Cotidiano

Conheça cidade mais alta do mundo, onde população não passa dos 35 anos de vida

Com uma população estimada entre 30 mil e 50 mil pessoas, a comunidade retrata com crueza os limites da sobrevivência humana em condições extremas

Ana Clara Durazzo

Publicado em 04/07/2025 às 11:00

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Em La Rinconada, a capacidade de adaptação humana se confronta diariamente com a brutalidade da realidade / Divulgação

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Localizada a 5.100 metros de altitude nos Andes peruanos, La Rinconada é considerada a cidade habitada mais alta do planeta. Com uma população estimada entre 30 mil e 50 mil pessoas, a comunidade surgiu impulsionada pela corrida do ouro e hoje retrata com crueza os limites da sobrevivência humana em condições extremas.

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Ouro em meio ao abandono

Conhecida como o “paraíso do diabo”, La Rinconada enfrenta um cenário de precariedade absoluta. A cidade não conta com infraestrutura básica: não há água encanada, rede de esgoto, coleta de lixo, hospitais nem estradas asfaltadas.

A economia local depende quase exclusivamente da mineração informal, em um sistema chamado cachorreo, no qual os trabalhadores não recebem salário, mas podem ficar com parte do ouro que conseguirem extrair.

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Essa prática, porém, tem um custo elevado. A separação do ouro envolve o uso intensivo de mercúrio, que contamina o solo, o ar e a água. O impacto ambiental é severo, e os efeitos sobre a saúde da população são duradouros e irreversíveis.

Em consequência, a expectativa de vida entre os mineradores varia entre 30 e 35 anos, pouco mais da metade da média nacional do Peru.

O fardo da altitude extrema

Viver a mais de cinco mil metros do nível do mar significa respirar ar com cerca de 50% menos oxigênio. Esse déficit provoca o chamado mal de montanha crônico, cujos sintomas incluem fadiga constante, dores de cabeça, insônia e perda de apetite. Estima-se que até 20% dos habitantes sofram com essas condições.

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Para compensar a falta de oxigênio, o organismo dos moradores produz quantidades elevadas de hemoglobina, muitas vezes superiores a 20 g/dL, e aumenta a massa sanguínea. Embora essa adaptação ajude na sobrevivência, também representa um esforço constante para o sistema cardiovascular, elevando o risco de doenças cardíacas e respiratórias.

Contaminação e violência

A mineração artesanal em La Rinconada não apenas degrada o meio ambiente, como também está associada a frequentes acidentes de trabalho, exploração, violência e conflitos entre facções locais. A exposição contínua ao mercúrio afeta de forma especialmente grave crianças e idosos, contaminando inclusive as fontes de água de origem glacial.

Um retrato de contradições

Apesar das condições adversas, a cidade continua atraindo migrantes em busca de uma chance de enriquecer rapidamente. A promessa de encontrar ouro, embora incerta, é suficiente para convencer milhares a enfrentar os perigos da altitude extrema, da contaminação e da ausência de proteção social.

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Em La Rinconada, a capacidade de adaptação humana se confronta diariamente com a brutalidade da realidade. Crianças participam da mineração, o contrabando é comum e a sobrevivência depende de estratégias que escapam a qualquer regulamentação formal. É uma cidade onde a resistência humana convive com o abandono estrutural, e onde, mesmo diante do risco constante, a esperança persiste.

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