Cotidiano
Primeiro reajuste pós-privatização corrige apenas inflação e é 15% menor do que o projetado no contrato; fundo criado na desestatização ajudou a evitar aumento real
Esse é o primeiro aumento desde a privatização da companhia, concluída em 2024 / ImageFX
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A Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) confirmou nesta segunda-feira (1º) que as tarifas de água e esgoto da Sabesp terão reajuste médio de 6,11% a partir de janeiro de 2026.
O porcentual corresponde exclusivamente à correção pela inflação acumulada nos últimos 16 meses, de junho de 2024 a outubro de 2025.
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Esse é o primeiro aumento desde a privatização da companhia, concluída em 2024, e ficou 15% abaixo do previsto no contrato de desestatização, segundo o governo do Estado.
Com o reajuste, uma tarifa residencial para consumidores entre 11 m³ e 20 m³, por exemplo, passa de R$ 6,01 para R$ 6,40 por m³, um acréscimo de R$ 0,39. De acordo com a Arsesp, não haverá aumento real para o consumidor apenas reposição inflacionária.
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O diretor-presidente da agência, Daniel Antonio Narzetti, afirma que o cálculo segue 'rigorosamente o que está previsto no novo contrato de concessão' e que o uso de ferramentas financeiras criadas na privatização permitiu aliviar o impacto para a população.
O Fundo de Apoio à Universalização do Saneamento (Fausp) será responsável por amortecer parte do reajuste. Para o ciclo de 2026, o fundo deve aportar R$ 6 milhões, cobrindo a diferença entre:
tarifa de aplicação cobrada do consumidor
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tarifa de equilíbrio que remunera a Sabesp (R$ 6,7673/m³)
O Fausp recebe recursos provenientes de 30% do valor da desestatização, além dos dividendos que a Sabesp paga ao Estado, que manteve 18,3% das ações.
Segundo cálculos do governo, sem a privatização o reajuste tarifário seria próximo de 8%.
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Outro ponto destacado pela Arsesp é o novo modelo regulatório. Antes, a tarifa era calculada com base no que a Sabesp projetava investir. Agora, só entram no cálculo investimentos efetivamente realizados.
Desde julho de 2024, a empresa já investiu cerca de R$ 15 bilhões em obras de ampliação e modernização do saneamento sendo R$ 10,4 bilhões apenas entre janeiro e setembro de 2025, um salto de 151% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A privatização prevê um pacote total de R$ 70 bilhões em investimentos, suficiente para antecipar a universalização do saneamento para 2029 quatro anos antes do prazo estabelecido pelo Novo Marco Legal.
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Até outubro, a Sabesp informou:
616 mil domicílios receberam abastecimento de água
733,8 mil foram conectados à rede de esgoto
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948,9 mil passaram a ter esgoto tratado
A antecipação da universalização deve evitar o lançamento inadequado de 3,8 bilhões de litros de esgoto, o equivalente a 1,5 milhão de piscinas olímpicas.
O edital da concessão foi recalculado após mais de 280 contribuições recebidas em audiências públicas, o que resultou em um modelo considerado mais equilibrado e transparente pela Arsesp. A agência afirma que o foco segue sendo segurança, qualidade e tarifas sustentáveis.
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A nova tarifa entra em vigor em janeiro de 2026 para todos os municípios atendidos pela companhia.