25 de Abril de 2024 • 06:26
As famílias desabrigadas pelas últimas chuvas do dia 22 de fevereiro em Cubatão e que estão ocupando casas (construídas pelo Governo do Estado) e apartamentos (erguidos pela Prefeitura) inacabados no Bolsão 9 vivem dias de apreensão e incerteza.
O auxílio-moradia oferecido a elas, de R$ 400,00 mensais, é considerado insuficiente para o pagamento de aluguel em um imóvel com mínimo de infraestrutura. Há também a falta de garantia de que esse benefício seja concedido por tempo duradouro. Até sexta-feira, está suspensa a ordem judicial para remoção das famílias.
Enquanto aguardam uma definição do Governo do Estado e da Prefeitura, as famílias — número estimado entre 700 e 800 — passam aperto. Sem água nas residências, os moradores não sentem vergonha de dizer que usam “o matinho” para suas necessidades fisiológicas. A água chega até a frente das casas e alguns conseguem tomar banho de mangueira.
A energia elétrica também chega improvisada. “Gatos” na rede fazem os moradores terem acesso a ventiladores e TVs. Sem portas e janelas, a separação com a rua é feita improvisadamente por lençóis ou cobertas.
Sem volta
“Não temos como voltar para onde estávamos”, atestam Gilmar Silva Medeiros, que teve a residência na Vila Esperança destruída pela força das águas, e Nivaldo Avelino Lopes, que morava com o sobrinho em uma residência na Vila Esperança.
Daiana Cordeiro dos Santos se tornou uma das líderes das famílias. Ela afirma que a organização do grupo tem contado com a ajuda da Associação dos Cortiços do Centro, uma ONG santista que luta por moradias populares.
Um dos problemas enfrentados agora pelos moradores é a dificuldade de acesso às doações. Segundo Diana, somente as famílias cadastradas em programas habitacionais estão recebendo os donativos.
As famílias — que se intitulam de ocupantes, e não invasores — estão precisando de colchões e alimentos. Segundo Diana, moradores dos bolsões 7 e 8 estão ajudando os que estão no Bolsão 9 a não passar fome.
O auxílio-moradia anunciado pelo Governo do Estado, de R$ 400,00, é considerado insuficiente. “Não resolve a vida de ninguém. Por menos de R$ 500,00 não se consegue nada além de um cômodo com banheiro, caindo aos pedaços”.
O entendimento de Daiana é de que as famílias não são invasoras, mas ocupantes, porque não havia moradores. “Os apartamentos dos prédios estão embargados desde 2007, e as casas não passaram por sorteio para definir quem ficaria”.
Um encontro, possivelmente na quinta-feira pela manhã, com representantes da Defensoria do Estado pode dar uma nova esperança às famílias.
Polícia
A denúncia foi feita pela mãe da vítima, que tem 18 anos.
Polícia
O garoto é cuidado pelo pai e pela avó, que têm a guarda compartilhada dele após uma tutela de urgência