Até hoje, existem pouco mais de 80 casos documentados no mundo. / Freepik
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Um caso raro registrado na cidade de Haia, na Holanda, chamou a atenção da comunidade médica internacional. Uma mulher de 52 anos, que desde a infância convivia com alucinações visuais, passou a relatar que os rostos das pessoas se transformavam em dragões.
O episódio foi descrito em 2014 pela prestigiada revista científica The Lancet e ajuda a lançar luz sobre uma condição extremamente incomum: a prosopometamorfopsia (PMO).
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De acordo com os médicos responsáveis, a paciente inicialmente reconhecia os rostos de maneira normal. No entanto, após alguns minutos, a imagem se distorcia:
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a pele adquiria aspecto reptiliano;
o nariz se projetava em forma de focinho;
as orelhas se tornavam pontudas;
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os olhos ganhavam cores vibrantes, como verde, vermelho ou azul.
Assustada com o agravamento das visões, a mulher procurou atendimento em uma clínica psiquiátrica, o que possibilitou a análise detalhada do caso.
Exames de imagem revelaram lesões antigas próximas ao núcleo lentiforme, região do cérebro ligada ao processamento visual. Os especialistas acreditam que essas marcas tenham sido causadas por uma falta temporária de oxigênio no parto ou logo após o nascimento.
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A paciente foi diagnosticada com prosopometamorfopsia (PMO), um distúrbio raríssimo que altera a forma como o cérebro interpreta rostos humanos. Até hoje, existem pouco mais de 80 casos documentados no mundo.
A primeira tentativa de tratamento foi feita com ácido valproico, medicamento usado em epilepsia e enxaqueca. Apesar de reduzir parte das visões, o remédio trouxe efeitos colaterais, incluindo alucinações sonoras.
Na sequência, os médicos optaram pela rivastigmina, fármaco indicado em quadros de Alzheimer e Parkinson. O novo tratamento mostrou-se mais eficaz: em três anos, a paciente relatou melhora significativa em sua vida pessoal e profissional, embora ainda experimente as visões de forma mais branda e controlada.
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O caso reforça como distúrbios neurológicos raros podem revelar a complexidade do cérebro humano e desafiar a medicina a buscar alternativas terapêuticas.