Cotidiano

Esta prática 'inofensiva' pode causar sofrimento e traumatizar o seu gato

Especialistas em comportamento animal alertam que a técnica para segurar é prejudicial e obsoleta, especialmente quando aplicada a gatos adultos

Ana Clara Durazzo

Publicado em 06/10/2025 às 15:45

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

Ao levantar um gato pelo cangote, todo o peso do corpo é concentrado em uma área sensível e pequena de pele, o que pode causar dor, microlesões e reações de estresse / Freepik

Continua depois da publicidade

Durante anos, segurar um gato pelo cangote — a pele solta na parte de trás do pescoço — foi visto como um gesto inofensivo e até recomendado, sob a justificativa de que “é assim que as mães carregam seus filhotes”.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

No entanto, especialistas em comportamento animal alertam que a técnica é prejudicial e obsoleta, especialmente quando aplicada a gatos adultos.

Continua depois da publicidade

Leia Também

• Seu gato morde você? Veja o que isso diz sobre o comportamento felino e saiba evitar

• Seu gato não gosta de alguém? Veja os sinais de que ele virou hater de certas pessoas

• O que seu gato quer dizer com o corpo? Estudo da USP revela sinais felinos

Por que a prática é perigosa

Ao levantar um gato pelo cangote, todo o peso do corpo é concentrado em uma área sensível e pequena de pele, o que pode causar dor, microlesões e reações de estresse.

Além do desconforto físico, o gesto tem um significado negativo no comportamento felino: entre gatos, morder o pescoço é um ato de domínio ou agressão.

Continua depois da publicidade

“Para o gato, esse tipo de toque não é interpretado como cuidado, mas como um ataque”, explica um especialista em comportamento felino. “Isso ativa mecanismos de defesa e pode gerar medo, tensão e até agressividade.”

O argumento das mães não vale para adultos

De fato, gatas transportam seus filhotes pelo cangote — mas somente nas primeiras semanas de vida. Nesse período, os filhotes são leves, e a pele do pescoço é especialmente adaptada a esse tipo de contato.

Com o crescimento, a anatomia muda: o corpo fica mais pesado, e o gesto deixa de ter o mesmo efeito de segurança.

Continua depois da publicidade

“O que antes significava proteção materna passa a ser interpretado como violência”, explica a veterinária etóloga entrevistada. “Por isso, muitos gatos adultos reagem tentando fugir ou se defender.”

 Métodos modernos e respeitosos

A etologia, ciência que estuda o comportamento animal, mostra que contenções físicas bruscas elevam os níveis de cortisol, o hormônio do estresse.

Um estudo publicado no Journal of Feline Medicine and Surgery demonstrou que ambientes calmos, silenciosos e controlados reduzem significativamente os sinais de ansiedade em gatos, especialmente durante consultas veterinárias.

Continua depois da publicidade

Hoje, existem alternativas muito mais seguras para o manejo felino:

Criar um ambiente tranquilo, sem ruídos ou cheiros fortes (como de cães);

Usar toalhas ou mantas para conter o gato de forma gentil;

Continua depois da publicidade

Permitir esconderijos, como caixas ou caminhas cobertas;

Em casos mais delicados, optar por sedação leve e supervisionada, que é menos traumática do que o uso de força física.

Respeito é cuidado

A imagem do “gato agressivo” muitas vezes é resultado do medo e da sensação de ameaça. Quando o tutor compreende os sinais do animal, o relacionamento se torna mais tranquilo e baseado em confiança.

Continua depois da publicidade

“Segurar pelo cangote não ensina nada ao gato — apenas quebra a confiança com o tutor”, reforça a especialista. “Cuidar de forma respeitosa é o primeiro passo para uma convivência saudável.”

Em resumo, a ciência e o bem-estar animal já deixaram claro: segurar gatos pelo cangote é um método ultrapassado e desnecessário. Evoluir no manejo é mais do que uma questão técnica — é um ato de respeito e empatia com os felinos.

Mais Sugestões

Conteúdos Recomendados

©2025 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software