Cotidiano

Conheça o 'breadcrumbing', nova forma de vínculo tóxico que cresce entre jovens

Identificado por psicólogos como uma forma sutil de manipulação afetiva, o breadcrumbing vem se tornando recorrente entre jovens que vivem relacionamentos mediados por telas

Ana Clara Durazzo

Publicado em 28/07/2025 às 09:30

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A prática, apesar de parecer inofensiva, pode causar frustração, ansiedade e até prejuízos à autoestima de quem é alvo do comportamento / Freepik

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Frases como “ele me manda mensagem, mas não quer me ver” ou “começa a conversa, mas some” têm se tornado cada vez mais frequentes entre usuários de aplicativos de relacionamento e redes sociais. Esses relatos traduzem um fenômeno conhecido como breadcrumbing, ou “migalhas emocionais”, um padrão de interação marcado por demonstrações esporádicas de interesse, sem intenção real de envolvimento, que mantém o outro emocionalmente preso.

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Identificado por psicólogos e terapeutas como uma forma sutil de manipulação afetiva, o breadcrumbing vem se tornando recorrente, sobretudo entre jovens que vivem relacionamentos mediados por telas.

A prática, apesar de parecer inofensiva, pode causar frustração, ansiedade e até prejuízos à autoestima de quem é alvo do comportamento.

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Segundo a psicóloga clínica Monica Vermani, trata-se de uma manipulação que pode ou não ser intencional, mas que cria a ilusão de proximidade. “É quando alguém finge envolvimento, mas oferece apenas o suficiente para manter o outro interessado”, explica.

O que caracteriza o breadcrumbing

Originado da palavra inglesa breadcrumb (migalha de pão), o termo remete a pequenas recompensas afetivas, uma mensagem afetuosa, uma curtida em um story ou a visualização de uma publicação, que alimentam a expectativa de conexão, mas que dificilmente evoluem para um vínculo real.

“Uma visualização em stories é como uma televisão ligada. As pessoas vão ver. Isso não significa que há um interesse verdadeiro”, alerta a psicóloga Amanda Fitas. Ela observa que muitos jovens interpretam essas ações como sinais afetivos significativos, o que pode gerar uma relação de dependência emocional.

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O breadcrumbing se manifesta pela inconsistência. A pessoa parece interessada, propõe encontros que nunca se concretizam, alterna mensagens carinhosas com longos períodos de silêncio e evita intimidade ou planos de futuro. Também tende a justificar a falta de compromisso com desculpas vagas, mantendo o outro em um ciclo emocional confuso.

Como identificar e sair do ciclo

Especialistas alertam que, embora o breadcrumbing ocorra com mais frequência em relacionamentos românticos online, ele também pode aparecer em laços familiares e profissionais. Para se proteger, o primeiro passo é reconhecer os sinais:

Iniciativas de contato que não levam a nada concreto;

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Interações ambíguas ou contraditórias;

Sensação constante de dúvida e frustração;

Falta de reciprocidade emocional e compromisso.

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Dicas para evitar a manipulação emocional:

Estabeleça limites claros desde o início da relação;

Comunique-se de forma objetiva e direta, evitando jogos emocionais;

Compartilhe suas experiências com amigos ou com um terapeuta — observadores externos podem perceber sinais que você não vê;

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Evite monitorar compulsivamente a atividade online do outro, como visualizações ou curtidas;

Foque em sua autonomia emocional e bem-estar pessoal;

Reforce sua autoestima e cerque-se de pessoas que valorizam vínculos saudáveis.

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Acima de tudo, é importante entender que gestos vagos de atenção nem sempre são sinal de afeto. Resgatar a clareza emocional e priorizar relações baseadas em respeito e reciprocidade são caminhos essenciais para quebrar o ciclo do breadcrumbing.

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