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Cotidiano

Eleições do Santos FC vão para as mãos do Gaeco

Santos FC aguardará a conclusão da investigação para adotar as medidas cabíveis

Carlos Ratton

Publicado em 08/12/2017 às 10:33

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Os autores da denúncia foram os três candidatos de oposição à presidência do clube - Nabil Khaznadar, José Carlos Peres e Andrés Rueda / Divulgação

As eleições de amanhã no Santos Futebol Clube começam nas urnas mas podem terminar na Justiça. Ontem, faltando pouco menos de 48 horas para o pleito, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público (MP), recebeu denúncias e deve, nos próximos dias, começar a investigar os 2.098 novos sócios que ingressaram no clube há 17 dias do prazo legal para se tornarem aptos a votar – 9 de dezembro de 2016 (um ano antes das eleições). Santos FC aguardará a conclusão da investigação para adotar as medidas cabíveis.   

Os autores da denúncia foram os três candidatos de oposição à presidência do clube - Nabil Khaznadar, José Carlos Peres e Andrés Rueda. Eles pedem, além da investigação – que visa apurar eventual prática criminosa relacionada ao crescimento suspeito no número de sócios – que o Gaeco acompanhe o pleito verificando lista de votantes, principalmente das três urnas onde serão depositados os votos dos novos associados.

Após a denúncia formal, os três concederam entrevista, no salão do Conjunto Helbor Offices Vila Rica - na Avenida Conselheiro Nébias, 754/756 – onde fica a sede do Gaeco. Eles fizeram questão de ressaltar que não têm provas e que apenas se basearam nas denúncias veiculadas no canal de esportes ESPN, repercutidas posteriormente pela jornalista Gabriela Moreira, que também tem um blog no site do canal.  

Segundo já foi revelado, empresários supostamente ligados ao candidato Modesto Roma Júnior (atual presidente do clube e candidato à reeleição) estariam efetuando pagamentos para mais de duas mil pessoas, que se tornaram sócias do Santos pouco antes do prazo legal para garantir participação no pleito. O volume de novos associados, em três meses, foi dois terços maior do que todo o ano. A jornalista chegou a postar recibos dos depósitos e apontar alguns nomes.

“Entre setembro e novembro do ano passado, houve um aumento significativo do número de sócios. Nos sentimos prejudicados e queremos que o Gaeco vá fundo e investigue a situação”, afirmou Nabil Khaznadar, o primeiro a responder as perguntas dos jornalistas presentes à coletiva. “As denúncias, via Imprensa, de até funcionários do clube supostamente fazendo pagamentos para alguns sócios, são gravíssimas e colocam sob suspeição membros da atual diretoria e empresários. Isso nos deixa com uma enorme vergonha do que vem ocorrendo no ano político do clube, cujo nome está sendo jogado na lata do lixo e deverá demorar muito para recuperar. Não temos provas, que devem ser levantadas pela Polícia e pelo Gaeco”, disse Andrés Rueda. Eles não revelaram nomes de funcionários, mas suspeitam que tenha sido para pagamento dos sócios recém inscritos.

José Carlos Peres disse que, por enquanto, a ação será somente de pedir investigação ao Gaeco. “A torcida está nos cobrando uma posição e é o que estamos fazendo. Estamos passando para o mercado (do futebol) a imagem de uma possível virada de mesa. Estamos vacinados sobre o que ocorreu no Vasco da Gama (clube carioca). Não podemos ficar passivos com o que está ocorrendo e exigimos lisura no pleito de sábado”, disse.

Sem suspender

Os candidatos não veem a necessidade de pedir suspensão das eleições, disseram que as três chapas irão reforçar a fiscalização amanhã e lamentaram que o pleito poderá acabar na Justiça. “Não existe uma possibilidade concreta de isso ocorrer, vai depender da ação do Gaeco”, disse Rueda. No complemento, Peres disse que o problema foi levado ao Conselho Deliberativo do clube, que atendeu um pedido de colocar os 2.098 novos sócios nas três últimas urnas de votação.

Eles informaram também que uma lista com nomes e datas de associação, com CPF, só foi fornecida à oposição após pedido formal no Clube e até vislumbraram uma futura mudança no estatuto do Santos para evitar esses tipos de problemas nas próximas eleições. “É muito precoce se falar de uma mudança estatutária, mas seria importante criar mais segurança em relação ao cadastro dos sócios”, disse Peres.

“Quando a atual gestão pegou o clube, havia 56 mil sócios. Está entregando o Santos com cerca de 22 mil. Estranhamente, houve uma queda abrupta nos três últimos anos e um aumento significativo de mais de dois mil sócios em dois ou três meses. Que coisa engraçada, não. Por isso estamos acionando o Gaeco”, finalizou Nabil.

Ação

Paralelamente a ação dos presidentes, o juiz de Direito da Primeira Vara Cível de Santos, Paulo Sérgio Mangerona, está analisando a denúncia do comerciante e sócio do clube, Marcelo Medrado contra Modesto Roma e o candidato a vice-presidente Cesar Augusto Conforti.

Medrado ingressou com uma ação, com pedido de tutela antecipada de urgência, pedindo à Justiça a cassação da candidatura de ambos e excluindo a Chapa Santos Gigante, do pleito deste final de semana.
Marcelo Medrado se baseia, principalmente, no argumento de que em 27 de abril do ano passado, o Conselho Deliberativo do clube reprovou as contas de Modesto Roma, relativas ao ano anterior – 2015, o que infringe o artigo 68 do Estatuto Social do Santos FC.

Além disso, acusa Roma de usar as dependências do clube para fazer política em busca da reeleição.

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