Cotidiano
De vendas no ônibus à loja própria, Daniela Cavalcante construiu uma trajetória inspiradora de fé, família e perseverança
Daniela Cavalcante largou a vida como auxiliar administrativa para apostar no sonho do negócio próprio / Nair Bueno/DL
Continua depois da publicidade
No ônibus lotado que ligava seu bairro a Santos, Daniela Cavalcante equilibrava sacolas cheias de doces caseiros. Entre o vai e vem dos passageiros, oferecia brigadeiros e compotas com a mesma delicadeza de quem segura um sonho recém-nascido.
Ninguém poderia imaginar que aquela auxiliar administrativa, acostumada ao ritmo burocrático de um hospital, carregava também a coragem de mudar de vida.
Continua depois da publicidade
Por trás do uniforme e dos relatórios da Casa de Saúde de Santos, havia uma mãe que precisava pagar as contas e, ao mesmo tempo, estar perto dos filhos. A confeitaria entrou em sua vida como um remendo financeiro — mas logo se transformaria em costura definitiva.
Assista a entrevista com a confeiteira, que se emocionou ao falar das suas conquistas:
Continua depois da publicidade
No início, os doces eram preparados na cozinha de casa, em noites que misturavam cheiro de açúcar com o barulho dos deveres escolares dos filhos. Brigadeiros enrolados a muitas mãos, compotas guardadas em potes de vidro e bolos improvisados formavam a rotina da família.
De brigadeiros à rede de confeitarias: jovem transforma doces em negócio de sucesso
Mas quando a pandemia chegou, o sonho da loja física precisou esperar. Foi preciso guardar coragem, contar os centavos e, principalmente, acreditar. “Ainda bem que não abri antes”, lembra Daniela. Quando o tempo da tempestade passou, ela escolheu um ponto perto de casa, para estar ao lado dos filhos e manter o negócio sob o olhar atento de mãe e empreendedora.
Continua depois da publicidade
Se no começo eram apenas ela e as crianças, hoje quase 20 pessoas vivem da confeitaria. A maioria mulheres, que encontram ali não só emprego, mas também parceria. O marido, que antes trabalhava como segurança e tinha uma barbearia, largou tudo para administrar o negócio ao lado dela.
“Os meninos cresceram enrolando brigadeiro. O marido trocou a tesoura pela cozinha. Foi assim, passo a passo, que a confeitaria deixou de ser só minha e virou nossa”, resume Daniela.
Do barco à bike: como nasceu a cerveja exclusiva para atletas do Litoral de SP
Continua depois da publicidade
De bolos de pote a tortas geladas, são mais de 40 itens preparados diariamente. Mas há um campeão de vendas que nasceu da cozinha simples da família e nunca saiu do cardápio: o escondidinho de brownie. É ele que, muitas vezes, conquista os clientes no primeiro pedido e garante o retorno.
A identidade visual também virou marca registrada: o rosa, que nem era sua cor favorita, hoje colore a fachada da loja, o trailer de eventos e até as embalagens. “Onde tem aquele rosa, as pessoas já sabem que é a gente”, brinca.
Veja alguns dos produtos queridinhos da Daniela Cavalcante:
Continua depois da publicidade
Se alguém pergunta o segredo do negócio, Daniela não fala em fórmulas mágicas. A resposta é simples e repetida como um mantra: perseverança. “É 1% todo dia. Dias bons e dias ruins, todo mundo tem. Mas não desistir é o que faz diferença.”
Na sua visão, a confeitaria não tem espaço para rivalidade. Ao contrário: Daniela acredita que o sol nasce para todos. Gosta de trocar experiências com outras confeiteiras e não se incomoda em compartilhar dicas. “Quanto mais doce no mundo, melhor.”
Hoje, Daniela olha para a loja cheia, para os funcionários uniformizados e para os filhos que cresceram dentro dessa história, e entende que o risco valeu a pena. “Não me imagino fazendo outra coisa. A confeitaria é a minha vida. Muitas pessoas dependem desse trabalho — e é isso que me move.”
Continua depois da publicidade
Se fosse um doce, ela brinca, seria uma torta de limão: doce, mas também azeda. Talvez porque sua trajetória misture exatamente isso — o sabor do esforço diário e a doçura de ver um sonho se transformar em realidade.