Dono da empresa que tomou Jeep de ex-funcionária é detido em operação da PF

O proprietário da empresa Quadri Contabilidade foi detido em flagrante pela Polícia Federal nesta terça-feira (29), na cidade de São Paulo, por portar uma arma de fogo de forma irregular. A detenção aconteceu durante a execução da operação Narco Vela, que investiga o tráfico de entorpecentes em nível internacional.

O empresário já havia ganhado notoriedade recentemente, após promover um sorteio de um automóvel em uma confraternização da empresa e, posteriormente, retirar o prêmio da funcionária vencedora. 

Segundo alegações dele, a colaboradora teria violado normas internas estipuladas para a premiação. Ela acabou desligada do quadro de funcionários sob a acusação de má conduta profissional.

Alvo da operação

Conforme relatado anteriormente pela Reportagem, a ação da Polícia Federal, batizada como Operação Narco Vela, teve início nas primeiras horas da manhã e já resultou na prisão de 24 pessoas, segundo informações divulgadas pelas autoridades. 

Foram cumpridos, ao todo, 62 mandados de busca e apreensão, além de 4 prisões preventivas e 31 de caráter temporário. A operação se estende por cinco estados brasileiros e também alcança os Estados Unidos, Paraguai e Itália.

O empresário foi alvo de mandados que envolvem imóveis e endereços nas cidades de Santos, São Paulo e Bertioga. 

No momento da abordagem, a arma foi localizada no interior do carro em que ele estava, o que levou à sua detenção por porte ilegal. 

Também foram apreendidos veículos de alto padrão, bens bloqueados e contas bancárias vinculadas ao investigado.

Origem das investigações

As apurações da PF começaram após uma comunicação oficial da agência antidrogas norte-americana (DEA), que relatou a interceptação de um veleiro de bandeira brasileira com 3 toneladas de cocaína próximo à costa africana, em fevereiro de 2023.

A partir desse episódio, a investigação revelou uma sofisticada rede criminosa que utilizava rotas marítimas intercontinentais para escoar a droga. 

Os entorpecentes saíam da Baixada Santista, eram transportados por embarcações rápidas até o alto-mar e, de lá, transferidos para veleiros e barcos de pesca rumo à África, onde a carga era recolhida por outros meios. Já foram confiscadas cerca de 8 toneladas de cocaína ligadas à organização.

Premiação contestada

Em dezembro de 2024, a Quadri Contabilidade anunciou o sorteio de um Jeep Compass 2017 entre seus funcionários. 

A vencedora foi a auxiliar contábil Larissa Amaral da Silva, que posteriormente perdeu o direito ao carro por, segundo o empresário, não ter cumprido as metas definidas em regulamento.

Entre os critérios exigidos para que o veículo fosse efetivamente transferido estavam a participação em treinamentos internos e a captação de novos clientes para a empresa. 

Após relatar falhas mecânicas no automóvel e reclamar internamente, Larissa foi dispensada da empresa, o que reacendeu críticas públicas à postura do gestor, agora formalmente preso em ação da PF.

Após levar o caso a público e relatar o descaso da empresa, a ex-funcionária recebeu uma proposta de acordo, a qual recusou. 

Na proposta, a empresa pedia que Larissa publicasse uma nota de esclarecimento em suas redes sociais, retratando-se das acusações feitas. Larissa alegou que, com este acordo, apenas a empresa seria beneficiada.