Ao levantar um gato pelo cangote, todo o peso do corpo é concentrado em uma área sensível e pequena de pele, o que pode causar dor, microlesões e reações de estresse / Freepik
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Durante anos, segurar um gato pelo cangote — a pele solta na parte de trás do pescoço — foi visto como um gesto inofensivo e até recomendado, sob a justificativa de que “é assim que as mães carregam seus filhotes”.
No entanto, especialistas em comportamento animal alertam que a técnica é prejudicial e obsoleta, especialmente quando aplicada a gatos adultos.
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Ao levantar um gato pelo cangote, todo o peso do corpo é concentrado em uma área sensível e pequena de pele, o que pode causar dor, microlesões e reações de estresse.
Além do desconforto físico, o gesto tem um significado negativo no comportamento felino: entre gatos, morder o pescoço é um ato de domínio ou agressão.
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“Para o gato, esse tipo de toque não é interpretado como cuidado, mas como um ataque”, explica um especialista em comportamento felino. “Isso ativa mecanismos de defesa e pode gerar medo, tensão e até agressividade.”
De fato, gatas transportam seus filhotes pelo cangote — mas somente nas primeiras semanas de vida. Nesse período, os filhotes são leves, e a pele do pescoço é especialmente adaptada a esse tipo de contato.
Com o crescimento, a anatomia muda: o corpo fica mais pesado, e o gesto deixa de ter o mesmo efeito de segurança.
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“O que antes significava proteção materna passa a ser interpretado como violência”, explica a veterinária etóloga entrevistada. “Por isso, muitos gatos adultos reagem tentando fugir ou se defender.”
A etologia, ciência que estuda o comportamento animal, mostra que contenções físicas bruscas elevam os níveis de cortisol, o hormônio do estresse.
Um estudo publicado no Journal of Feline Medicine and Surgery demonstrou que ambientes calmos, silenciosos e controlados reduzem significativamente os sinais de ansiedade em gatos, especialmente durante consultas veterinárias.
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Hoje, existem alternativas muito mais seguras para o manejo felino:
Criar um ambiente tranquilo, sem ruídos ou cheiros fortes (como de cães);
Usar toalhas ou mantas para conter o gato de forma gentil;
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Permitir esconderijos, como caixas ou caminhas cobertas;
Em casos mais delicados, optar por sedação leve e supervisionada, que é menos traumática do que o uso de força física.
A imagem do “gato agressivo” muitas vezes é resultado do medo e da sensação de ameaça. Quando o tutor compreende os sinais do animal, o relacionamento se torna mais tranquilo e baseado em confiança.
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“Segurar pelo cangote não ensina nada ao gato — apenas quebra a confiança com o tutor”, reforça a especialista. “Cuidar de forma respeitosa é o primeiro passo para uma convivência saudável.”
Em resumo, a ciência e o bem-estar animal já deixaram claro: segurar gatos pelo cangote é um método ultrapassado e desnecessário. Evoluir no manejo é mais do que uma questão técnica — é um ato de respeito e empatia com os felinos.