Conhecida popularmente como 'Mão de Deus', a estrutura registrada pela NASA é considerada uma das descobertas mais fascinantes da astrofísica moderna / NASA/CXC/Stanford/R. Romani/SAO/J. Schmidt
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Uma imagem que parece saída da imaginação humana é, na verdade, resultado de um dos fenômenos mais extremos do cosmos. Conhecida popularmente como 'Mão de Deus', a estrutura registrada pela NASA é considerada uma das descobertas mais fascinantes da astrofísica moderna e impressiona tanto pela aparência quanto pela ciência por trás dela.
Apesar do nome sugestivo, a chamada 'Mão de Deus' não é uma formação sobrenatural, mas sim uma nebulosa de vento de pulsar, oficialmente catalogada como MSH 11-52.
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O fenômeno está localizado a cerca de 17 mil anos-luz da Terra — o equivalente a aproximadamente 161,5 trilhões de quilômetros — e é resultado da explosão de uma estrela massiva.
A estrutura surgiu após uma supernova, evento que marca o colapso final de uma estrela gigante. O que restou foi um pulsar, uma estrela de nêutrons extremamente densa chamada PSR B1509-58, que gira cerca de sete vezes por segundo.
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Esse movimento acelerado faz com que o pulsar emita ventos intensos de partículas altamente energizadas. Ao interagir com campos magnéticos extremamente fortes e com o material ejetado pela explosão estelar, essas partículas produzem um brilho intenso em raios X, formando uma estrutura que lembra uma mão humana com dedos e punho.
Segundo a NASA, o campo magnético desse pulsar é até 15 trilhões de vezes mais forte que o da Terra, tornando-o um dos geradores eletromagnéticos mais poderosos já identificados na galáxia. Estima-se que a nebulosa tenha cerca de 1.700 anos.
Como a NASA captou a imagem
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A “Mão de Deus” foi observada quando cientistas direcionaram o telescópio NuSTAR para estudar os restos da estrela em colapso. Para uma análise mais completa, dados de outros instrumentos foram combinados, incluindo o Observatório de Raios-X Chandra, revelando diferentes energias e detalhes da nebulosa.
A forma humana percebida é explicada por um fenômeno psicológico chamado pareidolia, no qual o cérebro identifica padrões familiares — como rostos ou mãos — em imagens aleatórias, algo comum quando observamos nuvens, rochas ou, neste caso, estruturas cósmicas.
A “Mão de Deus” também pode ser ouvida
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Em uma iniciativa inovadora de inclusão, a NASA foi além das imagens. Em 28 de fevereiro de 2024, a agência transformou os dados da nebulosa em som, por meio do projeto de sonificação, criado para tornar o universo acessível a pessoas cegas ou com baixa visão.
Os dados coletados pelos telescópios foram traduzidos em sons:
Chandra: cordas suaves
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IXPE: sons semelhantes ao vento
Instrumentos terrestres: sintetizadores
'As sonificações adicionam uma nova dimensão às deslumbrantes imagens do espaço, tornando-as acessíveis à comunidade cega ou com baixa visão pela primeira vez', explicou Liz Landau, da equipe de multimídia da Divisão de Astrofísica da NASA.
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Desde 2020, a agência vem investindo nessa técnica para transformar sinais digitais do universo — normalmente convertidos em imagens — em experiências sonoras.
Um espetáculo de ciência e imaginação
Divulgada pela NASA em 2023, a imagem da 'Mão de Deus' rapidamente chamou a atenção do mundo pela sua aparência impressionante. Mais do que um espetáculo visual, o fenômeno é uma demonstração da complexidade, beleza e força dos processos cósmicos.
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Para os cientistas, a nebulosa é um laboratório natural que ajuda a compreender melhor a morte das estrelas, os campos magnéticos extremos e a dinâmica do universo. Para o público, é uma prova de que o cosmos ainda guarda imagens capazes de desafiar a lógica, despertar a imaginação e inspirar fascínio — seja pelos olhos ou pelos ouvidos.