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Cotidiano

Covid-19: leitos em uso começam a preocupar autoridades de saúde da Baixada Santista

Rede privada de Santos já tem mais de 70% de seus leitos ocupados e situação começa a deixar profissionais e moradores aflitos

LG Rodrigues

Publicado em 29/04/2020 às 07:00

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Cidades menores podem começar a ter que utilizar os próprios leitos de UTI para atender pacientes, ao invés de enviá-los a hospitais de referência / Nair Bueno/DL

A crescente ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nas cidades da Baixada Santista tem sido motivo de cada vez mais preocupação para as autoridades da Região. De acordo com o secretário de saúde de Santos, município com o maior número de vagas, mais da metade dos leitos de toda a cidade já se encontram ocupados. Na rede particular, entretanto, os dados começam a causar uma apreensão ainda maior, 74% dos leitos de UTI já estão ocupados, ou seja, praticamente 3/4 do sistema já se encontra em uso e apenas uma, em cada quatro vagas está disponível para atender casos graves do coronavírus.

Segundo Fábio Ferraz, responsável pela pasta da saúde santista, o município possui, até o momento, o maior número de leitos de UTIs dentre todas as nove cidades caiçaras. São 217 vagas separadas entre unidades municipais, estaduais e particulares.

"Incluindo rede municipal e estadual temos 106 leitos hoje em funcionamento. Destes, 79 estão distribuídos na rede municipal e 27 na Estadual, que é basicamente o Hospital Guilherme Álvaro. Na rede pública temos, em total, 106 leitos de UTI para atender pacientes como o coronavírus. Já na rede particular temos 111 leitos, é a maior quantidade dentre as cidades da Baixada Santista".

Até o começo da tarde desta terça-feira (28), Santos possuía 579 casos confirmados da doença, 50 óbitos, além de 321 pacientes com suspeita de ter contraído o coronavírus, os maiores números dentre toda a Baixada Santista. Praia Grande vem na sequência com 326 pacientes infectados e registrando 25 mortes. O município, entretanto, possui o maior número de suspeitas: 513 ao todo.

"Na rede de UTI de Santos, hoje, 55% dos leitos estão ocupados, entre rede pública e privada", afirma Fábio.

Ao se separar as estatísticas entre hospitais e unidades de saúde municipais, estaduais e particulares, porém, fica nítido que o sistema privado pode estar começando a vislumbrar um cenário muito mais perigoso e se aproximando lentamente de números que beiram o colapso.

"Na rede privada já temos uma ocupação de 74%. É um índice bem expressivo de fato e, lamentavelmente, algumas unidades privadas já estão chegando no seu limite máximo. A cidade, em um todo, tem 55% de ocupação, particular em 74% e no público em 37%".

Mongaguá possui 24 e outros seis leitos estão reservados para o acolhimento de pacientes com suspeita de Covid-19. Nenhum deles está ocupado. Itanhaém possui 50 leitos, sendo que seis atenderão pacientes com coronavírus, mas não informou quantos estão em uso. O Hospital Municipal de Cubatão mantém 10 leitos de UTI para adultos e outros 10 leitos de UTI criados especificamente para Covid-19, aguardando a habilitação do Ministério da Saúde. Dos dez disponíveis atualmente, nove já estão ocupados. Peruíbe conta com quatro leitos de UTI, sendo um para paciente de coronavírus e apenas um outro está ocupado por um paciente sem a doença. Bertioga possui dez leitos de UTI no Hospital Municipal e nenhum está ocupado, o contrário de São Vicente, que possui dez UTIs gerais e 100% de ocupação. Já Guarujá informa que os dados não são fixos mas a taxa de ocupação de leitos UTI para pacientes críticos SUS é de 65%. Já na rede privada é de 52%. O município dispõe de uma estrutura de 192 leitos para Covid na rede municipal. Devido à alta demanda no setor da saúde, Praia Grande não pôde informar seus dados até o fechamento.

"As referências são de fato Guilherme Álvaro e Emílio Ribas. É interessante termos uma leitura do número absoluto de alguns municípios, porque algumas cidades podem dizer que têm 50% da rede livre, mas a rede em si são 10 leitos, ou seja, há cinco livres. Infelizmente, aqui na cidade, nós tivemos há cerca de cinco ou dez dias uma situação muito triste numa dessas casas de repouso onde lamentavelmente tivemos sete óbitos dentro dessa casa de repouso. Nós perdemos sete velhinhos em uma situação muito triste porque houve uma iminência de circulação do vírus. Agora vamos dizer que um município tenha uma situação dessas, ele vai passar a precisar ter cinco ou mais leitos num único dia, vai lotar em 24 horas. Nós precisamos refletir porque às vezes uma porcentagem pode transmitir uma falsa sensação de tranquilidade".

Ao ser questionado sobre um cenário hipotético em que Santos e Guarujá, referências no tratamento, não consigam mais receber pacientes devido a uma superlotação do sistema de saúde, o secretário confirmou que, teoricamente, os municípios menores teriam que começar a utilizar suas próprias UTIs para atender seus moradores em estado mais grave.

"Essa é uma situação, uma realidade, que não gostaríamos de aceitar. Essa é a preocupação. Claro que os leitos do Guilherme Álvaro são muitos bons, é uma unidade muito boa para tratar casos que necessitem de apoio de equipes epidemiológicas, mas nós, sinceramente, temos uma rede pensada para atender os santistas no que se trata de UTIs.".

Mas ele reforçou que a cidade seguirá atendendo pessoas de qualquer outro município.

"Hoje, desse total de leitos, a gente percebe que 40% deles está sendo utilizada por pessoas de outras cidades. É claro que Santos vai continuar atendendo porque as pessoas precisam ser atendidas, não vamos, de maneira nenhuma, 'indisponibilizar' qualquer tipo de socorro, mas é sim, importante uma estruturação em nível regional para atender melhor a Baixada Santista".

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