Conheça o 'Homem do Rabo de Cavalo', lenda urbana que intrigava crianças nos anos 70

Se você cresceu em São Paulo nas décadas de 60, 70 ou 80, provavelmente já ouviu falar do “Homem do Rabo de Cavalo”, personagem que se tornou uma lenda urbana na capital paulista.

Conhecido por andar com um rabo de cavalo pendurado nas costas, calças boca de sino e botas, ele era avistado em bairros da Zona Norte, como Vila Palmeiras e Lapa, e até em cidades próximas como Barueri.

Até hoje, pouco se sabe sobre sua identidade, mas diversas histórias circulam entre os que viveram aquela época. Alguns relatos apontam que ele seria filho de um tenente-coronel do Exército, criado com disciplina rígida.

Castigos severos e a separação de seu cavalo de estimação na adolescência teriam motivado seu comportamento excêntrico, incluindo o uso do rabo de cavalo como forma de protesto.

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Outros dizem que ele se formou em direito, mas preferiu percorrer a cidade vestindo seu visual icônico e se tornando uma figura conhecida dos motoristas de ônibus e frequentadores da Lapa e arredores.

Marco Antônio, que se mudou para a Vila Palmeiras em 1975, conta como conheceu o Homem Cavalo, em um grupo do Facebook chamando "Memórias de Barueri".

“Minha mãe me levava para o trabalho na rua Aurélia, passando pelo Mercadão da Lapa. Em um desses dias, avistei um homem de chapéu, óculos escuros, cinto largo e com um rabo de cavalo pendurado. Fiquei com medo. Minha mãe disse: ‘É o Homem Cavalo, que pega crianças malandras’. Ao contar para os amigos, percebi que todos já tinham ouvido falar dele, cada um com uma versão diferente”, relembra.

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Durante os anos seguintes, Marco encontrou o Homem do Rabo de Cavalo em diversos pontos da cidade, como o Largo do Paissandu e o Mercadão da Lapa. Sempre com o mesmo visual: óculos escuros, chapéu, calças boca de sino, botas e o rabo de cavalo pendurado como se fosse um chicote.

“Nunca o vi montado em um cavalo ou sapateando como diziam em outros relatos. Ele apenas transitava livremente, graças à amizade com os motoristas de ônibus”, completa.

A busca por registros visuais durou décadas. Marco visitou lojas de artigos de couro, jornais antigos e revistas paulistanas, mas nada aparecia. Até que, recentemente, a página "Fotos Antigas De Carapicuíba" publicou uma foto do homem, confirmando sua existência e sua aparência, e encerrando o mistério que se manteve por mais de 40 anos.

Além de assustar crianças e curiosos, o Homem do Rabo de Cavalo também ficou famoso por pequenos atos de gentileza. Moradores contavam que sua mãe pagava dívidas deixadas por ele em bares e restaurantes, mostrando que, por trás do visual excêntrico, havia um lado humano pouco conhecido.

Hoje, o Homem do Rabo de Cavalo é lembrado não apenas como uma figura estranha das ruas de São Paulo, mas como um ícone da cultura urbana, capaz de transformar o cotidiano da cidade em uma lenda viva, que atravessa gerações.