'De Vale da Morte a símbolo da vida': o que Cubatão tem para ensinar na COP 30

Cubatão voltou ao cenário global como protagonista ambiental na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém, e o prefeito César Nascimento celebrou, em entrevista exclusiva ao Diário do Litoral, o significado de levar o município historicamente marcado pela industrialização e poluição ao maior evento climático do planeta.

Neste sábado (15), ele apresentará na Blue Zone o painel "Recuperação ambiental e transição industrial: experiências locais rumo a indústrias sustentáveis", no Pavilhão Brasil.

"Chego aqui com alegria e orgulho. De filho de faxineiros a prefeito de uma cidade que já foi 3% do PIB nacional, representar Cubatão na COP 30 é uma responsabilidade e uma honra enorme", afirmou o prefeito.

Para ele, a presença da cidade no evento é mais do que simbólica: "Mostramos ao mundo que, se em Cubatão deu certo, pode dar certo em qualquer lugar. Uma cidade que já foi chamada de Vale da Morte hoje é símbolo de vida".

Como tem sido a participação de Cubatão na COP 30

Nos primeiros quatro dias de conferência, a comitiva de Cubatão participou de rodadas de conversas com países, instituições internacionais e representantes de governos locais interessados em projetos de urbanização, inovação habitacional e transição energética.

Segundo o prefeito, a COP tem sido decisiva para abrir portas e consolidar parcerias. "Tivemos diversas reuniões com outros países. Viemos buscar recursos, mas também trocar experiências. A COP já rendeu frutos, como a visita da delegação chinesa a Cubatão para conhecer o projeto das Casas Flutuantes".

Confira como foi a entrevista exclusiva com o prefeito César Nascimento, direto da COP 30 em Belém:

No sábado, ele apresentará os projetos que consolidam Cubatão como referência internacional em recuperação ambiental.

"Não represento só Cubatão represento São Paulo e o povo trabalhador do nosso estado. Viemos mostrar que desenvolvimento econômico e preservação caminham juntos".

O prefeito também reforçou que o desenvolvimento sustentável só é possível quando inclui dignidade, emprego e renda. "Quando falamos de meio ambiente, também falamos de pessoas. Se não houver trabalho, essas pessoas vão continuar invadindo áreas de preservação. Por isso estamos investindo na indústria verde, para gerar emprego e proteger nossa gente".

Visita da delegação chinesa

A presença de Cubatão na COP 30 rapidamente gerou efeito prático. Ainda durante o evento, uma comitiva de Shenzhen, uma das cidades mais inovadoras e sustentáveis da China, visitou o município para conhecer de perto o projeto das Casas Flutuantes solução habitacional pensada para áreas alagáveis, adaptada às mudanças climáticas e ao contexto social da Baixada Santista.

Os chineses conheceram o protótipo instalado no Jardim Casqueiro e se impressionaram com a proposta 100% sustentável, construída em aço naval e desenhada para resistir a cheias e variações climáticas.

Wang Dong, Secretário-Geral Executivo do Fórum Internacional de Baixo Carbono de Shenzhen, destacou que "Cubatão já é referência mundial. As Casas Flutuantes podem ir ainda mais longe".

A comitiva também apresentou o conceito das "cidades-esponja", modelo chinês que transforma áreas urbanas em regiões capazes de absorver água da chuva, reduzindo enchentes. A proposta chamou atenção da Prefeitura por ter forte potencial de aplicação na Baixada Santista.

Os chineses encerraram a visita conhecendo o projeto de urbanização da Vila dos Pescadores, que inclui quase 1.400 moradias, infraestrutura completa e equipamentos públicos.

Redução de superpoluentes

Representando o município na programação oficial, a vice-prefeita e secretária de Habitação, Andrea Castro, participou do painel "Redução de superpoluentes" ao lado do governo argentino. Ela apresentou ações concretas de sustentabilidade, urbanização de comunidades e justiça climática.

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Andrea lembrou que Cubatão é reconhecida desde a ECO-92 como símbolo mundial de recuperação ambiental e reforçou o compromisso da atual gestão com resiliência climática, habitação digna e transição ecológica.

"Quando levamos o nome de Cubatão à COP 30, levamos também os desafios e o potencial de toda a Baixada Santista", afirmou.

Durante o dia, a comitiva participou ainda de agendas técnicas no Pavilhão das Cidades com a ONU-Habitat, Casa Civil, Ministério das Cidades e ICLEI, buscando investimentos para habitação, mobilidade e infraestrutura verde.

Transição energética e planos de descarbonização

Na abertura da participação cubatense, o secretário de Meio Ambiente, Segurança Climática e Bem-Estar Animal, Cleiton Jordão, integrou o painel "Governos Locais pelo Clima: Por Uma Transição Energética Inclusiva".

Ele destacou como Cubatão equilibra desenvolvimento industrial com proteção ambiental um desafio histórico para a cidade.

Cleiton apresentou ações recentes, como:

• Parceria com o Centro de Ciência para o Desenvolvimento Cidades Carbono Neutro;
• Urbanização e criação de um Cinturão Verde de quase 3 milhões de m² na Vila Esperança;
• Entrega de moradias do Núcleo Mantiqueira;
• Reconhecimento internacional como Tree City of the World;
• Projetos de amônia renovável, aço verde e BioQAV em indústrias do polo.

"Cubatão está preparada para captar recursos e transformar potencial em realidade. Estamos construindo uma cidade mais limpa, sustentável e justa para todos", disse.

A vez do prefeito na COP 30

Com uma programação intensa, agendas bilaterais e apresentações na Blue e na Green Zone, Cubatão se consolida como referência ambiental brasileira e exemplo global de transição justa.

A participação do município está alinhada a 19 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, da erradicação da pobreza à indústria sustentável, passando por educação, igualdade racial, cultura e preservação da vida terrestre e marinha.

O ponto alto da participação cubatense acontece neste sábado (15), às 17h30, quando o prefeito César Nascimento apresentará oficialmente o painel "Recuperação ambiental e transição industrial: experiências locais rumo a indústrias sustentáveis", no Pavilhão Brasil Blue Zone, auditório Cumaru.

A expectativa é que a cidade fortaleça ainda mais sua presença no cenário internacional e amplie parcerias com países e instituições interessadas em urbanização sustentável, inovação social e economia verde.