O nascimento é fruto de um trabalho multidisciplinar / Divulgação
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A rolinha-do-planalto (Columbina cyanopis), ave do Cerrado brasileiro criticamente ameaçada de extinção, se reproduz em cativeiro pela primeira vez no mundo. O nascimento de um filhote aconteceu em julho e reacendeu as esperanças dos especialistas que lutam contra a extinção da espécie.
A boa notícia veio do Parque das Aves, localizado em Foz do Iguaçu (PR), e representa um avanço para a conservação da espécie, especialmente por se tratar de uma ave classificada como Criticamente em Perigo pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
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O nascimento é fruto de um trabalho multidisciplinar que envolveu planejamento ambiental, manejo reprodutivo, incubação, cuidados neonatais e parceria com instituições como a SAVE Brasil. O filhote nasceu a partir da união de um casal que já vivia no Parque das Aves, sendo que a fêmea chegou em março de 2023 e o macho, em abril de 2024.
A visitação nos habitats da cidade mineira onde a rolinha-do-planalto vive está suspensa durante todo o ano de 2025. O anúncio foi feito pela SAVE Brasil que, mesmo considerando que a observação de aves é uma atividade de baixo impacto, optou por priorizar o bem-estar da espécie.
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A medida foi anunciada no começo de 2025, após o censo anual contabilizar apenas 11 indivíduos vivendo nos locais conhecidos onde ela potencialmente habita, que são a Reserva Natural Rolinha-do-Planalto e o Parque Estadual de Botumirim, em Minas Gerais.
"A visitação, por mais controlada que seja, ainda representa uma interferência no habitat. E, nesse momento, precisamos garantir as melhores condições para a sobrevivência da rolinha", explica a equipe em nota.
Além da baixa contagem, pesquisadores também identificaram mudanças no comportamento das aves, que estão mais retraídas diante da presença humana e passaram a frequentar áreas de vegetação mais fechada, dificultando a visualização e indicando maior estresse ambiental.
Endêmica do Cerrado, a rolinha-do-planalto não existe em nenhum outro lugar do planeta e sua população conhecida em ambiente natural é estimada em apenas 15 indivíduos. Chegou a ser considerada extinta, ficando desaparecida por 75 anos, até ser redescoberta em 2015. Desde então, organizações como a SAVE Brasil atuam para salvar a espécie.
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Há seis indivíduos dessa espécie no Parque das Aves, sendo dois casais reprodutivos. A ideia é que, no futuro, esses animais formem uma população estável e geneticamente capaz de ser reintroduzida em áreas protegidas do Cerrado. Há pelo menos oito anos, o Parque das Aves se dedica à preservação da ave, com foco na reprodução em cativeiro.