Empresário que tomou Jeep de ex-funcionária ostentava vida de luxo e laços com Neymar

A prisão do empresário durante a Operação Narco Vela, na última terça-feira (29), trouxe à tona um histórico de ostentação, polêmicas e conexões com o mundo do futebol. Aos 29 anos, ele comandava a Quadri Contabilidade, empresa envolvida em investigações por lavagem de dinheiro e tráfico internacional de drogas. 

O caso ganhou visibilidade também pela polêmica envolvendo o sorteio de um carro de luxo para uma funcionária que foi posteriormente demitida.

A atuação do gestor ia além do mundo contábil. Ele se apresentava como investidor do Atlético Monte Azul, clube que se tornou Sociedade Anônima do Futebol (SAF) em 2023 e é atualmente gerido por Neymar Pai e Émerson Sheik. 

O envolvimento com o universo esportivo incluía também aparições em redes sociais ao lado de Neymar Jr., com quem afirmava ter iniciado uma amizade. As publicações, no entanto, foram apagadas após a prisão.

Carros de luxo e conexões no futebol

O empresário chamou atenção não apenas por suas ligações com o futebol, mas também pelo estilo de vida ostentador. Veículos de alto padrão, como uma Lamborghini Urus roxa avaliada em até R$ 4 milhões, foram apreendidos pela Polícia Federal durante a operação. 

Outro automóvel, uma Ferrari 296 GTB estimada em R$ 4,2 milhões, foi encontrado na Riviera de São Lourenço, em Bertioga, no litoral paulista.

Em fevereiro, o Atlético Monte Azul, clube no qual o empresário dizia ser investidor, anunciou Jota Amâncio, amigo próximo de Neymar, como presidente da SAF. 

A equipe, que chegou a ser rebaixada para a Série A3 do Campeonato Paulista, hoje ocupa posição de destaque na mesma divisão. 

O envolvimento do administrador com a equipe somava-se às tentativas de se projetar no meio esportivo, algo que ele também mencionava nas redes como fruto da sua atuação na contabilidade.

Operação Narco Vela

A Operação Narco Vela tem como objetivo desmantelar uma organização criminosa especializada no envio de drogas do Brasil para Europa e África por meio de embarcações. 

A investigação começou após a apreensão de três toneladas de cocaína em um veleiro na costa africana, em 2023. Desde então, as apurações revelaram que a quadrilha utilizava lanchas rápidas na Baixada Santista para o transporte da droga até o mar, onde pequenas embarcações realizavam a travessia internacional.

Outro braço da organização funcionava em Limeira, no interior paulista, e era responsável pela contratação de barcos maiores e pelo contato direto com fornecedores de entorpecentes em países como Bolívia, Peru e Colômbia. 

A prisão do empresário ocorreu após a polícia encontrar uma arma de fogo dentro de sua Lamborghini, o que contribuiu para sua detenção. Ao todo, 23 pessoas foram presas e quatro brasileiros continuam foragidos no exterior.

Polêmica do Jeep Compass

Antes mesmo de ser preso, o proprietário da Quadri Contabilidade já era alvo de críticas após um episódio envolvendo o sorteio de um Jeep Compass durante a confraternização da sua empresa. 

A vencedora, Larissa Amaral da Silva, de 25 anos, relatou que o carro tinha diversos problemas mecânicos e exigiu cerca de R$ 10 mil em reparos. Pouco tempo depois, foi demitida e teve o veículo retomado pela firma.

De acordo com a funcionária, o prêmio veio com exigências implícitas, como a obrigação de permanecer na empresa por um ano e custear campanhas beneficentes com recursos próprios. 

O carro, anunciado como sendo de R$ 100 mil, seria na verdade sinistrado e valeria menos. Larissa, que já recusou uma proposta de acordo por parte da instituição, promete levar o caso à Justiça.

A trajetória do empresário, marcada por aparições públicas com celebridades, investimentos no futebol e uma vida de luxo, contrasta com o avanço das investigações da Polícia Federal.