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Cotidiano

Em SP, shopping corta o dobro de árvores que poderia

A obra resultou no corte de 345 árvores, mas a autorização da Prefeitura era para a remoção de 156. A construtora admite o erro e diz que vai fazer a compensação ambiental

Publicado em 02/06/2014 às 11:12

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 Bem ao lado da entrada do Parque Estadual da Cantareira, na zona norte de São Paulo, a Constru Tec está erguendo, em uma área de 70 mil metros quadrados já desmatada, o Cantareira Norte Shopping, um complexo que terá 223 lojas e cinco salas de cinema na região do Parque Taipas. A obra resultou no corte de 345 árvores, mas a autorização da Prefeitura era para a remoção de 156. A construtora admite o erro e diz que vai fazer a compensação ambiental com o plantio de 4.560 mudas em três locais da região.

A obra abriu um clarão bem ao lado da Serra da Cantareira e despertou a ira de ambientalistas que moram na região. Por outro lado, a maior parte dos moradores de Taipas, vizinhos do empreendimento, apoia a construção do centro de compras, que tem previsão de criar pelo menos 2 mil empregos diretos. "Fora a valorização que teremos aqui dos nossos imóveis do bairro. Aliás, tudo já está valendo mais por aqui desde que a obra começou. Vamos ter até cinema agora", argumenta Nelson Jeremias da Silva, de 45 anos, líder comunitário no Parque Taipas.

O shopping vai ter o mesmo tamanho do Tietê Plaza Shopping, localizado na saída para a Rodovia dos Bandeirantes, em Pirituba, também na zona norte. A construtora informou que o corte de quase 200 árvores além do autorizado pela administração municipal ocorreu por um erro da empresa contratada para fazer a preparação do terreno, antes do início das obras. "Houve um dano lá atrás que agora está sendo sanado", informou a empresa.

Críticas

A licença para o início das obras foi concedida pelo governo municipal no dia 12 de março. "Toda essa área do shopping que foi desmatada e impermeabilizada era mata da serra. E agora, por causa do fluxo diário de caminhões na obra, o asfalto está afundando aqui na Estrada do Corredor. Eles também fecharam uma rua que ligava o Parque Imperial à Avenida José Gianesella", reclama o engenheiro e ambientalista Carlos Reimann, de 56 anos, morador na Cantareira há três décadas. "Quem quer morar aqui quer ter sossego, não quer ter shopping center. A obra está a 14 metros da entrada do parque estadual", emendou.

O shopping informou que a construção não está sendo feita em área de preservação, apesar de ficar ao lado da Cantareira. A Prefeitura afirmou que a obra está regular. "Mesmo após a conclusão das obras, haverá a fiscalização do plano compensatório", informou a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente.

Carência

A posição de ambientalistas que moram em chácaras e condomínios ao longo da Estrada de Santa Inês contrasta com a de comerciantes e moradores de bairros como Parque Taipas, Jardim Damasceno e Jardim Peri Alto, em uma região populosa e com poucas opções de lazer.

"Isso aqui vai ser uma maravilha, com cinema, praça de alimentação. A mata que ficava aqui era lugar para desova de carros roubados, para esconderijo de bandido", afirma o aposentado Ronaldo Fercundini, de 65 anos, que mora ao lado do futuro shopping.

Entre os jovens de Taipas, a contagem é regressiva para a chegada do shopping. "Daqui até o Tietê Plaza (o shopping mais próximo) a gente leva mais de uma hora, tem de pegar dois ônibus. Para quem mora em Caieiras, é mais longe ainda, são três ônibus até o shopping", conta Raphael Bodelacci da Silva, estudante de 21 anos e morador no Jardim Damasceno.

A previsão de conclusão do shopping é para o fim de 2015. O andamento das obras pode ser visto em uma página no Facebook criada pela Control Tec, com o nome Cantareira Norte Shopping. 

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