Proprietária do Moana House Salon, Carolina só trabalha com produtos que não são testados em animais e levanta a bandeira do fortalecimento da beleza natural de cada mulher / Matheus Tagé/DL
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Carolina Oliveira, de 28 anos, é mais uma moça que, no passado, não se sentia a vontade quando era dia de ir ao salão de beleza. ‘Mais uma’ porque, não são poucos os relatos de mulheres que não se viam representadas nos tratamentos capilares oferecidos até então. A moda da escova progressiva, alisamentos e relaxamentos transformou quase que em obrigação, o uso dos fios lisos.
“Usava cabelo escovado. Tinha vergonha de usar ele cacheado porque parecia que eu não penteava”, afirma Carolina.
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Ex-técnica de planejamento de obras, atualmente ela é a proprietária do Moana House Salon, o primeiro salão Cruelty free da Baixada Santista. Em português, o termo significa “livre de crueldade” e é aplicado em produtos que não foram testados em animais. Além disso, “O espaço tem como lema o ser natural, ou seja, cuidar da beleza que a pessoa já tem e não a que é imposta todos os dias pelos meios sociais. Não apelamos para aquele argumento do corte radical, mas sim ressaltar o que já existe”, detalha Carolina.
A proposta parece ter acalentado quem, assim como ela, não se sentia representada pelo atendimento dos salões tradicionais, já que a segunda unidade do estabelecimento abriu as portas há um mês, agora em São Vicente.
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Durante a entrevista, ela explica que desde os 15 anos gostava de trabalhar com cabelos, mas a atividade era apenas um hobby. Quando a profissão de técnica de planejamento começou a decair devido à crise, Carolina viu a oportunidade de empreender no que realmente gostava.
O salão tem dois anos. Segundo ela, na época, a busca por fornecedores de cosméticos naturais foi difícil. A volta dos cabelos ao natural ainda ganhava força e a divulgação de imagens de testes feitos em animais ajudou a dar impulso a novas formas de produzir os produtos.
Com cada vez mais mulheres deixando de lado os tratamentos que alisam os fios e um processo de conscientização do consumidor contra atitudes e comportamentos que não são sustentáveis, o mercado de cosméticos e métodos naturais ganhou e continua ganhando cada vez mais espaço.
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“É preciso mudar o modo de ver as coisas e de consumir, não precisamos de tanto. Por exemplo, a diferença da queratina vegetal e da queratina animal que dizem existir é só fachada, as duas dão certo. Só que a indústria cosmética informa que os produtos de origem animal são mais potentes, duram mais, o que não é verdade. Vale lembrar que os produtos com fórmulas mais amenas são regularizados pela Anvisa”, explica Carolina.
Low Poo
Um dos métodos usados por quem opta pelos cosméticos naturais é o low poo. Nele, os shampoos e condicionadores não possuem em sua fórmula o sulfato, substâncias derivadas do petróleo e fazem menos espuma. A técnica é importada e começou a ganhar fama nas cacheadas, mas de acordo com Carolina, pode ser usada em qualquer tipo de cabelo. Mais natural esse tipo de produto agride menos o couro cabeludo e o meio ambiente ao ser descartado pelo ralo.
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As maquiagens e os esmaltes usados no salão também seguem a linha do consumo sustentável e são conhecidos como 5free, ou seja, livres de substâncias químicas que não fazem bem ao corpo.
Tendência
De acordo com a Associação Brasileira de Cosmetologia, o “consumo verde” é uma tendência mundial que vem acompanhando a busca de uma parcela da sociedade que já despertou para os problemas físicos e ambientais gerados pelo modo de consumo atual e força a indústria a repensar os métodos de produção.
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Produção Caseira
Marcela Oliveira, 28 anos, também decidiu mudar a forma de se relacionar com os cosméticos desde o início deste ano. “Estava cansada de comprar hidratantes e desodorantes feitos por grandes empresas cosméticas. Além de agredirem o meio ambiente, agridem nosso corpo. Os desodorantes, por exemplo, possuem sais de alumínio, que segundo pesquisas irritam a pele, podem causar infecções e até ser uma das causas para o câncer de mama. Os estudos ainda não foram concluídos, mas prefiro me precaver com desodorantes naturais que controlam o odor das axilas, sem interferir na respiração”, justifica Marcela.
Pela dificuldade de achar produtos naturais, ela passou a fabricá-los em casa. Hoje produz de hidratantes labiais a tônicos para pele seca.
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“Cada produto tem um processo de produção diferente. Em maioria substituo alguns ingredientes. Por exemplo, a cera de abelha é substituída pela de carnaúba, derretida em banho maria, assim como a manteiga de karité e de cacau. O óleo essencial só pode ser colocado no final, quando a mistura estiver fria, para não perder suas propriedades”, detalha.
Com o aumento dos pedidos, ela criou a marca Voz da Natureza e garante que o consumo natural, tanto na alimentação quanto nos cosméticos, é cada vez mais aceita.
“Não é apenas o meio ambiente ou os animais que agradecem o consumo sustentável e saudável, mas nossa saúde também”, declara.
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