07 de Outubro de 2024 • 07:56
Problemas climáticos provocaram redução nas estimativas de colheita de algodão, arroz e café na passagem de fevereiro para março, segundo o Levantamento Sistemático de Produção Agrícola (LSPA) divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira, 10. No caso do algodão e do café, o obstáculo é a estiagem, enquanto os produtores de arroz enfrentaram atrasos por causa do excesso de chuvas na Região Sul.
O plantio do algodão foi concluído em março, mas o calendário atrasado deve fazer com que a produtividade seja menor este ano. "Os produtores estão bem atrasados na janela de plantio, então não se sabe se haverá chuva suficiente para que a planta se desenvolva. Por isso, a expectativa de rendimento se reduziu um pouquinho", explicou o gerente da Coordenação de Agropecuária do IBGE, Mauro Andreazzi.
Neste ano, a produção de algodão deve somar 3,839 milhões de toneladas, 10,5% menos do que em 2014. Só na passagem de fevereiro para março a projeção caiu 3,0%. Em Goiás, terceiro maior produtor do País, o impacto da estiagem foi duro: a produção deve cair 48,0% em relação ao ano passado.
Preços
Além disso, o algodão vinha enfrentando um período de menor atratividade, em função do preço baixo. Agora, com a recente elevação do dólar, o algodão brasileiro se torna mais competitivo, e o momento é bom para fechar contratos, frisou Andreazzi. "A tendência para o ano que vem é que a safra seja melhor", disse.
No caso do café, além de 2015 ser um ano de baixa produção, o grão ainda sofre as consequências da estiagem severa do ano passado. "Muitas lavouras ficaram comprometidas em decorrência de seu baixo desenvolvimento vegetativo e floração deficiente", afirmou o IBGE.
Outro ponto é que os preços pouco atrativos também têm levado a uma redução intensa de área plantada. "Muitos produtores não conseguiram se manter nessa atividade por causa dos custos", explicou Andreazzi. Embora a cotação tenha ganhado força nos últimos meses, o resultado para este ano deve ser de queda. A estimativa de produção do café arábica fechou março em 1,880 milhão de tonelada, 0,6% menor do que o projetado em fevereiro e 1,9% abaixo do colhido em 2014.
Quanto ao arroz, o problema foi o contrário: o excesso de chuvas. No Rio Grande do Sul, que detém 68,5% da produção, a umidade elevada atrasou o plantio, já que a terra estava com grande acúmulo de água. "Isso afetou o rendimento. Além disso, o arroz precisa de luz para se desenvolver. A falta de luz pelo tempo encoberto também afeta", disse o gerente do IBGE.
No Rio Grande do Sul, a estimativa ficou 1,6% menor de um mês para o outro, e o rendimento caiu 1,7%, para 7.483 kg/hectare. Em termos nacionais, a projeção de março ficou 1,7% menor do que em fevereiro, totalizando 12,261 milhões de toneladas. Ainda assim, a produção supera a de 2014 em 0,9%, segundo o instituto.
Trigo
As intenções de plantio de trigo seguem aumentando. Em março, a produção estimada foi de 7,712 milhões de toneladas, 2,6% acima do previsto em fevereiro. Se confirmado, o montante será 24,9% maior do que em 2014. "Se chegar a esses 7,7 milhões de toneladas, será uma nova safra recorde. Mas ainda não atende o consumo interno, que é de 12,2 milhões de toneladas", afirmou o gerente da Coordenação de Agropecuária do IBGE, Mauro Andreazzi.
Apesar da estimativa otimista, Andreazzi ressaltou que o trigo ainda não está sendo plantado, o que torna o dado apenas uma projeção. "Ainda teremos muitas estimativas pela frente, isso pode se concretizar ou não", ponderou. Em termos absolutos, o Paraná deve se firmar como o maior produtor, com 4,045 milhões de toneladas, alta de 8,7% em relação a 2014. A quantidade produzida também é 4,5% maior do que o previsto em fevereiro, a despeito da revisão para baixo da área de plantio na passagem do mês, para 1,350 milhão de hectare (-0,5%).
Mas será o Rio Grande do Sul que puxará a recuperação neste ano. Depois de ficar pouco acima de 1,5 milhão de tonelada no ano passado, a produção de trigo em solo gaúcho deve se aproximar de 3,0 milhões de toneladas, alta de 73,4% em 2015. "O aumento é intenso porque, no ano passado, a safra de trigo quebrou forte no Rio Grande do Sul", explicou Andreazzi.
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