24 de Abril de 2024 • 07:48
Os pacientes com queimaduras precisam ficar internados para suporte e cuidados extremos / Bruno César/HUSE/Divulgação
Os dados oficiais não são precisos, mas o problema existe e é grave: o aumento do uso do etanol (álcool) para cozinhar vem turbinando os números de pessoas com queimaduras graves. Nos últimos seis meses, a Santa Casa de Santos registrou 47 internações, uma média, de 8 casos por mês. O hospital, porém, não soube discriminar quais tipos de queimaduras são as mais frequentes.
A razão para a utilização do etanol pode estar no aumento da miséria. Como o etanol é um combustível mais barato, ou seja, mais acessível, as pessoas estão utilizando fogão a lenha, latas ou espiriteiras para cozinhar. Essas são opções para quem não possui quase R$ 100,00 para comprar um botijão de gás.
“Realmente é muito comum essas queimaduras por produtos combustíveis. No caso do etanol, que é um produto combustível, incolor e barato, sempre temos casos de pessoas que usam álcool naquelas espiriteiras. O produto é incolor, escorre, a pessoa não vê, acende e se queima”, disse o cirurgião plástico da Santa Casa de Santos, Ricardo Perrone.
Alessandra Nestor e Karyna Turra publicaram na Revista Brasileira de Queimaduras o artigo “Perfil epidemiológico dos pacientes internados vítimas de queimaduras por agentes inflamáveis”. No texto, elas relatam dados de uma pesquisa feita no Paraná. O álcool é o grande responsável pela maioria das queimaduras.
O artigo aponta que “uma das possíveis causas no elevado número de acidentes por agentes inflamáveis, especificamente pelo álcool, é a falta de informação a respeito de sua fácil combustão, sua comercialização em embalagens frágeis de plástico, bem como o seu baixo custo e a facilidade em obter no comércio, pois não há restrições para efetuar a compra. A utilização de forma indiscriminada dos agentes inflamáveis também propicia ao elevado números de acidentes, pois a maioria dos acidentes causados por queimaduras podem ser prevenidos, porém, os programas de prevenção desse tipo de acidentes são escassos no Brasil”.
Perrone frisou que é preciso esclarecer que o que queima é o fogo, não o álcool.
“Essas queimaduras sempre são piores do que por líquido aquecido. O líquido aquecido (água,chá etc) quando cai em cima da pessoa vai esfriando um pouco. Ela pode também ser grave dependendo da extensão e da profundidade. Agora, é menos pior do que por óleo fervente, que quando cai não perde o calor tão rápido e fica queimando, em especial, em queimadura por fogo, combustíveis explosivos. O problema maior é com as crianças, já que uma área no corpo de um adulto é pequena, mas para uma criança é grande. A queimadura é grave dependendo profundidade e da extensão e dela”, disse o médico.
Perrone lembrou que a queimadura é uma agressão clínica muito grande para o paciente.
“Ele tem alterações importantes, metabólicas. O paciente precisa ficar internado para suporte”, disse. “O importante é não deixar acontecer a queimadura, ter cuidado com os combustíveis. Ficar atento às crianças que têm menos condições de se proteger. Quando a queimadura for por fogo, apagar ou abafar. Colocar um pano limpo em cima, para aliviar a dor que é muito grande. Encaminhar para o hospital, para hidratação e medicação para evitar doenças, infecções, tétano e cuidar da função renal”, declarou Ricardo Perrone.
Esportes
Zagueiro chegou ao clube em 2016 para jogar no sub-11
Polícia
O caso aconteceu na Rua Coronel Silva Telles, esquina com as ruas Tamoios e Carijós, bairro Parque São Vicente