A megateia é uma colonia de duas espécies de aranha diferentes / Imagem: Reprodução Instagram
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Em uma região montanhosa na fronteira entre a Grécia e a Albânia, esconde-se um fenômeno natural impressionante e bizarro: uma caverna escura que abriga uma colônia massiva de aranhas. Este emaranhado de teias cobre uma área gigantesca, superando 100 metros quadrados, e serve de lar para cerca de 111 mil aracnídeos.
Conhecida como Caverna do Enxofre, este refúgio é muito mais do que um simples abrigo para a colônia. É um ecossistema subterrâneo único e extremamente tóxico. O local apresenta escuridão absoluta e um ar carregado com enxofre, oferecendo condições que parecem impedir a vida.
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A descoberta desse fenômeno ocorreu em 2022, quando espeleólogos da Sociedade Espeleológica da República Tcheca exploravam a área e se depararam com essa comunidade incomum de aracnídeos. Surpresos com o que viram, eles imediatamente chamaram biólogos para investigar o fenômeno em detalhes.
A estrutura descomunal da megateia de aranha excede 100 metros quadrados de cobertura, uma área que os pesquisadores compararam a, pelo menos, metade de uma quadra de tênis. O site IFL Science chegou a comentar que a teia seria larga o suficiente para aprisionar uma baleia.
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Os pesquisadores, que publicaram suas descobertas na revista Subterranean Biology, determinaram que a teia começa a cerca de 50 metros da entrada da Caverna do Enxofre. Ela se estende ao longo de uma seção bastante estreita e de teto baixo, completamente imersa em escuridão perpétua.
O pesquisador István Urák, da Universidade Sapientia da Transilvânia, na Romênia, tem liderado diversas expedições para estudar o fenômeno e descreveu sua primeira impressão da cena. Ele relatou ao site Live Science a mistura de gratidão e respeito sentida diante da descoberta.
"Você precisa vivenciar isso para realmente entender a sensação", afirmou.
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Veja algumas imagens do local no vídeo do canal iNews Brasil:
O aspecto mais surpreendente, além do tamanho da teia, é a sua população e sua diversidade. Os pesquisadores estimam que o local abrigue aproximadamente 69 mil exemplares da Tegenaria domestica, uma aranha doméstica clássica na Europa, e mais de 42 mil Prinerigone vagans.
Normalmente, ambas as espécies são comuns fora da caverna e levam vidas solitárias. Por isso, nunca havia sido documentado antes que a Tegenaria domestica e a Prinerigone vagans compartilhassem a mesma estrutura ou vivessem em colônias, sendo um comportamento raríssimo para as duas espécies.
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Os pesquisadores também conseguiram definir o papel de cada espécie dentro da colônia. Eles acreditam que as Tegenaria domestica, que são as aranhas maiores, atuam como as principais construtoras da megateia.
Enquanto isso, as espécies menores parecem ocupar o papel de inquilinas oportunistas nessa vasta estrutura subterrânea, aproveitando a arquitetura desenvolvida pelas construtoras principais para sobreviver.
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O isolamento prolongado nesse ambiente extremo, que impede o intercâmbio genético com populações de superfície, está causando alterações notáveis nas aranhas da caverna. Elas exibem não apenas um comportamento social diferente, mas também variações genéticas.
As aranhas também possuem uma microbiota intestinal menos diversa em comparação com as espécies que habitam a superfície, demonstrando a influência do ambiente na biologia dos aracnídeos. De acordo com os cientistas, o achado ilustra a notável plasticidade fenotípica que algumas espécies mostram em condições tão únicas e isoladas.
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