Cotidiano
A obra será um redesenho completo da serra, que incluirá oito faixas de rolamento, 24 viadutos, duas rampas de escape e investimento de R$ 1,5 bilhão
Em um trecho de apenas 16 quilômetros, está em curso uma das obras rodoviárias mais complexas e aguardadas do Brasil / Divulgação/CCR RioSP
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A poucos quilômetros entre Piraí e Paracambi, no sul do Rio de Janeiro, a Serra das Araras vive a maior transformação de sua história desde a criação da Via Dutra. Em um trecho de apenas 16 quilômetros, está em curso uma das obras rodoviárias mais complexas e aguardadas do Brasil, um redesenho completo da serra, que incluirá oito faixas de rolamento, 24 viadutos, duas rampas de escape e investimento de R$ 1,5 bilhão.
Com cortes de rocha, terraplenagem pesada, dezenas de frentes de trabalho e a Dutra operando em pleno fluxo — cerca de 390 mil veículos por mês, 36% deles caminhões — o projeto se tornou o novo epicentro da engenharia de infraestrutura nacional.
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A Serra das Araras funciona, há décadas, como um funil na ligação entre as regiões metropolitanas do Rio e de São Paulo. O trecho entre o km 225 e o km 233 exige que a rodovia vença um desnível de quase 400 metros em minutos, enfrentando curvas fechadas e declives acentuados.
O traçado atual, criado em 1928, já não comporta o volume moderno de tráfego. Em 2024, houve média de 22 acidentes mensais na serra. Em 2025, apenas no primeiro semestre, a Polícia Rodoviária Federal registrou 34 acidentes e sete tombamentos.
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O novo projeto busca encerrar esse histórico de insegurança.
A reconstrução do trecho — obra âncora da nova concessão da Dutra, administrada pela RioSP — prevê uma serra completamente modernizada:
8 faixas de rolamento (4 por sentido)
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24 viadutos, somando 4,5 km
2 rampas de escape para caminhões
93 estruturas de contenção
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3 passarelas e 8 pontos de ônibus
Via marginal no sentido São Paulo
Pista de subida totalmente nova (a atual será a nova pista de descida)
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Cada sentido terá traçado independente, mais fluido e seguro.
Engenharia de grande porte: cortes de rocha, terraplenagem e contenção
A obra envolve processos de alta complexidade:
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Desmontes de rocha e terraplenagem
Serão retirados 600 mil m³ de rocha
Todo o material é reaproveitado em aterros e bases
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Cada detonação demanda bloqueios temporários e coordenação entre PRF e concessionária
Estabilização das encostas
Quase 70 mil m² protegidos com gabiões, solo grampeado, muros estruturais e cortinas atirantadas
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Estruturas fundamentais para evitar deslizamentos em uma região de chuva intensa
Viadutos monumentais
129 mil m³ de concreto utilizados
16,5 milhões de quilos de aço, o equivalente ao peso de milhares de carros populares, transformados em pilares e vigas
A nova serra soma soluções ambientais inéditas no trecho:
Passagens de fauna
Asfalto borracha e reciclado
Reaproveitamento de rochas
Programas de compensação de vegetação
Dada a geografia acidentada, a drenagem é uma das partes mais críticas do projeto, com bueiros celulares, sarjetas profundas, caixas de contenção de cargas perigosas e canais para evitar erosões.
Iluminação LED em 100% do trecho
Câmeras com detecção automática de incidentes
Painéis eletrônicos de mensagem variável
Integração com o centro de controle da RioSP
Início: abril de 2024
Avanço em abril de 2025: 25%
Primeiro grande marco: liberação do primeiro viaduto em maio de 2025
Previsão de entrega: pista de subida em 2028 e pista de descida em 2029
Possível antecipação: concessionária indica entrega total até 2027
O canteiro funciona em dois turnos, com dezenas de frentes simultâneas, ao lado do tráfego pesado que transporta parte importante do PIB brasileiro.
Quando concluída, a nova Serra das Araras deve gerar ganhos de fluidez inéditos:
Velocidade máxima passará de 40 km/h para 80 km/h
Tempo de subida pode cair 25%
Tempo de descida pode cair 50%
Esses avanços beneficiam diretamente:
Distribuição de cargas nacionais
Indústria e agronegócio
Comércio e serviços
Moradores da Baixada Fluminense, Sul Fluminense e municípios paulistas conectados pela Dutra
A expectativa é que o novo traçado reduza dramaticamente acidentes e tombamentos, encerrando uma longa fase de insegurança na serra.
A obra na Serra das Araras se consolida como um divisor de águas na história da Dutra — uma reengenharia completa da maior ligação rodoviária do Brasil. Com viadutos monumentais, tecnologia de ponta e soluções ambientais avançadas, o projeto promete redefinir a mobilidade entre São Paulo e Rio de Janeiro na próxima década.