04 de Novembro de 2024 • 11:52
Após um ano e meio longe de casa e do convívio familiar, as cinco crianças retiradas da guarda dos pais e entregues, por decisão judicial, para adoção por quatro casais de São Paulo, estão de volta a cidade de Monte Santo, na Bahia. Eles chegaram nesta quarta-feira (19) de manhã ao Aeroporto Internacional Luís Eduardo Magalhães, em Salvador. Dali, seguiram para a cidade natal, a cerca de 350 quilômetros da capital, na região nordeste do estado, onde foram recebidos com festa.
O pai dos meninos, o lavrador Gerôncio Brito de Souza, não escondia a expectativa, enquanto aguardava a chegada dos filhos. Alguns moradores da pacata cidade de 52 mil habitantes também se mobilizaram e ajudaram nos preparativos para ajeitar a casa onde as crianças passarão a viver a partir de agora.
Segundo a prefeitura, ao menos 30 pessoas participaram de um mutirão de limpeza e de coleta de donativos para a família, que ganhou móveis e eletrodomésticos. Faixas e cartazes de boas-vindas foram expostos em várias ruas. Um site chegou a coletar contribuições em dinheiro que deverão ser entregues à mãe das crianças, Silvânia Maria da Mota Silva, nos próximos dias.
As cinco crianças, inclusive uma de 2 meses, foram retiradas da casa dos pais pela polícia entre maio e junho de 2011. Posteriormente, o então juiz de Monte Santo, Vitor Xavier Bizerra, autorizou que elas fossem entregues a quatro casais de São Paulo. A celeridade do processo despertou suspeitas de irregularidades, embora Bizerra garanta que a adoção não foi decidida em tempo recorde e que as autorizou com base em informações oficiais.
Após passarem os últimos 20 dias em uma instituição paulista, na companhia da mãe, os cinco irmãos viajaram de São Paulo para Salvador. Lá, o ouvidor nacional de Direitos Humanos, Bruno Renato Teixeira, o deputado estadual Yulo Oiticica, integrante da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa baiana e membros do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente se juntaram ao grupo.
Durante os dias passados na instituição paulista indicada por um juiz, as crianças e a mãe receberam o acompanhamento de psicólogos e assistentes sociais a fim de reforçar os vínculos familiares. “Foi surpreendentemente a forma como os filhos reconheceram a mãe. O vínculo familiar foi imediatamente restabelecido”, declarou o ouvidor nacional, acrescentando que, juntos, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e o governo estadual garantiram a capacitação das redes de atendimento assistencial municipal e estadual para atender a este e outros casos.
“Acreditamos que, agora, com as redes de atendimento municipal e estadual organizadas e preparadas para acompanhar a família, eles poderão resgatar sua dignidade e viver de forma a garantir os direitos das crianças e o convívio familiar”, afirmou o ouvidor, lembrando que o Ministério Público e a Corregedoria do Tribunal de Justiça da Bahia continuam apurando os fatos.
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