Comerciantes reclamam de obra fora de época na Ponta da Praia

A frase “obra certa em época errada” reflete exatamente o pensamento de diversos donos de restaurantes e comércio em geral da Ponta da Praia com relação à obra de construção do pontilhão da Rua Antonio Guenaga com a Avenida Almirante Saldanha da Gama, realizada pela Prefeitura de Santos, com verbas do Governo do Estado.

Iniciada este mês e a com previsão de término em meados de novembro próximo, a obra – orçada em R$ 1.938.529,50 – visa dar mais segurança a motoristas que trafegam pela orla. Porém, a pouco mais de 20 dias da Copa do Mundo no Brasil, a iniciativa vem sendo questionada por conta de seu cronograma.

Um dos mais revoltados é o diretor presidente dos museus do Mar e Marítimo, Luiz Alonso Ferreira, que fez questão de mostrar sua indignação por intermédio de um e-mail encaminhado à redação do Diário do Litoral. “É verdadeiramente inconcebível, numa cidade que se diz turística, fazer o que o setor de Obras da Prefeitura está fazendo junto ao Canal 7, interrompendo o fluxo de veículos de um verdadeiro corredor viário entre a praia e o Porto, fazendo com que pontos turísticos e comerciais sejam prejudicados”, afirma Ferreira, lembrando a Copa.

Segundo conta, desvio vem causando um verdadeiro caos nas ruas adjacentes, além de cavaletes ficarem jogados causando impacto visual ruim. “As indicações turísticas aos equipamentos já são precárias. As secretarias de Obras, Cultura e Turismo deveriam ter o mínimo de respeito àqueles que nos visitarão”, disse o diretor, lembrando ainda do transtorno causado pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), nos finais de semana e feriados, ao impedir o fluxo de veículos do Canal 7 à travessia das balsas.

O dirigente enfatiza: “estamos em período de Copa, em baixa estação e esperando turistas. Isso não se faz nesse período. Poderiam esperar para começar em agosto. Temos tributos municipais a pagar. Tem comerciante furioso. O desvio de trânsito causa transtorno e os turistas se perdem. Obra certa e em época erradíssima”, garante, alertando que a CET também não sabe resolver bem a fila da balsa. “Pelo menos deveriam liberar uma pista das três pistas fechadas”, conclui.

Restaurantes

Proprietário do Restaurante Mar Del Plata, localizado a poucos metros da obra, Renato Alonso Peres afirma que a obra é necessária, porém, em momento errado. “A Prefeitura está fazendo a manutenção da Cidade, mas nossa preocupação é com a Copa, que não tem todo o dia. Nosso bairro já é considerado gastronômico e possui acessos limitados. Os moradores de Santos sabem se virar. O problema são os turistas. Essa obra poderia ser iniciada logo depois da competição. Os turistas costumam usar a balsa para ir para o Guarujá e nosso comércio é muito frequentado. Meu movimento já está menor”, afirma.

Marcos Charles de Oliveira, do Sr Espeto, localizado na Rua Antonio Guenaga, disse ontem que, recentemente, a CET ameaçou isolar todo o estacionamento da rua e só não o fez em função da reclamação dos comerciantes. “Se isso ocorresse, seria fatal. Com essa obra, estamos sendo prejudicados em função do fluxo canalizado. Já estou tendo prejuízo”, disse.

Outro que também reclamou é Maurício dos Santos Morais, do Restaurante Choperia Maurício, vizinho do Sr Espeto. “Todos os comerciantes do entorno estão aguardando a Copa para aumentar o movimento. Se essa obra não havia sido iniciada até pouco tempo atrás, por que não fazer depois da competição?”, finaliza.

Prefeitura

Procurada, a Prefeitura de Santos, por intermédio da Assessoria de Imprensa, informou ontem que a obra no pontilhão do Canal 7 faz parte de um cronograma de reformas de pontilhões iniciado em 2009 e que o conjunto de obras é necessário e elas não podem ser adiadas. “O constante crescimento da frota de veículos torna obrigatória a reconstrução destes equipamentos, que possuem mais de 50 anos e se encontram desgastados por conta do tempo”.

A Secretaria de Infraestrutura e Edificações de Santos teria optado por fazer essa obra fora da temporada de verão, quando o fluxo de veículos em direção à balsa é muito maior. Todos os pontilhões terão nova fundação formada por estruturas de concreto armado e lajes prémoldadas. Ainda será instalada uma capa de concreto por cima das lajes da nova ponte, para, em seguida, ser aplicada a camada de concreto e o consequente asfaltamento no local. Paralelamente, acontecerá a recomposição de muretas, calçadas, e meios fios.

A Secretaria estima que cada pontilhão reconstruído propiciará um aumento na capacidade de carga de 25 para 45 toneladas, oferecendo mais segurança para motoristas e pedestres. A Prefeitura de Santos e a CET solicitam a compreensão da população por conta dos transtornos possivelmente causados. A obra do pontilhão do Canal 7 deve durar três meses.