Cotidiano

Espera de 10 anos por novos tempos na Zona Noroeste

Considerado o maior programa municipal de desenvolvimento urbano, social e ambiental pela Prefeitura, as obras previstas no Santos Novos Tempos, só começaram em 2010 e devem ser concluídas em 2015. O programa foi anunciado em 2005

Publicado em 16/09/2011 às 09:54

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Quem mora em casas sustentadas sobre palafitas no Dique da Gilda, em Santos, sabe o que é ter medo da virada no tempo, da mudança dos ventos. Preocupação com o risco de incêndios no calor e com os ventos fortes que destelham as casas é rotina. Dessa forma, para quem vive na adversidade dia após dia, o Programa chamado Santos Novos Tempos da Prefeitura é como transformar pesadelo em sonho.

“A gente dorme e acorda pensando no Santos Novos Tempos porque serão novos tempos para nós”. A declaração é da presidente da Sociedade Pró-Melhoramentos da Vila Gilda, Lucinéia Marques de Lima Souza, a Néia. Aos 52 anos de idade, mãe de seis filhos, Néia mora no Dique da Vila Gilda desde que nasceu.

O Santos Novos Tempos, considerado o maior programa municipal de desenvolvimento urbano, social e ambiental pela Prefeitura para a Zona Noroeste e morros, foi anunciado em 2005, mas as obras que prometem infraestrutura urbana, habitação para a população carente e o fim das enchentes, não caminham na mesma velocidade dos transtornos que assolam a região que tem 15 bairros e aproximadamente 120 mil habitantes.

Segundo o secretário municipal de Desenvolvimento e Assuntos Estratégicos, Márcio Lara, todas as obras devem ser concluídas até fevereiro de 2015. A primeira etapa das obras começou em fevereiro de 2010, após a contratação de financiamento do Banco Mundial no valor de US$ 88 milhões (R$ cerca de R$ 150 milhões) com contrapartida da Prefeitura de 50% desse valor. As obras estão sendo feitas nos bairros Caneleira, Rádio Clube e Saboó.

Na última quinta-feira, Prefeitura e Caixa Econômica Federal assinaram quatro contratos para a liberação de R$ 177 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), sendo R$ 170 milhões para o mega projeto de urbanização da ZNo e o restante para o Programa Municipal de Redução de Riscos nas encostas de 16 morros de Santos.

Na ZNo, o aporte do PAC 2 será investido em obras de macrodrenagem e manejo de águas pluviais nos bairros São Jorge, Caneleira, Bom Retiro e São Manoel, de acordo com Lara. Ao bairro da Alemoa foram destinados recursos do PAC 1. 

Segundo Lara, com os recursos na mão, o próximo passo é aguardar a conclusão dos projetos executivos das obras, que deve ocorrer entre outubro e novembro. A partir daí será dado início às licitações. Lara estima que as obras comecem no primeiro semestre de 2012. ”Esperamos contar com a colaboração e compreensão dos moradores porque a Zona Noroeste vai se transformar em um canteiro de obras”, afirmou Lara, na última quinta-feira.

No entanto, será preciso uma década para que a Zona Noroeste de Santos, de fato, tenha novos tempos, a contar da data do anúncio do programa, em 2005. “O programa vai beneficiar diretamente 7.700 famílias na faixa habitacional, mas na medida em que acabarmos com as enchentes evitando, por exemplo, a paralisação da Avenida Nossa Senhora de Fátima e da Avenida Martins Fontes, na entrada da Cidade, eu diria que essas obras vão beneficiar pelo menos 1,7 milhão que são os moradores da Baixada Santista”, afirmou o secretário Márcio Lara.

Mas Néia disse que dez anos é um tempo curto para quem vive há 50 anos em meio à degradação, condições precárias e a mercê das intempéries do tempo. “Pelo que nós já passamos, esses dez anos são poucos. Essa é a grande esperança de transformação nossa”.

Néia explicou que enquanto as famílias que moram sobre palafitas sofrem com a força do vento e com o risco de incêndio iminente, quem mora no entorno, fora do mangue, sofre com as enchentes. Mas, a líder comunitária do Dique da Vila Gilda está confiante na solução de todos esses problemas com as melhorias que virão. Só no Dique da Vila Gilda, Néia estima que morem 17 mil famílias, cerca de 30 mil pessoas. “O Santos Novos Tempos vai beneficiar todo mundo”, declarou.
O Santos Novos Tempos ainda abrange ações voltadas à qualificação profissional e inclusão digital.

Atraso X técnica

Seis anos depois de anunciado o programa, o prefeito João Paulo Tavares Papa esclareceu, na última quinta-feira, que não houve atraso no início das obras. “Não é atraso, é tempo investido na melhor técnica. É cuidado com as pessoas. O fundamental é fazer bem feito. Não quis correr riscos com obras pequenas”, explicou o prefeito.

Sistema viário

O programa também contará com melhorias no sistema viário, como a criação de uma ciclovia na futura avenida beira-rio, ao lado do Dique da Vila Gilda, e a interligação dos bairros Rádio Clube e Bom Retiro com o São Manoel, por meio de uma ponte, além da construção de viaduto ligando a Via Anchieta ao Bom Retiro.

Habitação

Segundo a Prefeitura, o Santos Novos Tempos está integrado a um amplo programa habitacional, que prevê a construção de 5.400 novas moradias e melhora das condições de outras 2.200 casas em áreas consolidadas. Deste total, foram edificadas 1.383 unidades, das quais 1.240 são destinadas a moradores da Zona Noroeste: conjuntos habitacionais na Areia Branca – Estradão (500 unidades), Morro da Nova Cintra - Cruzeiro do Sul (160 unidades, destinadas às famílias da Alemoa vítimas de incêndio), Vila Gilda (80), Vila Pelé 2 (480) e Vila Alemoa (20).

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