Unidade deverá ficar próxima a aterro e gases não poluentes de chaminé não devem deixar área e se espalhar pelo restante da cidade / Reprodução
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A Valoriza Energia, empresa idealizadora dentro do Brasil de mais de um projeto de termovalorização, afirma que está em tratativas com as autoridades competentes para instalar uma unidade de recuperação energética (URE), na Baixada Santista, e deverá dedicar as próximas semanas a esclarecer para o público que o empreendimento não se trata de um incinerador de lixo ao mesmo tempo em que não possui a intenção de tomar o lugar de nenhuma categoria ou cooperativa.
Em entrevista ao Diário do Litoral, a equipe da Valoriza afirma que há muita desinformação sobre o tema sendo divulgada por redes sociais e de boca em boca, mas os integrantes da equipe afirmam que algumas certezas o público pode ter: eles não irão queimar lixo e tampouco tirarão o espaço atualmente ocupado por outras pessoas.
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"Não é um incinerador, Santos não vai ter incinerador. A URE é uma unidade de recuperação energética, nós estamos usando tecnologia italiana para trabalhar o lixo. Nós temos um sistema que faz a secagem do material e aumenta o poder calorífico dele. Nós fazemos a abertura dos sacos de lixos, retiramos os materiais de ferro de forma magnética e transportamos os resíduos por meio de um túnel e iniciamos num processo de oxigenação desse material. Esse lixo tem chorume, muitos elementos químicos e é feita esta limpeza, uma degradação do material e ele diminui em volume e tem umidade baixa. Na sequência ele passa por mais alguns processos de limpeza que vai separar este material de objetos como vidros, ossos, antes de ir para um triturador. Tudo que é grande se transforma em partículas de no máximo 50 milímetros e não temos mais lixo, ele passa a ser um combustível derivado", afirma Enio Remondi, gestor do projeto.
O engenheiro Antonio de Mello Neto afirma que o produto final deste processo de múltiplas limpezas do lixo e separação é conhecido como CDR, sigla para 'combustível derivado de resíduos', que na sequência é destinado a caldeiras térmicas para gerar energia elétrica.
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"Hoje o CDR já é utilizado no Brasil como combustível da mesma forma como o carvão e biomassa, quase todas as cimenteiras usam o CDR para queimar e fabricar cimento. Não é um processo inovador, o que é inovador é que nós vamos primeiro pegar esse rejeito e transformar ele em um combustível. E que rejeito é esse? Porque isso é importante. Tudo que vamos usar, com o que vamos trabalhar, é sobra", explica.
Desde o começo da divulgação do projeto da Valoriza Energia, as informações de que a unidade que a instituição pretende instalar em Santos utilizaria o lixo geraram receio de diversas pessoas e cooperativas que trabalham com a reciclagem de materiais como plástico e principalmente metais.
Durante as últimas semanas, a Câmara dos Vereadores de Santos cedeu o espaço da tribuna cidadã para integrantes da categoria que receavam uma dificuldade extra em suas atividades com a chegada do novo empreendimento, mas a empresa explica que a URE só poderá funcionar de maneira mais eficiente caso o município de Santos intensifique ainda mais o trabalho de reciclagem feito por cooperativas e também pelos moradores em suas residências.
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"Nós vamos usar material não reciclável, tanto que temos um equipamento que vai separar metal e se ele não estivesse lá, nós também nem precisaríamos dele. Temos também um equipamento para retirar vidro, ou seja, quanto melhor for a coleta seletiva, melhor vai ser nosso processo. A gente não precisa desse material, ele não vai gerar energia", diz Mello.
"O que tem que ficar claro é que o material que vamos utilizar para gerar combustível derivado de resíduos é o material não reciclável, o material contaminado, o rejeito, como fraldas, papel higiênico. A categoria dos catadores não precisa se preocupar, tanto que precisamos que eles incrementem o nosso trabalho. Quanto mais o poder público investir na coleta seletiva, melhor será o processo para nós", reafirma Remondi.
A unidade também deverá possuir uma chaminé, mas a equipe garante que o gás que será lançado no ar será filtrado previamente, o que o tornará não poluente, e não deverá deixar a área do aterro. Com a fabricação de energia, a equipe pretende que a URE seja autossustentável e tudo o que sobrar poderá ser utilizado pelo município ou enviado para outro local, embora isso ainda não esteja definido.
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"É possível até que isso venha a suprir a necessidade de mais energia durante os períodos de alta temporada em Santos, acabando com as quedas de luz durante o verão".
Atualmente, a Valoriza Energia está em tratativas com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) e prevê, caso não enfrente contratempos, uma entrega do equipamento em março de 2023. A unidade de recuperação energética, batizada de URE Valoriza Santos, deverá ficar na região na área do aterro sanitário CGR Terrestre, também chamado de Sítio das Neves, localizado na Área Continental do município.
A empresa promoverá um encontro com coletores e cooperativas hoje (18) para informar que não deverá alterar a rotina da categoria e uma audiência pública online está marcada para 1º de outubro com o objetivo de tranquilizar a população da Baixada Santista sobre informações falsas que atestavam possibilidade de impactos negativos no meio ambiente da Região.
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