08 de Outubro de 2024 • 09:19
A famosa foto do Rei Pelé ajoelhado e se despedindo do Estádio Urbano Caldeira, a Vila Belmiro / Divulgação/SFC
É impossível ser amante do futebol e do Santos Futebol Clube e não ter em mente a famosa foto do Rei Pelé ajoelhado e se despedindo do Estádio Urbano Caldeira, a Vila Belmiro. Nesta quarta-feira (2), o último momento em campo de Edson Arantes do Nascimento com as cores do Alvinegro Praiano completa 50 anos.
Naquela noite até os deuses do futebol choraram com o adeus oficial do jogador em 1974. O adversário já era conhecido de tantas outras oportunidades: a Ponte Preta, de Campinas.
O placar, este que menos importava pela grandiosidade de Edson, terminou em dois a zero para a equipe mandante. Os gols foram marcados pelo também atacante Cláudio Adão e Geraldo, lateral pontepretano, contra.
A título de curiosidade, a equipe era comandada por Elba de Pádua Lima, o Tim, o mesmo que quase fez com que Pelé jogasse no Bangu ainda com 14 anos de idade. A negociação só não avançou por conta da postura firme de Dona Celeste, que foi totalmente contra a ida do jovem para o Rio de Janeiro.
A alegria de vencer a partida deu lugar ao sentimento de tristeza ainda no primeiro tempo. Aos 20 minutos, 20 258 espectadores assistiram das icônicas arquibancadas uma cena tão eterna como todos os outros capítulos da história do Rei. Sem avisar ninguém, Pelé recebeu a bola no círculo inicial, no meio-campo.
Em forma de agradecimento e bastante emocionado, ele se ajoelhou, abriu os braços e deu seu adeus ao esporte e a sua eterna casa. Logo após, quase que automaticamente, Pelé foi cercado por jornalistas e deu uma volta olímpica no lugar que ele conhecia como poucos.
Companheiro de ataque naquela ocasião e em tantos outros jogos, Jonas Eduardo Américo, o Edu, revelou que a surpresa foi um grande misto de sentimentos.
"Ele avisou que ia parar, mas não sabíamos que seria assim, desse jeito. Foi alegria e tristeza ao mesmo tempo. Alegria por ter encerrado de um jeito tão especial e bem, mas triste por não ter ele mais em campo e principalmente no dia a dia", explicou.
O sentimento de ter partilhado o vestiário com Pelé é a realização de um grande sonho para Manoel Maria.
"Jogar no Santos naquela época, sabendo do poder que o clube tinha, viajar o mundo, algo que eu só consegui por conta dele e dos outros jogadores, foi um grande sonho. Era maravilhoso, ele fazia coisas inacreditáveis".
O momento ficou guardado na memória afetiva e no coração de outros presentes na Vila Belmiro. "Dia 02 de outubro de 1974, jogo entre Santos e Ponte Preta, meu saudoso pai me levou na Vila para ver a despedida do Rei. Eu tinha 8 anos de idade, lembro perfeitamente de alguns detalhes, e o que mais marcou foi o momento que Pelé durante o jogo, no meio campo se abaixou, pegou a bola com as mãos e reverenciou a torcida nos 4 lados do campo. Em seguida deu a volta olímpica com uma grande invasão de campo da imprensa. Foi uma mistura de euforia ao presenciar este momento com tristeza em saber que deixava pela última vez o Santos. Fato interessante, é que ao retornar do jogo ( sem Pelé) lembro que o juiz marcou a falta para a Ponte , pois ele tinha pego a bola com a mão. Detalhes de uma criança atenta, mesmo depois de toda aquela homenagem", relatou Pérsio Nicoletti.
Os 18 anos de serviços prestados ao Santos se confundem com a história do próprio clube. Não é exagero afirmar que ambos são como um só.
Ao todo, Pelé conquistou seis campeonato brasileiros (1961, 1962, 1963, 1964, 1965 e 1968), duas libertadores (1962 e 1963) , dois mundiais de clubes (1962 e 1963), dez campeonatos paulistas (1958, 1960, 1961, 1962, 1964, 1965, 1967, 1968 e 1973), uma Recopa Sul Americana (1968) e uma Recopa Mundial (1969).
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