Vídeos e imagens registram a força das ondas e os estragos causados na região / Nair Bueno/DL
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A forte ressaca que atingiu o litoral de São Paulo nesta terça-feira (29), provocou alagamentos e transtornos em Santos, especialmente nos bairros da Ponta da Praia e Embaré.
O mar avançou sobre a faixa de areia, ultrapassou o calçadão e chegou até as avenidas, invadindo garagens de prédios e atingindo comércios e estruturas turísticas.
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O fenômeno, embora previsto por órgãos de monitoramento como o Núcleo de Pesquisas Hidrodinâmicas da Unisanta (NPH) e a Sala de Situação de Recursos Hídricos da Baixada Santista, chama a atenção pela sua força e frequência cada vez maior.
Embora as ressacas sejam fenômenos naturais, sua intensidade e frequência vêm aumentando nas últimas décadas, impulsionadas por fatores associados às mudanças climáticas globais.
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Quem afirma é o professor do Instituto Oceanográfico da USP, Eduardo Siegle. Ele explica que esse agravamento ocorre por uma combinação perigosa de elementos.
"Oceanos mais quentes fornecem mais energia para as tempestades, potencialmente aumentando a velocidade dos ventos e a altura das ondas de tempestade. Combinado a isso, temos a aceleração da elevação do nível do mar. Isso já é observado ao longo das últimas décadas e projeções futuras indicam essa contínua aceleração também para as próximas décadas", explica Siegle.
Essa elevação do mar potencializa o impacto das ondas, permitindo que elas avancem mais sobre áreas costeiras. Mesmo aumentos modestos no nível da água tornam ressacas comuns mais destrutivas, resultando em inundações, erosão costeira e danos à infraestrutura urbana instalada nas regiões litorâneas.
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A cidade de Santos é um exemplo emblemático da vulnerabilidade das áreas costeiras. Com bairros densamente povoados e infraestrutura urbana muito próxima do mar, os impactos das ressacas são visíveis e recorrentes. Regiões como Ponta da Praia e Embaré vêm sofrendo com alagamentos mesmo em dias de maré alta sem tempestades.
Estudos do próprio NPH-Unisanta apontam que, sem medidas de adaptação urbana e preservação de ecossistemas costeiros, eventos como o registrado nesta semana tendem a se tornar mais graves e frequentes.
A contenção dos impactos passa por ações de mitigação e adaptação. De um lado, é necessário reduzir as emissões de gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global. Por outro, é urgente planejar infraestruturas resilientes, com obras de contenção, revitalização de praias, preservação de manguezais e adoção de políticas de urbanismo adaptado ao novo cenário climático.
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Enquanto isso, a realidade mostra que o mar está batendo à porta das cidades costeiras brasileiras, e Santos está na linha de frente desse desafio.