Como a 'Rainha da Reciclagem' transforma vida de moradores de rua e dependentes químicos

No litoral paulista, o projeto Guerreiros de Deus e Rainha da Reciclagem vem mudando vidas de pessoas que já viveram nas ruas e enfrentaram a dependência química.

A fundadora, Pastora Elinéia Jesus, conhecida como Rainha da Reciclagem, também já passou por essa realidade: ex-traficante, ex-usuária de crack e moradora de rua.

“Eu acredito na libertação e na cura de verdade. Não é ficando preso em uma clínica que a pessoa se transforma. A verdadeira mudança acontece quando a pessoa trabalha, é valorizada e encontra liberdade para reconstruir a própria vida”, explica a Pastora Néia.

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Sérgio Miranda: “Sou pai, avô e cidadão recuperado”

Sérgio, 50 anos, entrou no mundo das drogas aos 38 anos e passou duas décadas em um ciclo de recaídas. Ele conheceu a cooperativa em São Paulo em 2023 e hoje atua na unidade de São Vicente.

“Antes, eu achava que estava no controle, mas estava por baixo de todos. A Rainha da Reciclagem me devolveu dignidade e autoestima. Hoje me vejo como pai, avô e alguém que pode ajudar outras pessoas a se recuperarem”, conta Sérgio, que trabalha na linha de produção, ajudando a reciclar materiais e orientando novos participantes do projeto.

Dionéfico “Barba”: da rua à motoneta de coleta seletiva

Dionéfico, de 37 anos, passou nove anos em situação de rua, vivendo apenas para a droga. Ele conheceu a Pastora Néia através de uma assistente social.

“Ela não olha para o problema, mas para o que a pessoa precisa. Com orientação e proteção divina, aprendi a me reconstruir. Hoje trabalho na coleta seletiva, ajudo o meio ambiente e levo educação ambiental para a população”, relata Dionéfico.

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O projeto começou com ele coletando lixo de bicicleta. Hoje, ele atua com motoneta e planeja expandir para caminhão de coleta. “Deus une pessoas e projetos. Hoje sinto que estou contribuindo com algo maior do que eu mesmo”, acrescenta.

Transformando lixo em ouro, vidas em esperança

A Rainha da Reciclagem não transforma apenas pessoas, mas também materiais: roupas são lavadas e reutilizadas, metais se tornam portões e bijuterias surgem de objetos descartados.

“Se eu pudesse, faria lixo zero. O que para muitos é lixo, para nós é ouro. Mas o mais importante é transformar vidas e dar dignidade a quem foi esquecido”, afirma a Pastora Néia.

A cooperativa atualmente emprega mais de 200 pessoas, entre São Paulo e São Vicente, incluindo moradores de rua, ex-usuários de drogas e mulheres vítimas de violência.

O projeto gera renda, reintegração social e educação ambiental, formando cidadãos conscientes e profissionais capacitados. “Juntos podemos mudar o mundo, começando por uma vida de cada vez”, acredita.

As histórias de Sérgio e Dionéfico mostram que recuperação, sustentabilidade e educação ambiental podem andar juntas. O projeto é prova de que, com amor, disciplina e fé, é possível reciclar vidas assim como se recicla materiais, oferecendo um futuro melhor para pessoas e comunidades.

“Não estou aqui apenas para trabalhar com reciclagem. Estou aqui para dar esperança e oportunidades a quem precisa. Cada vida que muda é uma vitória”, finaliza a Pastora Néia.