Cotidiano
Com 20 quilômetros de serra sustentados por viadutos que chegam a 70 metros de altura, curvas amplas e túneis extensos, a via se tornou referência internacional
A Rodovia dos Imigrantes (SP-160), uma das principais ligações entre a capital paulista e o litoral, consolidou-se como um dos trajetos mais impressionantes e estudados da engenharia viária brasileira / Renan Lousada/DL
Continua depois da publicidade
A Rodovia dos Imigrantes (SP-160), uma das principais ligações entre a capital paulista e o litoral, consolidou-se como um dos trajetos mais impressionantes e estudados da engenharia viária brasileira. Com 20 quilômetros de serra sustentados por viadutos que chegam a 70 metros de altura, curvas amplas e túneis extensos, a via se tornou referência internacional por conciliar segurança, tecnologia e preservação ambiental em plena Mata Atlântica.
No trecho de serra, a rodovia parece suspensa sobre a floresta. Os viadutos altos apoiados em poucos pilares permitem curvas longas e suaves, evitando rampas íngremes ou curvas fechadas mesmo em terreno acidentado. A geometria foi projetada para reduzir riscos em dias de chuva e neblina, condições comuns na região.
Continua depois da publicidade
Para aumentar a segurança, a operação utiliza limites de velocidade específicos e, em momentos de visibilidade crítica, aciona o comboio de segurança, em que viaturas da concessionária e da Polícia Militar Rodoviária guiam motoristas em baixa velocidade para evitar engavetamentos.
A via também possui um sistema avançado de monitoramento, com câmeras, sensores, estações meteorológicas e painéis de mensagem variável que informam, em tempo real, sobre chuva, vento, temperatura e fluxo de veículos.
Continua depois da publicidade
A Imigrantes conta com 14 túneis, alguns com mais de 2 quilômetros de extensão. Na pista sul — a mais recente, construída para a descida ao litoral — três grandes túneis somam mais de 8 quilômetros escavados na rocha.
Durante a obra, engenheiros adotaram soluções para minimizar impactos ambientais:
maior distância entre pilares;
Continua depois da publicidade
redução da área desmatada;
sistema de tratamento da água usada na escavação;
preservação de cursos naturais.
Continua depois da publicidade
Esse conjunto de medidas levou a rodovia a ser citada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento como modelo de gestão ambiental, além de render à concessionária a certificação ISO 14001.
Planos de expansão preveem a construção de uma terceira pista no trecho de serra, com cerca de 21,5 quilômetros de extensão — sendo 17 km de túneis e 4 km de viadutos. Entre os projetos está um túnel de aproximadamente 6 quilômetros, que pode se tornar o maior do Brasil.
A nova pista seguirá a mesma lógica sustentável da atual: soluções para mínimo impacto ambiental, sistemas inteligentes de ventilação, monitoramento climático e tecnologia avançada de detecção de incidentes.
Continua depois da publicidade
Para quem percorre a rodovia, a sensação é a de atravessar um corredor suspenso sobre a Mata Atlântica. As curvas suaves revelam, ora após ora, paisagens diferentes: trechos de neblina baixa, túneis iluminados, vistas amplas da Baixada Santista e contrastes entre o clima úmido da serra e o calor que cresce à medida que se aproxima do nível do mar.
Mesmo motoristas habituais relatam que cada descida parece única, graças à variação de luz, nuvens e vegetação.
Mais do que conectar São Paulo a cidades como Santos, São Vicente e Praia Grande, a Rodovia dos Imigrantes transformou o próprio trajeto em parte essencial da viagem. A combinação de engenharia monumental, paisagens impressionantes e soluções de segurança tornou a via uma das mais respeitadas do país — e um exemplo de como infraestrutura pode dialogar com um dos biomas mais sensíveis do mundo.
Continua depois da publicidade
A Imigrantes, hoje, não é apenas um caminho: é um marco da engenharia brasileira e um cartão-postal suspenso sobre a Mata Atlântica.