Cotidiano

Consórcio seria a melhor opção para compra da casa própria

O professor do Ibrafin, Anísio Castelo Branco, afirma que nenhum financiamento adotado no Brasil favorece o mutuário, embora ofereçam algumas vantagens. Entretanto, o especialista explica que nos consórcios os imóveis tendem a custar menos do que nos fina

Publicado em 05/05/2011 às 16:44

Compartilhe:

Hoje a classe C responde por mais da metade dos brasileiros e, segundo analistas de mercado, é a faixa que tem puxado a economia no país. O cenário atual do Brasil com mais gente empregada formalmente, aumento da escolaridade e trabalhadores com ganhos salariais acima da inflação do período, fizeram crescer os olhos de segmentos diversos.

Entre esses mercados está o imobiliário. O momento parece aproximar o consumidor da classe média de realizar o sonho da casa própria. Mas, qual será o caminho mais curto e menos custoso para adquirir um imóvel? Para quem não pode comprar um imóvel à vista, as opções são financiamentos, consórcios ou fazer uma poupança. Entretanto, é preciso avaliar bem os planos de financiamento e de consórcio e a urgência para aquisição da casa própria antes de fechar contrato.

Segundo o professor do Instituto Brasileiro de Finanças, Perícias e Cálculos (Ibrafin), Anísio Castelo Branco, que também é perito do Ministério Público do Estado de São Paulo, o consórcio seria a melhor opção para aquisição de um imóvel, em termos financeiros na comparação com as formas de financiamento praticadas pelos bancos.

Porém, há dois fatores que precisam ser observados no consórcio: a taxa de administração cobrada pela empresa operadora do consórcio e o tempo para aquisição do bem. No consórcio, o mutuário pode adquirir os recursos para comprar o bem em meses ou anos, dependendo de quando for sorteado.

Castelo Branco explica que no consórcio o imóvel custará menos do que num financiamento, porque não incidirão juros na prestação, apenas correção monetária pela inflação do período e a taxa de administração. No consórcio, o valor da prestação muda mês a mês conforme o preço de mercado do imóvel. Neste caso, o que encarece a prestação é a taxa de administração do contrato, que em alguns casos, pode ser equivalente aos juros bancários. O consórcio é interessante quando a taxa de administração é inferior aos juros cobrados pelos bancos em um financiamento de imóvel. O professor Castelo Branco afirma que é preciso estar atento a isso.

Quanto aos financiamentos, o professor Castelo Branco aponta as duas principais tabelas que são utilizadas no mercado para crédito imobiliário. São elas, a Tabela Price e a Tabela SAC. Entretanto, sobre todas as formas de financiamento incidem juros, correção monetária (reposição da inflação), seguros (MIP e DFI) e taxa de administração de contrato.

O MIP é o seguro por morte e invalidez e o DFI é o seguro por danos físicos e estruturais do imóvel. Castelo Branco explica que o MIP é calculado sobre o valor da dívida do mutuário e o DFI, sobre o valor de mercado do imóvel. O seguro encarece a prestação do imóvel no financiamento em 15%.

Tabela Price e Tabela SAC

O financiamento pela Tabela Price consiste em prestações fixas calculadas em juros sobre juros. A Tabela SAC (Sistema de Amortização Constante) estabelece prestações decrescentes com juros compostos. As primeiras parcelas são maiores do que as últimas. Mas, considerando a incidência de juros e a correção monetária pelo prazo de financiamento, o mutuário pagará o mesmo preço no imóvel, nos dois métodos.

Mas, o professor Castelo Branco afirma que, caso o mutuário queira quitar o saldo devedor, após iniciado o pagamento das prestações, o desconto na quitação do imóvel será maior no contrato firmado pela tabela SAC. Entretanto, o professor afirma que a maioria dos mutuário prefere assinar o contrato pela Tabela Price, por causa das prestações fixas.

Sistemas financeiros

No Brasil há pelo menos três sistemas financeiros imobiliários. O Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que oferta carta de crédito para imóveis populares com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e Poupança, o Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI), capital dos próprios bancos, e o Sistema de Amortização Crescente (SACRE), utilizado somente pela Caixa Econômica Federal (Caixa).

O SFH é utilizado por todos os bancos e Caixa e a taxa de juros é tabelada.Já a taxa de juros aplicada no SFI varia de banco para banco e tende a ser maior do que a taxa do SFH.  

Minha Casa, Minha Vida (PMCMV)

Em 2009 o professor Castelo Branco, que é perito do Ministério Público, emitiu parecer sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), do Governo Federal, fazendo um alerta em benefício dos mutuários. Os artigos 15A e 15B sugerem mais de um método de financiamento, entre eles a Tabela Price, Tabela SAC e Tabela Sacre. Entretanto, conforme a interpretação da lei, o mutuário poderia optar por outros métodos além destes três ofertados como as únicas opções, segundo afirma o professor Castelo Branco.

O professor afirma que o Minha Casa, Minha Vida é vantajoso no sentido de que o Governo Federal subsidia algumas taxas, financiando imóveis a juros mais baixos, porém os benefícios são sentidos apenas nos primeiros meses. “A dor de cabeça vem no futuro, no final do financiamento”, alertou Castelo Branco.

VEJA TAMBÉM

ÚLTIMAS

Diário Mais

O que é a Cloudflare, que pode ter feito o Twitter voltar; entenda

Empresa norte-americana é conhecida por ser uma espécie de "escudo digital"

Diário Mais

Conheça a cidade que fica entre SP e o litoral e é considerada 'refúgio natural'

Inserida nas serras do Mar e do Itatins, o município está em uma região de transição com vegetação de mata tropical úmida de encosta

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software

Newsletter