O protocolo 'Não se Cale', criado para proteger mulheres em situações de assédio e violência / Imagem gerado pelo Gemini
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Uma pesquisa da Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-SP) revelou que apenas 25% dos 131 estabelecimentos fiscalizados no estado de São Paulo estão em conformidade com o protocolo 'Não se Cale', criado para proteger mulheres em situações de assédio e violência. Diante do baixo índice de adesão, o órgão anunciou que passará a aplicar multas a quem descumprir as regras.
Segundo a diretora de Assuntos Jurídicos do Procon-SP, Patrícia Dias, os primeiros meses foram voltados à orientação. Reuniões com o setor, divulgação no site da instituição e cursos em parceria com a Secretaria da Mulher do Estado ofereceram suporte para a adaptação.
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'Fizemos reuniões com o segmento, divulgamos no site e viemos orientando. Agora, qualquer estabelecimento que não cumprir as disposições da lei será sancionado com multa', afirmou.
As penalidades variam de 200 a 3 milhões de UFESPs (unidades fiscais do Estado de São Paulo). Cada UFESP equivale hoje a R$ 34,26.
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Entre os problemas mais comuns estão a ausência de cartazes e placas informativas e a falta de capacitação dos funcionários para acolher e orientar vítimas de assédio. Alguns estabelecimentos chegaram a ser autuados.
Para a advogada Ana Paula Braga, especialista em direito das mulheres, a falta de obrigatoriedade efetiva e de fiscalização contribuiu para a baixa adesão.
'O estado de São Paulo fez uma iniciativa de capacitação, mas um dos pontos é que faltou a obrigatoriedade. Obrigar esses estabelecimentos a participar disso, com fiscalização adequada, é essencial', destacou.
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Ela alerta ainda que empresas que negligenciam o protocolo podem sofrer consequências legais e de imagem:
'Se o estabelecimento não está devidamente preparado e acontece um caso de violência ali, ele se torna responsável. Pode ter que indenizar a vítima, responder por sanções do Código de Defesa do Consumidor e ainda enfrentar riscos reputacionais. Com as redes sociais, muitos casos acabam sendo expostos no Instagram ou TikTok e o local fica marcado'.
Segundo Ana Paula, quando bares e restaurantes demonstram preparo, a resposta é imediata. 'Quando a gente tem um ambiente que está devidamente capacitado, a mulher se sente mais encorajada a tomar uma medida. Um estabelecimento que tem essa política clara também coíbe os assediadores. Tudo vai se retroalimentando'.
Adotado em novembro de 2023, o protocolo 'Não se Cale' agora entra em uma fase mais rígida, com a promessa de fiscalizações constantes e multas pesadas para os infratores.
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