Cotidiano

Construção mais aguardada do país ergue viadutos colossais e prepara nova era na ligação RioSP

A obra será um redesenho completo da serra, que incluirá oito faixas de rolamento, 24 viadutos, duas rampas de escape e investimento de R$ 1,5 bilhão

Ana Clara Durazzo

Publicado em 08/12/2025 às 12:13

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Em um trecho de apenas 16 quilômetros, está em curso uma das obras rodoviárias mais complexas e aguardadas do Brasil / Divulgação/CCR RioSP

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A poucos quilômetros entre Piraí e Paracambi, no sul do Rio de Janeiro, a Serra das Araras vive a maior transformação de sua história desde a criação da Via Dutra. Em um trecho de apenas 16 quilômetros, está em curso uma das obras rodoviárias mais complexas e aguardadas do Brasil, um redesenho completo da serra, que incluirá oito faixas de rolamento, 24 viadutos, duas rampas de escape e investimento de R$ 1,5 bilhão.

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Com cortes de rocha, terraplenagem pesada, dezenas de frentes de trabalho e a Dutra operando em pleno fluxo — cerca de 390 mil veículos por mês, 36% deles caminhões — o projeto se tornou o novo epicentro da engenharia de infraestrutura nacional.

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O gargalo histórico no eixo Rio–São Paulo

A Serra das Araras funciona, há décadas, como um funil na ligação entre as regiões metropolitanas do Rio e de São Paulo. O trecho entre o km 225 e o km 233 exige que a rodovia vença um desnível de quase 400 metros em minutos, enfrentando curvas fechadas e declives acentuados.

O traçado atual, criado em 1928, já não comporta o volume moderno de tráfego. Em 2024, houve média de 22 acidentes mensais na serra. Em 2025, apenas no primeiro semestre, a Polícia Rodoviária Federal registrou 34 acidentes e sete tombamentos.

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O novo projeto busca encerrar esse histórico de insegurança.

Como será a nova Serra das Araras

A reconstrução do trecho — obra âncora da nova concessão da Dutra, administrada pela RioSP — prevê uma serra completamente modernizada:

Estrutura prevista

8 faixas de rolamento (4 por sentido)

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24 viadutos, somando 4,5 km

2 rampas de escape para caminhões

93 estruturas de contenção

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3 passarelas e 8 pontos de ônibus

Via marginal no sentido São Paulo

Pista de subida totalmente nova (a atual será a nova pista de descida)

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Cada sentido terá traçado independente, mais fluido e seguro.

Engenharia de grande porte: cortes de rocha, terraplenagem e contenção

A obra envolve processos de alta complexidade:

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Desmontes de rocha e terraplenagem

Serão retirados 600 mil m³ de rocha

Todo o material é reaproveitado em aterros e bases

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Cada detonação demanda bloqueios temporários e coordenação entre PRF e concessionária

Estabilização das encostas

Quase 70 mil m² protegidos com gabiões, solo grampeado, muros estruturais e cortinas atirantadas

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Estruturas fundamentais para evitar deslizamentos em uma região de chuva intensa

Viadutos monumentais

129 mil m³ de concreto utilizados

16,5 milhões de quilos de aço, o equivalente ao peso de milhares de carros populares, transformados em pilares e vigas

Sustentabilidade, drenagem e tecnologia de ponta

A nova serra soma soluções ambientais inéditas no trecho:

Passagens de fauna

Asfalto borracha e reciclado

Reaproveitamento de rochas

Programas de compensação de vegetação

Dada a geografia acidentada, a drenagem é uma das partes mais críticas do projeto, com bueiros celulares, sarjetas profundas, caixas de contenção de cargas perigosas e canais para evitar erosões.

A parte tecnológica inclui:

Iluminação LED em 100% do trecho

Câmeras com detecção automática de incidentes

Painéis eletrônicos de mensagem variável

Integração com o centro de controle da RioSP

Cronograma e marcos da obra

Início: abril de 2024

Avanço em abril de 2025: 25%

Primeiro grande marco: liberação do primeiro viaduto em maio de 2025

Previsão de entrega: pista de subida em 2028 e pista de descida em 2029

Possível antecipação: concessionária indica entrega total até 2027

O canteiro funciona em dois turnos, com dezenas de frentes simultâneas, ao lado do tráfego pesado que transporta parte importante do PIB brasileiro.

Impacto na economia, segurança e mobilidade

Quando concluída, a nova Serra das Araras deve gerar ganhos de fluidez inéditos:

Velocidade máxima passará de 40 km/h para 80 km/h

Tempo de subida pode cair 25%

Tempo de descida pode cair 50%

Esses avanços beneficiam diretamente:

Distribuição de cargas nacionais

Indústria e agronegócio

Comércio e serviços

Moradores da Baixada Fluminense, Sul Fluminense e municípios paulistas conectados pela Dutra

A expectativa é que o novo traçado reduza dramaticamente acidentes e tombamentos, encerrando uma longa fase de insegurança na serra.

A obra na Serra das Araras se consolida como um divisor de águas na história da Dutra — uma reengenharia completa da maior ligação rodoviária do Brasil. Com viadutos monumentais, tecnologia de ponta e soluções ambientais avançadas, o projeto promete redefinir a mobilidade entre São Paulo e Rio de Janeiro na próxima década.

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