Cotidiano

Estudo inédito registra 13 novas espécies de aves marinhas no litoral de SP

O estudo, publicado na revista Papéis Avulsos de Zoologia (USP), é a revisão mais ampla já realizada sobre a avifauna marinha da região

Márcio Ribeiro, de Peruíbe para o Diário do Litoral

Publicado em 19/11/2025 às 11:30

Atualizado em 19/11/2025 às 11:50

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

Espécies emblemáticas, como o trinta-réis-real (Thalasseus maximus), que nidifica apenas em pequenas ilhas paulistas, aparecem como ameaçadas em todas as esferas de proteção / Foto: Márcio Ribeiro

Continua depois da publicidade

Um levantamento científico inédito revelou 13 novas espécies de aves marinhas no estado de São Paulo, elevando para 68 o total de espécies registradas no litoral paulista. O estudo, publicado na revista Papéis Avulsos de Zoologia (USP), é a revisão mais ampla já realizada sobre a avifauna marinha da região.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

A pesquisa integra a dissertação de  mestrado em biodiversidade de ambientes costeiros de Robson Silva e Silva (CLP - UNESP), sob orientação de Edison Barbieri, do Instituto de Pesca, com colaboração do pesquisador Fábio Olmos. O trabalho reúne mais de um século de registros e atualiza dados essenciais para a conservação no Atlântico Sul.

Continua depois da publicidade

Leia Também

• Cientistas brasileiros descobrem novas espécies de animais na Bacia do Rio Tietê

• Cientistas descobrem novas espécies nas profundezas do mar; uma delas impressiona

• Relatório declara extinção de 6 espécies e mostra 60% das aves em declínio populacional

Os pesquisadores compilaram informações de coleções científicas nacionais e internacionais, bancos de dados de anilhamento, literatura taxonômica recente e plataformas de ciência cidadã, como WikiAves e eBird.

O levantamento também incorporou registros inéditos do Programa de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), executado sob supervisão do IBAMA e da Petrobras.

Continua depois da publicidade

Com a análise integrada, o número de espécies confirmadas passou de 55 para 68 — sendo 18 residentes (seis delas reprodutivas no litoral paulista) e 50 migratórias, oriundas do hemisfério norte e do sul.

Entre as 13 espécies registradas pela primeira vez no estado estão aves raras no Brasil, como:

•    Oceanites chilensis — pardela-do-Fuego
•    Pelagodroma marina — alma-negra-de-face-branca
•    Xema sabini — gaivota-de-Sabine
•    Chlidonias niger — trinta-réis-escuro
•    Phaethon aethereus — rabijunco-de-bico-vermelho

Continua depois da publicidade

Segundo Barbieri, as novas ocorrências 'evidenciam a complexidade ecológica do litoral paulista, que funciona como área de reprodução, alimentação e descanso para espécies de longas rotas migratórias'.

O estudo alerta que 35% das aves marinhas registradas no estado estão em algum grau de ameaça, segundo listas da IUCN, Ministério do Meio Ambiente e Secretaria Estadual de Meio Ambiente.

Espécies emblemáticas, como o trinta-réis-real (Thalasseus maximus), que nidifica apenas em pequenas ilhas paulistas, aparecem como ameaçadas em todas as esferas de proteção.

Continua depois da publicidade

Os autores defendem que os dados devem nortear:

•    criação de áreas marinhas protegidas;
•    planos de manejo costeiro;
•    mitigação de impactos da pesca industrial;
•    avaliação de empreendimentos offshore, portuários e eólicos.

Pressões no litoral paulista

Com 860 km de costa, São Paulo abriga áreas produtivas e sensíveis do Atlântico Sul, mas enfrenta:

Continua depois da publicidade

•    urbanização acelerada,
•    poluição,
•    tráfego marítimo intenso,
•    expansão de atividades energéticas.

As aves marinhas — bioindicadoras da saúde oceânica — refletem mudanças climáticas, sobrepesca e contaminação por plástico e metais pesados.
Registros fotográficos de observadores independentes foram essenciais para confirmar novas espécies. A pesquisa demonstra o papel crescente da sociedade no avanço científico.

Para Barbieri, os dados 'precisam orientar políticas públicas de conservação, monitoramento contínuo da avifauna e fortalecimento de programas de educação ambiental'.

Continua depois da publicidade

TAGS :

Mais Sugestões

Conteúdos Recomendados

©2025 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software