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Cotidiano

Empresários vão contratar mais e em regime de CLT em 2019

Amcham ouviu 550 empresários e executivos. Destes, 51% vão contratar colaboradores neste ano apostando nas reformas estruturais do governo, como a da Previdência

Bárbara Farias

Publicado em 16/02/2019 às 08:00

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Segundo a pesquisa, a maioria das empresas vai contratar colaboradores pelo regime de CLT / Divulgação

Este ano poderá ser promissor no mercado de trabalho com aumento da oferta de emprego na iniciativa privada. Uma pesquisa realizada pela Câmara Americana de Comércio no Brasil (Amcham Brasil) junto a 550 presidentes e diretores de empresas aponta que a maioria (51%) vai contratar mais trabalhadores ao longo de 2019.

A pesquisa, denominada “Plano de Voo Amcham: perspectivas empresariais 2019”, também constatou que a maioria pretende contratar trabalhadores pelo regime de CLT. Conforme a sondagem, dos 51% que pretendem contratar neste ano, 36% vão admitir colaboradores pelo regime de CLT, e somente 15% por meio de novos tipos de contrato que a nova lei trabalhista possibilita. No entanto, o levantamento também constatou que 37% dos executivos não pretendem abrir vagas, enquanto 12% não definiram.

 “O clima é de otimismo. Detectamos que os empresários brasileiros estão confiantes na capacidade do governo de conduzir as reformas estruturais que o Brasil precisa, em especial, a da Previdência”, comentou Deborah Vieitas, CEO da Amcham Brasil. A Câmara Americana de Comércio reúne no Brasil cinco mil empresas, em 15 cidades, sendo 85% delas de origem brasileira.  

Em relação à maior oferta de vagas pelo regime de CLT, o advogado trabalhista e empresarial Manoel Rogelio Garcia analisa que isso prova que a reforma não prejudicou o trabalhador.

“É uma prova de que o empregador não quer um empregado submisso, escravizado, ele quer uma relação de trabalho sadia, em que o empregado saia satisfeito dessa relação e o empregador também tenha frutos dessa relação. Isso gera um aquecimento na economia porque o empregado tem uma fonte de renda e o empregador está tendo uma remuneração desse lucro”, afirmou.

“A nova legislação trabalhista não atacou os direitos constitucionais do trabalhador, aqueles que são garantidos no artigo sétimo da Constituição, até porque, para isso, deveria ter uma emenda constitucional e não foi feita. Foi feita apenas uma reforma modificando alguns artigos da CLT. Eu não vejo que o trabalhador perdeu direitos, houve uma certa flexibilização e alguns pontos que havia a necessidade de serem modificados”, disse Rogelio.

No entanto, o especialista não acredita que o aumento da oferta de emprego esteja relacionada diretamente à nova legislação trabalhista. “Não foi a nova legislação que facilitou a abertura de vagas, mas deu impulso à motivação dos empregadores, uma relação entre patrão e empregado mais equilibrada, sem a questão de que o trabalhador era o hipossuficiente da relação”.

Ainda conforme a pesquisa, o ritmo de crescimento e contratação de mão de obra vai depender de alguns fatores. O primeiro, apontado por 42%, é o aumento da competitividade da economia, o que vai exigir firmeza na condução dessas reformas estruturais aguardadas pelos empresários.

Na sequência, os empresários entrevistados citam dois fatores cruciais para a retomada das contratações: o aumento do consumo (33%) e maiores investimentos em infraestrutura (22%), que exige – entre outras ações – mecanismos a serem oferecidos pelo novo governo para diminuir riscos implícitos de contratos.
Produtividade para crescer

As empresas também estão planejando ações de expansão em 2019. Para a maioria dos pesquisados pela Amcham, o crescimento vai ser com produtividade em processos, produção e equipe. É o que respondeu 43%, quando perguntados sobre a prioridade do negócio. Destaque para o foco em inovação e digitalização do portfólio de produtos e serviços (21%), ampliação geográfica de mercado (12%) e aquisição ou investimentos em novos negócios (11%).

As companhias também planejam investimentos em áreas consideradas como não prioritárias pelo novo governo. Para compensar, as empresas vão investir de maneira redobrada em educação, capacitação e treinamento para colaboradores (38%), inovação (33%), sustentabilidade (18%) e diversidade (12%). Em janeiro, por exemplo, o governo sinalizou cortes de verba no Sistema S (Senai, Senac e Sebrae).

Em relação ao uso de novas tecnologias no negócio, 42% do empresariado respondeu que os investimentos serão para melhoria de processos, com foco em aumento de eficiência e da produtividade. Também serão feitos investimentos em ferramentas para melhorar a experiência do cliente (34%) e detecção de produtos e novos modelos de negócios, com foco em análise de dados e incorporação de serviços digitais ao produto (17%).

Expectativas de crescimento

A economia vai crescer em 2019 para 99% do público. Só há divergência quanto ao ritmo: 69% acham que o PIB aumenta até 2%, enquanto 30% é mais otimista e considera que será mais que 2%.

O otimismo quanto ao crescimento é pontual para 52% e baseado no voto confiança ainda sem base concreta que garanta uma melhora da economia. Mas 45% acha que o cenário de crescimento é concreto e segue em virtude da nova agenda econômica e ajustes prometidos pelo novo governo.

Diante de um cenário macroeconômico positivo, 34% do empresariado respondeu que suas respectivas empresas vão crescer entre 5% e 10% este ano. Outros 28% estimam /expansão de 10% nos seus negócios, enquanto 27% projetam crescimento de até 5%. E 10% responderam que não haverá crescimento.

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