Cotidiano

Cometa um milhão de vezes maior que asteroides comuns já tem data para passar perto da Terra

O corpo celeste estará a 270 milhões de quilômetros do planeta, a menor aproximação já registrada até agora, e vem despertando enorme curiosidade na comunidade científica

Ana Clara Durazzo

Publicado em 10/11/2025 às 12:00

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Descoberto em julho de 2025, o 3I/ATLAS chamou atenção desde o início por ser muito mais brilhante e massivo do que outros visitantes cósmicos / NASA/JPL-Caltech

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O cometa 3I/ATLAS, terceiro objeto interestelar confirmado a atravessar o Sistema Solar, deve atingir sua menor distância da Terra no dia 19 de dezembro de 2025, segundo a NASA.

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O corpo celeste estará a 270 milhões de quilômetros do planeta, a menor aproximação já registrada até agora, e vem despertando enorme curiosidade na comunidade científica por suas características inéditas e comportamento incomum.

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Uma visita interestelar histórica

Descoberto em julho de 2025, o 3I/ATLAS chamou atenção desde o início por ser muito mais brilhante e massivo do que outros visitantes cósmicos, como o famoso 1I/ʻOumuamua. Durante sua passagem pelo periélio, ponto mais próximo do Sol, em 30 de outubro, o cometa apresentou um aumento de brilho sete vezes maior que o esperado, exibindo propriedades químicas e físicas consideradas atípicas para esse tipo de corpo.

Entre 2 e 25 de novembro de 2025, a sonda Jupiter Icy Moons Explorer (JUICE), da Agência Espacial Europeia (ESA), realizará um mapeamento detalhado do objeto. Instrumentos de alta precisão tentarão identificar os componentes de sua superfície e a dinâmica de seus jatos gasosos, em colaboração com o Telescópio Espacial Hubble, o James Webb e o Observatório Neil Gehrels Swift, da NASA.

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Sinais de água em outro sistema

As análises mais recentes surpreenderam os cientistas: o Swift identificou a presença de gás hidroxila (OH) — um derivado da decomposição da água — na composição do cometa.

O físico Dennis Bodewits, da Universidade de Auburn (EUA), explicou que o achado é um marco para a astronomia moderna:

'Quando detectamos água, ou até mesmo seu fraco eco ultravioleta, o OH, em um cometa interestelar, estamos lendo uma mensagem enviada de outro sistema planetário.'

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A descoberta sugere que moléculas de água e compostos orgânicos podem se formar e se conservar fora da influência direta do Sol, o que reforça teorias sobre a origem universal dos elementos essenciais à vida.

Pesquisadores da NASA afirmam que a desgaseificação precoce do cometa — causada pelo aquecimento de grãos de gelo mesmo a grandes distâncias do Sol — pode explicar sua atividade incomum.

Hipótese de nave alienígena volta ao debate

Enquanto as agências espaciais avançam nas observações, o renomado astrofísico Avi Loeb, da Universidade de Harvard, reacendeu uma polêmica. Em um artigo recente, ele sugeriu que o tamanho colossal e o comportamento atípico do 3I/ATLAS poderiam ser melhor explicados se o objeto fosse uma nave alienígena.

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Segundo Loeb, o cometa teria massa superior a 50 bilhões de toneladas — pelo menos um milhão de vezes maior que a do 1I/ʻOumuamua. Ele argumenta que os jatos observados poderiam funcionar como propulsores tecnológicos, e não apenas como emissões naturais de gás.

'Se considerarmos que esses jatos são propulsores, a perda de massa necessária seria dezenas de vezes menor do que a esperada num cometa comum — algo que tecnologias avançadas poderiam alcançar facilmente', escreveu Loeb.

O cientista, que lidera o Projeto Galileu em Harvard, alertou ainda para um possível 'evento cisne negro cósmico', caso a origem artificial do objeto se confirmasse.

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Monitoramento global e mistério em aberto

Atualmente, o 3I/ATLAS é monitorado por uma colaboração internacional entre NASA, ESA e a agência espacial chinesa (CNSA). Imagens recentes captadas por telescópios no Japão, mostrando supostas estruturas próximas ao objeto, aumentaram o interesse — e, em alguns círculos, alimentaram teorias da conspiração.

A NASA, no entanto, reafirma que não há qualquer risco de colisão com a Terra. O cometa seguirá sua rota, passando próximo a Marte (a 28 milhões de km) e, em março de 2026, se aproximará de Júpiter, antes de ser lançado novamente ao espaço interestelar.

Uma mensagem de outros mundos

Com uma composição rica em poeira, gelo e compostos orgânicos, o 3I/ATLAS é mais do que uma curiosidade astronômica: ele representa uma janela inédita para o estudo da origem dos sistemas planetários.

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Como resumiu Bodewits, cada molécula detectada no cometa é 'uma mensagem química viajando pelo tempo e pelo espaço' — talvez lembrando à humanidade que o Universo ainda guarda mistérios que desafiam até a mais avançada ciência.

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