dificuldade técnica imposta por essa proposta, Lewis diz que foi atraído pelo negócio devido a sua importância social.

"Sou comprometido com a privacidade dos indivíduos, com o controle de informações. Quando vemos vazamento de dados, não é só um custo para as empresas. É uma violação fundamental de direitos de seus clientes", afirma o professor.

Sobre a privacidade dos usuários, Lewis afirma que viu o projeto do Facebook com alguma preocupação em relação ao tópico já em seu início, quando Zuckerberg, ainda estudante, apresentou a ele suas ideias.

O primeiro protótipo do que seria mais tarde a rede social se chamou Six Degrees to Harry Lewis (seis degraus para Harry Lewis) e mostrava qual a distância, em termos de conexões pessoais, cada indivíduo estava em relação ao então reitor da universidade. O sistema fazia o cálculo a partir de notícias do jornal da escola.

"Eu disse que poderiam usar meu nome no projeto, eram informações públicas. Mas, em algum momento, quando você agrega muita informação pública, parece estar invadindo a privacidade."

O Facebook vem sendo alvo de críticas a respeito do tratamento que dá às informações pessoais dos usuários desde que foi revelado que a consultoria política Cambridge Analytica, contratada pela campanha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, obteve dados de eleitores sem autorização deles para o envio de propaganda personalizada. A ação teria ajudado o republicano a vencer a eleição, em 2016.

Nesse sentido, o antigo mestre diz ter ficado muito feliz com a recente notícia de que Zuckerberg quer ampliar a privacidade e a proteção dos usuários de seu serviço privilegiando as conversas privadas na rede, em detrimento da comunicação pública.

A Zerho, que vinha testando seu serviço com grupo pequeno de clientes e acaba de se lançar no mercado, terá no Brasil uma de suas regiões prioritárias, por estar entre os cinco com maior número de ataques cibernéticos, segundo Auerbach.

O presidente da startup estará no país neste mês em busca de investidores e em reuniões com potenciais clientes.

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