Cotidiano
Identificado por psicólogos como uma forma sutil de manipulação afetiva, o breadcrumbing vem se tornando recorrente entre jovens que vivem relacionamentos mediados por telas
A prática, apesar de parecer inofensiva, pode causar frustração, ansiedade e até prejuízos à autoestima de quem é alvo do comportamento / Freepik
Continua depois da publicidade
Frases como “ele me manda mensagem, mas não quer me ver” ou “começa a conversa, mas some” têm se tornado cada vez mais frequentes entre usuários de aplicativos de relacionamento e redes sociais. Esses relatos traduzem um fenômeno conhecido como breadcrumbing, ou “migalhas emocionais”, um padrão de interação marcado por demonstrações esporádicas de interesse, sem intenção real de envolvimento, que mantém o outro emocionalmente preso.
Conheça também o 'throning', forma de relacionamento cada vez mais popular entre a geração Z
Continua depois da publicidade
Identificado por psicólogos e terapeutas como uma forma sutil de manipulação afetiva, o breadcrumbing vem se tornando recorrente, sobretudo entre jovens que vivem relacionamentos mediados por telas.
A prática, apesar de parecer inofensiva, pode causar frustração, ansiedade e até prejuízos à autoestima de quem é alvo do comportamento.
Continua depois da publicidade
Segundo a psicóloga clínica Monica Vermani, trata-se de uma manipulação que pode ou não ser intencional, mas que cria a ilusão de proximidade. “É quando alguém finge envolvimento, mas oferece apenas o suficiente para manter o outro interessado”, explica.
Originado da palavra inglesa breadcrumb (migalha de pão), o termo remete a pequenas recompensas afetivas, uma mensagem afetuosa, uma curtida em um story ou a visualização de uma publicação, que alimentam a expectativa de conexão, mas que dificilmente evoluem para um vínculo real.
“Uma visualização em stories é como uma televisão ligada. As pessoas vão ver. Isso não significa que há um interesse verdadeiro”, alerta a psicóloga Amanda Fitas. Ela observa que muitos jovens interpretam essas ações como sinais afetivos significativos, o que pode gerar uma relação de dependência emocional.
Continua depois da publicidade
O breadcrumbing se manifesta pela inconsistência. A pessoa parece interessada, propõe encontros que nunca se concretizam, alterna mensagens carinhosas com longos períodos de silêncio e evita intimidade ou planos de futuro. Também tende a justificar a falta de compromisso com desculpas vagas, mantendo o outro em um ciclo emocional confuso.
Especialistas alertam que, embora o breadcrumbing ocorra com mais frequência em relacionamentos românticos online, ele também pode aparecer em laços familiares e profissionais. Para se proteger, o primeiro passo é reconhecer os sinais:
Iniciativas de contato que não levam a nada concreto;
Continua depois da publicidade
Interações ambíguas ou contraditórias;
Sensação constante de dúvida e frustração;
Falta de reciprocidade emocional e compromisso.
Continua depois da publicidade
Estabeleça limites claros desde o início da relação;
Comunique-se de forma objetiva e direta, evitando jogos emocionais;
Compartilhe suas experiências com amigos ou com um terapeuta — observadores externos podem perceber sinais que você não vê;
Continua depois da publicidade
Evite monitorar compulsivamente a atividade online do outro, como visualizações ou curtidas;
Foque em sua autonomia emocional e bem-estar pessoal;
Reforce sua autoestima e cerque-se de pessoas que valorizam vínculos saudáveis.
Continua depois da publicidade
Acima de tudo, é importante entender que gestos vagos de atenção nem sempre são sinal de afeto. Resgatar a clareza emocional e priorizar relações baseadas em respeito e reciprocidade são caminhos essenciais para quebrar o ciclo do breadcrumbing.