Cotidiano
Pesquisas apontam risco ecológico para fauna marinha do Litoral Paulista; poluição vem de esgoto não tratado e proximidade do Porto
Estuário de São Vicente apresenta sinais preocupantes de poluição por drogas e fármacos / Renan Lousada/DL
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O estuário de São Vicente, no Litoral Paulista, apresenta sinais preocupantes de poluição por drogas e fármacos. Pesquisadores identificaram a presença de seis substâncias, incluindo cocaína, seu metabólito benzoilecgonina, cafeína, losartan, carbamazepina e orfenadrina, em concentrações capazes de causar risco ecológico baixo a moderado para peixes, crustáceos e algas.
O estudo foi conduzido por Andressa Ortega sob a orientação do oceanógrafo Camilo Seabra, docente da Universidade Federal de São Paulo e colaborador do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade de Ambientes Costeiros da Unesp, no Litoral Paulista.
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Trata-se de uma das primeiras análises detalhadas do estuário de São Vicente, uma região de transição entre rio e mar, cercada por mangues e intensa urbanização.
“O estudo traz um retrato atual da poluição no Litoral Paulista e mostra que a fauna marinha está exposta a diversas substâncias, algumas ilegais, de forma contínua”, explica Seabra.
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Veja também que os peixes do litoral paulista já tiveram cocaína e remédios detectados em seus tecidos.
Entre os locais analisados estão a foz dos rios Santana, Mariana e Piaçabuçu, áreas próximas a palafitas e regiões urbanizadas como Praia dos Milionários e Itararé. As amostras incluíram água, sedimentos e ostras, coletadas de forma sistemática em cada ponto.
As análises revelaram que a presença de cocaína e de seu metabólito indica não apenas o consumo humano da droga, mas também a entrada direta da substância no ambiente, possivelmente devido à proximidade com o Porto de Santos, movimentado e conhecido por atividades de tráfico.
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Substâncias legais, como cafeína, losartan e orfenadrina, também foram detectadas, refletindo a poluição farmacológica típica de áreas urbanizadas.
O estudo mostrou que a toxidade para crustáceos e peixes é moderada em alguns casos, utilizando espécies modelo como Daphnia magna e Pimephales promelas. A simples presença das drogas já é motivo de alerta, segundo Vinicius Roveri, professor da Universidade Metropolitana de Santos e coautor da pesquisa.
O estuário de São Vicente é um verdadeiro hotspot de poluentes. Casas irregulares sobre palafitas descartam esgoto diretamente no ambiente, enquanto o Emissário Submarino de Santos lança resíduos coletados de áreas urbanas sem tratamento adequado, a 4 km da costa.
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“Mesmo áreas com coleta regular de esgoto não passam por tratamento primário, secundário ou terciário. O que chega ao mar é praticamente in natura”, explica Seabra. A proximidade com o porto, aliado à ação do crime organizado, contribui para a detecção de cocaína pura na água, algo incomum em regiões sem essas características.
Saiba também que uma praia do litoral de SP entrou em um ranking nacional de contaminação.
Os pesquisadores destacam que a bioacumulação das substâncias em ostras, mexilhões e peixes é uma preocupação adicional, pois esses organismos são consumidos pela população local. “As concentrações mais altas aparecem no Ano-Novo e Carnaval, períodos de maior consumo de drogas”, afirma Seabra.
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O próximo passo da equipe é ampliar a gama de moléculas analisadas, incluindo hormônios e antibióticos, usando equipamentos mais avançados, capazes de detectar mais de 400 substâncias.
Além disso, projetos em andamento buscam construir tabelas de toxicidade específicas para a fauna brasileira, considerando as diferenças entre organismos de climas tropicais e temperados.
A pesquisa já teve repercussão prática: a divulgação dos dados sobre a ausência de tratamento de esgoto no município motivou denúncia do Ministério Público contra a Sabesp, mostrando a importância de estudos ambientais para políticas públicas.
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“Mais do que apontar a presença de drogas no estuário, nosso trabalho evidencia a necessidade de tratamento de esgoto e preservação ambiental no Litoral Paulista”, conclui Seabra.
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A Unesp trata sobre várias questões ambientais referentes ao estuário do Litoral de São Paulo. Não só a contaminação por produtos tóxicos, mas também por microplásticos. Confira:
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