X

Cotidiano

Em Cubatão, famílias do Bolsão 9 estão apreensivas

Entre 700 e 800 famílias aguardam definição de seus destinos; a ordem de remoção está suspensa até sexta-feira

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 05/03/2013 às 17:39

Comentar:

Compartilhe:

A-

A+

As famílias desabrigadas pelas últimas chuvas do dia 22 de fevereiro em Cubatão e que estão ocupando casas (construídas pelo Governo do Estado) e apartamentos (erguidos pela Prefeitura) inacabados no Bolsão 9 vivem dias de apreensão e incerteza.

O auxílio-moradia oferecido a elas, de R$ 400,00 mensais, é considerado insuficiente para o pagamento de aluguel em um imóvel com mínimo de infraestrutura. Há também a falta de garantia de que esse benefício seja concedido por tempo duradouro. Até sexta-feira, está suspensa a ordem judicial para remoção das famílias.

Enquanto aguardam uma definição do Governo do Estado e da Prefeitura, as famílias — número estimado entre 700 e 800 — passam aperto. Sem água nas residências, os moradores não sentem vergonha de dizer que usam “o matinho” para suas necessidades fisiológicas. A água chega até a frente das casas e alguns conseguem tomar banho de mangueira.

A energia elétrica também chega improvisada. “Gatos” na rede fazem os moradores terem acesso a ventiladores e TVs. Sem portas e janelas, a separação com a rua é feita improvisadamente por lençóis ou cobertas.

A água chega de forma improvisada nas moradias inacabadas (Foto: Luiz Torres/DL)

Sem volta

“Não temos como voltar para onde estávamos”, atestam Gilmar Silva Medeiros, que teve a residência na Vila Esperança destruída pela força das águas, e Nivaldo Avelino Lopes, que morava com o sobrinho em uma residência na Vila Esperança.

Daiana Cordeiro dos Santos se tornou uma das líderes das famílias. Ela afirma que a organização do grupo tem contado com a ajuda da Associação dos Cortiços do Centro, uma ONG santista que luta por moradias populares.

Um dos problemas enfrentados agora pelos moradores é a dificuldade de acesso às doações. Segundo Diana, somente as famílias cadastradas em programas habitacionais estão recebendo os donativos.

As famílias — que se intitulam de ocupantes, e não invasores — estão precisando de colchões e alimentos. Segundo Diana, moradores dos bolsões 7 e 8 estão ajudando os que estão no Bolsão 9 a não passar fome.

O auxílio-moradia anunciado pelo Governo do Estado, de R$ 400,00, é considerado insuficiente. “Não resolve a vida de ninguém. Por menos de R$ 500,00 não se consegue nada além de um cômodo com banheiro, caindo aos pedaços”.

O entendimento de Daiana é de que as famílias não são invasoras, mas ocupantes, porque não havia moradores. “Os apartamentos dos prédios estão embargados desde 2007, e as casas não passaram por sorteio para definir quem ficaria”.

Um encontro, possivelmente na quinta-feira pela manhã, com representantes da Defensoria do Estado pode dar uma nova esperança às famílias.

Apoie o Diário do Litoral
A sua ajuda é fundamental para nós do Diário do Litoral. Por meio do seu apoio conseguiremos elaborar mais reportagens investigativas e produzir matérias especiais mais aprofundadas.

O jornalismo independente e investigativo é o alicerce de uma sociedade mais justa. Nós do Diário do Litoral temos esse compromisso com você, leitor, mantendo nossas notícias e plataformas acessíveis a todos de forma gratuita. Acreditamos que todo cidadão tem o direito a informações verdadeiras para se manter atualizado no mundo em que vivemos.

Para o Diário do Litoral continuar esse trabalho vital, contamos com a generosidade daqueles que têm a capacidade de contribuir. Se você puder, ajude-nos com uma doação mensal ou única, a partir de apenas R$ 5. Leva menos de um minuto para você mostrar o seu apoio.

Obrigado por fazer parte do nosso compromisso com o jornalismo verdadeiro.

VEJA TAMBÉM

ÚLTIMAS

Polícia

Homem bate em companheira grávida e é preso em Bertioga

A denúncia foi feita pela mãe da vítima, que tem 18 anos.

Polícia

Mãe toma criança das mãos da avó e desaparece em Santos; ASSISTA

O garoto é cuidado pelo pai e pela avó, que têm a guarda compartilhada dele após uma tutela de urgência

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software

Newsletter