Cotidiano

Crise hídrica já atinge quase 24 milhões de pessoas em São Paulo

Sabesp nega racionamento ao alegar 'redução de pressão' noturna, mas cidades do interior decretam emergência e vivem rodízio de abastecimento

Giovanna Camiotto

Publicado em 26/11/2025 às 14:47

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Morador abre a torneira e caem apenas gotas de água / Imagem gerada por IA

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A crise hídrica que assola o Estado de São Paulo já impõe restrições no abastecimento de água a metade da população. O desabastecimento parcial atinge os 39 municípios da Região Metropolitana, onde residem 22,9 milhões de pessoas, e pelo menos 7 cidades do interior, afetando mais 1,2 milhão de habitantes. Apesar de um retorno gradual das chuvas, o volume pluviométrico se mantém abaixo da média histórica, conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

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A Sabesp opera em 37 dos 39 municípios da Grande São Paulo. Embora São Caetano do Sul e Mogi das Cruzes possuam autarquias municipais de distribuição, ambas adquirem água no atacado da Sabesp. Toda a água para abastecimento é oriunda do Sistema Integrado Metropolitano (SIM), que registrava apenas 26,6% do seu volume útil nesta terça-feira (25). O Sistema Cantareira, responsável por 41% do abastecimento, opera com 21,6% do volume.

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O monitoramento diário realizado pela Sabesp indica que, apesar das ocorrências de chuvas recentes, os mananciais continuam oscilando para baixo. O volume de chuvas nas regiões de formação dos reservatórios está entre 40% e 50% abaixo das médias históricas para este ano.

Medidas de Contingência

Em 23 de setembro, quando a SP-Águas reconheceu a situação de escassez de água na Região Metropolitana, evidenciando o desequilíbrio entre oferta e demanda, o Cantareira estava com 31% do volume útil. O atual nível, o pior desde a crise histórica de 2014 e 2015, levou a agência a autorizar medidas de contingência, como a ampliação da redução na pressão da água no período noturno, das 19h às 5h.

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No último domingo (23), a prefeitura de São Caetano do Sul reconheceu que a cidade vive na prática o racionamento de água, alegando a redução no volume fornecido pela Sabesp via Cantareira. A Sabesp, por sua vez, afirma que a redução na pressão, adotada desde 27 de agosto, atinge toda a Região Metropolitana e já gerou uma economia de 41 bilhões de litros dos mananciais.

Para a companhia de abastecimento, essa ação, que fora aplicada no período noturno (de menor consumo), é uma medida "preventiva e temporária", atendendo à deliberação da Arsesp, e não se configura como racionamento.

Falta d'água chega ao interior

A crise se estende a importantes cidades do interior. Em Bauru, embora as chuvas tenham melhorado o nível do Rio Batalha, o racionamento continua, com a cidade dividida em três grupos que recebem água em períodos alternados. Alguns bairros chegam a ficar até 72 horas sem abastecimento.

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A prefeitura de Americana decretou emergência hídrica devido à inconstância no abastecimento causada pela estiagem prolongada e a baixa qualidade da água captada no Rio Piracicaba, embora negue o racionamento.

Já em Salto, a autarquia local fecha periodicamente os 11 reservatórios para recuperação dos níveis, com moradores convivendo com restrições desde setembro. Em Rio Claro, a turbidez excessiva das águas do Rio Corumbataí afetou o abastecimento até esta terça-feira (25). Outras cidades como Birigui, Valinhos e Tambaú também enfrentam restrições.

O mapa de escassez hídrica da SP-Águas indica que nenhuma região do estado está em situação normal. A maioria está em estado de alerta, e ao menos 18 regiões estão em situação crítica. As regiões do Alto Piracicaba, onde fica o Cantareira, Bacias PCJ e a capital já estão em nível crítico de escassez hídrica.

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As previsões climáticas apontam uma chance de 60% para a ocorrência do fenômeno La Niña no trimestre novembro-dezembro-janeiro. Essa tendência costuma reduzir a incidência de chuvas no Sudeste durante o período úmido, reforçando a importância do uso racional da água e do monitoramento contínuo, conforme alertado pelo Consórcio PCJ.

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